Na última década, o Governo Federal tem debatido o conceito de mobilidade urbana para construir uma nova definição a respeito do assunto. Mobilidade Urbana hoje, além de ter como foco nas pessoas, vincula-se diretamente à organização territorial e à sustentabilidade das cidades, não somente à locomoção de veículos.
Sendo assim, o conceito de mobilidade urbana se apoia em quatro pilares: (i) integração do planejamento do transporte com o planejamento do uso do solo; (ii) melhoria do transporte público de passageiros; (iii) estímulo ao transporte não motorizado; e (iv) uso racional do automóvel. Estudos sobre o tema apontam diversas dificuldades de locomoção enfrentadas na maioria das cidades brasileiras.
O adequado planejamento urbano e de transportes, é de competência dos municípios, neste sentido a prefeitura de Muriaé contratou uma empresa de São Paulo (TCurbes) que dá andamento à elaboração do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Muriaé. Após um diagnóstico com pesquisa realizado no início deste ano a TCurbes propôs a realização de uma audiência pública que aconteceu nesta segunda feira no Teatro Gregório de Mattos. A reunião contou com participação da Dra. Myrian Fachine, Secretária de Obras e Urbanismo da cidade, funcionários da prefeitura, estagiários e representantes da população.
Rafael Marques, arquiteto da TCurbes responsável por convocar a audiência pública disse que estas atividades que acontecem nesta fase de elaboração do plano diretor de mobilidade urbana fazem parte das políticas nacionais como um todo que prevê maior participação dos cidadãos nas decisões das prefeituras a respeito da mobilidade urbana. Segundo ele a função desta audiência é apresentar os resultados principais do diagnóstico que já foi realizado e entregue, no intuito de aproximar a população da atual situação dos trabalhos.
Foram executadas vistorias para instalação de novos semáforos, condições de ciclistas, transporte público, travessia de pedestres e outros, que estão contempladas no diagnóstico inicial apresentado.
Rafael Marques concluiu: "Viemos trazer alguns resultados e já apontar algumas ações que entendemos serem necessárias a curto prazo ao município. A consulta pública é para que possamos perceber se estas ações estão de acordo com as expectativas e necessidades de todos. Estão previstas outras etapas de consultas e contamos novamente com a participação popular."
O Plano de Mobilidade Urbana de Muriaé, que é uma exigência do Governo Federal, e sua elaboração está em andamento com previsão de que esteja pronto até o final do ano.
A Dra. Myrian Fachine, Secretária de Obras e Urbanismo da prefeitura está à frente do Plano de Mobilidade Urbana, à nossa reportagem ela disse que: "A reunião desta segunda feira (04/05) foi proposta para se trabalhar com oficinas na área de: pedestres; movimento coletivo (ônibus); bicicletas e; automóveis individuais. A partir do diagnóstico apresentado e os instrumentos oferecidos pela TCurbes, serão discutidos os objetivos de correção e melhorias a serem implantadas." Dra. Myrian disse ainda que: "Hoje vivenciamos vários problemas no transito em nossa cidade como congestionamentos, tempo que se perde no trânsito, que envolve segurança, saúde, o excesso de veículos gerando poluição sonora e aumento na emissão de gases". Ela lamenta a baixa adesão popular: "Logo todo este estudo é importante e esperávamos uma maior participação popular, quanto mais pessoas opinassem melhor seria a contribuição para encontrarmos uma solução para os problemas reais de mobilidade em Muriaé".
Para entendermos melhor a situação do que pode ser feito, nossa reportagem ouviu duas pessoas, que moram em bairros mais distantes e precisam vir ao Centro da Cidade todos os dia para trabalhar. A professora Maria Fernanda de Souza, moradora do bairro João VI, todos os dias precisa se deslocar de sua residência para trabalhar em uma escola no bairro do Porto, e esta sempre dependendo do transporte coletivo público, principalmente nos dias de chuva: "O ônibus não passa no meu bairro, apenas perto, demora demais, é apenas uma linha, sempre vou trabalhar de moto, mas quando esta chovendo fica difícil, ai tenho que esperar mais de 50 minutos o ônibus, então tenho que sair de casa muito cedo, porque começo a lecionar as 07h, é muito complicado, a nossa locomoção para o trabalho, dependemos do transporte público, e quando vou de moto, preciso guardá-la dentro da escola, porque não tem estacionamento para a mesma na rua e ainda corro o risco dela ser roubada, é bem complicado. Espero que este projeto da Mobilidade Urbana resolva mesmo, porque estamos precisando, o trânsito está muito complicado, muitos veículos na cidade, e ninguém respeita ninguém, é um Deus nos acuda, nos horários de pico", disse a professora.
Muitos ainda não sabem o que é Mobilidade Urbana, e nem qual é a sua função: mobilidade urbana é pegar o ônibus com a garantia de que se chegará ao local e no horário desejados, salvo em caso de acidentes, por exemplo. É ter alternativas para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho a pé, de bicicleta ou com o transporte coletivo. É dispor de ciclovias e também de calçadas que garantam acessibilidade aos deficientes físicos e visuais.
O auxiliar de contabilidade Jorge Mendes de Souza, todos os dias vem trabalha de carro, ele mora no bairro Dornelas e trabalha no centro: "Eu gostaria de vir trabalhar de bicicleta, porque adoro pedalar e faz muito bem a saúde, mas não tem condições, a cidade não oferece estas condições, não temos ciclovias, temos que pedalar entre os carros e motos, o que é um risco muito grande, porque os motoristas e motociclistas, não respeitam os ciclistas, se deixar eles passam por cima, então, precisa ser feito muita coisa para melhorar esta situação da cidade", disse Jorge que ainda lembra, que deixa o carro estacionado longe do trabalho, porque o prédio onde trabalha não tem estacionamento para funcionários, e é uma dificuldade conseguir uma vaga nas proximidades.
