Num mundo em constantes mudanças, numa sociedade em intensa e constante transformação, parece interessante fazer algumas considerações acerca do adolescente de hoje.

Todos nós estamos assistindo a mudanças significativas nas relações do grupo familiar, inclusive mudanças sofridas pelas próprias crianças e adolescentes. Mas o desafio de adolescer continua o mesmo de tempos atrás, apesar dos computadores e da revolução tecnológica, do maior acesso à informação e ao conhecimento que os nossos jovens têm hoje.

O desafio de tornar-se adulto, de sair de uma condição de total dependência dos cuidados da família para uma situação de independência, autonomia, maior responsabilidade consigo mesmo e com os outros continua.

Apesar de ser adolescente num novo mundo digital, são velhas as necessidades que continuam as mesmas: de se autoafirmar, de se sentir aceito e fazer parte de um grupo de amigos, de ser igual e ao mesmo tempo se diferenciar, de testar a realidade e os seus limites, de se arriscar, de sentir medo e ao mesmo tempo ter coragem de sonhar, de descobrir o mundo e ao mesmo tempo se descobrir, de estar cheio de contradições e questões sem respostas e ao mesmo tempo achar que sabe tudo e pode tudo, de necessitar de liberdade e ao mesmo tempo pedir limites. É ter relações conflituosas com os pais, mas não saber viver sem eles.

Não é a toa que se diz que adolescente é confuso, instável e imprevisível. Viver tudo isso é realmente difícil, mas como não podia deixar de ser, é ao mesmo tempo maravilhoso e inesquecível.

A grande questão que se coloca nesse tempo é como passar pela adolescência sem sucumbir às drogas, ao álcool, ao sexo fácil e sem sentido, à falta de motivação e ideais, de perspectivas de trabalho e futuro digno, a desestrutura familiar e social? E a questão da violência? Como não se preocupar ou discutir a questão do namoro do adolescente com a violência?

A adolescência é uma neurose que passa. MAS... E SE NÃO PASSAR?

O grande desafio é estar adolescente hoje e adulto no futuro, sendo equilibrado e consciente como cidadão e profissional, feliz no amor e no trabalho.

É estar adolescente e descobrir, ao mesmo tempo, que é perfeitamente possível conviver bem com seus pais, respeitando seus valores, compreendendo suas preocupações e lembrando sempre que não é preciso ‘declarar guerra’ para se resolver conflitos e se sentir independente. Podem-se encontrar alternativas combinadas e negociações, definindo-se regras e limites que sejam possíveis de serem seguidos, satisfazendo-se os dois lados. Depende do adolescente e depende da maturidade dos pais também.

Então, ser e estar adolescente não precisa ser um bicho de sete cabeças, pode ser uma fase legal de ser vivida, de muitas descobertas e conquistas.