Gazeta de Muriaé
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Em 17/11/2006 às 11h56

Dia Mundial de combate a Diabete

Dr. Sérgio Mensezes

Médico do HSP e do Unicor fala sobre a doença e suas complicações

  A Diabete tornou-se, hoje, um problema de Saúde Pública: esta afirmativa é reforçada pelo fato de haver no Programa de Saúde da Família (PSF) uma atenção toda especial desenvolvida para esta enfermidade. Outros fatores se somam, como aumento na população da obesidade e do sedentarismo, aliado a uma alimentação inadequada.

  A Diabete é uma doença silenciosa e se não controlada acarreta complicações como derrame e infarto, podendo levar o pacente ao óbito.

  A Gazeta de Muriaé, com o objetivo de esclarecer aos seus leitores, procurou um dos profissionais mais respeitados do município para falar sobre o assunto: o Dr. Sérgio Lívio Menezes Couceiro. Formado na Faculdade de Medicina de Campos, Pós-graduado em Cardiologia pela Universidade Federal Fluminense, Dr. Sérgio possui, também, Pós-graduação em Terapia Intensiva pela AMIB, Associação de Medicina Intensiva Brasileira, título de Especialista em Terapia Intensiva e Cardiologia. Ele coordena a unidade de Pré e Pós-operatório do UNICOR, empresa que presta serviço de cirurgia cardíaca e todos os procedimentos hemodinâmicos no Hospital São Paulo.
  Segundo Dr. Sérgio: "A Diabete vem sempre acompanhada de uma síndrome metabólica que, para nós médicos, é um envolvimento não só de alterações nas glândulas, como ácido úrico, colesterol e triglicerídios elevados, mas, também, são alterações que a própria obesidade acaba por causar, como hipertensão, doenças pulmonares, doenças relacionadas à coluna e principalmente levando à hipertensão e a diabete.

  GM: Quais fatores contribuem para isto?

  Dr. Sergio Menezes: O nosso próprio estilo de vida contribui, pois tudo tem que ser rápido e optamos pelo fast-food. É comum vermos uma família comprando alimentos que são muito saborosos, muito gostosos, que acabam levando, tanto pais quanto filhos, a um quadro de obesidade; esta obesidade acarreta um excesso de açucar o que acaba chegando no nosso foco principal, que é a diabete ou glicose elevada no sangue.

  GM: O que causa a Diabete?

  Dr. Ségio Menezes: O que ocorre é que o diabético precisa, assim com nós que somos saudáveis, de um produção de insulina; então, quando a pessoa ganha muito peso ou tem geneticamente uma pré disposição a produzir pouco desta substância chamada insulina ou, ainda, quando por algum acidente ou por uma cirurgia perde o pâncreas, ela se tranforma em um diabético.

  GM: Com que sinais devemos nos preocupar sobre a Diabete?

  Dr. Sérgio Menezes: Até algum tempo o que nós preocupava era o nível da glicose; hoje, a gente sabe que não é só a glicose elevada, mas as próprias alterações relacionadas ao Diabete nos leva a fatores de risco grave, que seria a glicose elevada; esta glicose, como não alimenta os tecidos, acaba se transformando em um produto prejudicial à saúde e a pessoa acaba sentindo fome e não consegue absorver a energia fornecida pela glicose, porque ela produz uma insulina deficiente.

  GM: O que pode ser feito como prevenção?

  Dr. Sérgio Menezes: Com isto nós sugerimos à população que caminhasse, que perdesse peso, que parasse de fumar e que começasse a acompanhar os seus níveis de colesterol e de glicose.

  GM:  A Diabete tem cura?

  Dr. Ségio Meneses: Sabemos que a Diabete é uma doença que não tem cura; tem, contudo, uma espectativa de melhora de tratamento e a pessoa que tem Diabete, e faz o tratamento, tem uma expectativa de vida normal e uma tendência, se controlada a glicose, ter uma qualidade de vida boa.

  GM: Quanto às complicações que a Diabete pode causar, como que devemos nos preocupar?

  Dr. Sérgio Meneses: Hoje nós contamos no hospital com uma infraestrutura voltada para atender os problemas que a Diabete pode vir a causar no coração. Este problema começa dentro da célula; na verdade não há nenhuma região poupada, mas os órgãos chamados nobres, como coração, cerebro, rins, pulmões e olhos são os principais afetados e dentre estes, o que mais se manifesta na Diabete, é o derrame e o infarto. A arterosclerose, que seria uma obstrução de uma artéria provocada pelo excesso de açucar ou de alimentação gordurosa, e esta pessoa diabética não controlando a glicose, acabaria levando a um processo de obstrução. Quando ocorre no cérebro, é derrame e no coração, infarto; o paciente com Diabete tem uma incidência maior tanto de infarto quanto de derrame e acaba necessitando de procedimentos invasivos para poder tentar reverter o quadro. Hoje, nós contamos com serviços de cirurgia cardíaca no qual fazemos pontes de safena, de artéria mamaria, que é uma artéria que é tirada do músculo peitoral do paciente, não precisando da retirada da safena. Contamos com o atendimento ao infarto, porque até a algum tempo atrás, quando chegava um infartado, a única opção que tínhamos é fazer uma medicação que tentasse dissolver esse coágulo que havia obstruído o coração. Hoje, através do cateterismo, introduzimos um tubinho pela pele do paciente, que chega até o coração, filma qual é a artéria culpada e quanto de obstrução esta artéria tem, depois introduz um balão por dentro deste mesmo tubinho e no local onde está obstruído infla o balão, desobstrui a artéria e a pessoa está salva, com a artéria aberta, que é o que nos importa. Além disto, o hospital conta com serviços de alta complexidade em ortopedia e neurocirurgia, que dão um suporte maior para o nosso serviço poder crescer e acrescentar para a população de Muriaé.

  Dr. Sérgio ressaltou que o Serviço de Hemodinâmica que o Unicor oferece para a população de Muriaé pode contribuir para a solução de enfermidades em diversas áreas: "A embolização de diversos tumores relacionados ao útero e ao aparelho ginecológico, alguns tumores especialmente selecionados, conseguimos, através do cateterismo, simplesmente intupir a artéria que está nutrindo este tumor. Hoje nós conseguimos, através de um trabalho desenvolvido em conjunto com a Fundação Cristiano Varella, no sentido de quando necessário, oferecer mais este serviço para a população de Muriaé. Posteriormente, fica muito mais fácil o tratamento oncológico deste tumor já que ele morreu por não receber sangue".

  Na parte cardiovascular: "Nós podemos oferecer, por exemplo, angioplastia da carótida, procedimento semelhante aos anteriores, que desobstrui a artéria principal que irriga o cérebro. Este procedimento ocorre também na desobstrução da artéria do rim, que provoca doenças renais, causando até mesmo que este paciente evolua para a hemodiálise; conseguimos evitar que este paciente perca o rim com este serviço.

  Na neurocirurgia: "Possuimos a capacidade de realizar a embolização de certos aneurismas do cérebro. Antigamente quando um paciente rompia uma aneurisma, infelizmente, tratávamos de todas as consequências daquele rompimento, mas não tínhamos como obstruir este aneurisma; já com este procedimento de embolização, através de um tipo de dispositivo médico, de um cateter, chegamos até o local do cérebro onde ocorre o sangramento e conseguimos obstruir o aneurisma e impedir ele de sangrar. Num diferencial neurocirúrgico conseguimos, aqui no Unicor, fazer a desobstrução de artérias do cérebro.

  Sobre a prevenção, o médico do Hospital São Paulo e do Unicor falou: "O paciente que sabe que é diabetico, ou que sabe que tem uma tendência ao Diabete na família, que ele cuidasse mais de acompanhar os níveis de colesterol, de trigliceridios, de glicose e procurar observar, tambem, se possui alguns sintomas como muita sede, urina muitas vezes, começou a apresentar feridas que não cicatrizam; estes pacientes devem ficar mais atentos à sua saúde. Para os pacientes que são diabéticos, é fundamental que entenda que ele nasceu com uma doença que não tem cura, mas que tem tratamento, diferença esta que se fizer atividade física regularmente, se alimentar mais com verduras, frutas e legumes, e procurar manter o peso dentro da faixa permitida para a sua altura, procurar seguir a medicação e fazer exames de maneira rotineira, ele vai ter uma qualidade de vida muito boa e viverá todos os anos que Deus previu para ele. Já os pacientes que são diabeticos e recusam a aceitar a doença, eu acho que é importante frizar que, quanto mais rápido aceitar a doença, mais fácil se livrará do peso da doença sobre si. Não poderia deixar de falar que, hoje, aqueles que usam a insulina, num prazo muito curto terão a disposição a insulina em aerosol, que será inalada, e as celulas troncos que representam uma grande esperança e que estão chegando bem próximos de resultados promissores."

Autor: Cícero Gomes

Fonte: Cícero Gomes



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