Gazeta de Muriaé
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Em 16/04/2012 às 14h16

Roupas produzidas por detentos de JF são destaque em desfile

Ateliê funciona na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora

Foto: Roberta Braga/JB

Ponchos e vestidos de festas confeccionados por presos da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, ganharam as passarelas do Dragão Fashion Brasil (DFB) - a semana da moda realizada anualmente em Fortaleza, no Estado do Ceará.

Trinta e três peças, que compõem a coleção "Flor de Lotus", foram apresentadas durante o desfile de marcas nacionais e internacionais. Todas as peças foram produzidas nos últimos três meses por dezoito detentos do regime fechado da unidade prisional.

O vestido em pontos largos produzidos com agulhas grossas foi um dos destaques da Doiselles, marca da empresária Raquell Gonçalves, parceira do programa Trabalhando a Cidadania, programa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), por meio da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi).

A coleção "Flor de Lotus é uma homenagem aos próprios detentos artesãos, como ressalta Raquell Gonçalves. "São peças bonitas e bem acabadas assim com a bela Flor de Lotus que nasce em pleno pântano", afirmou.

Antes do desfile, foi exibido um filme que mostrou os detentos em pleno trabalho, mãos masculinas produzindo os pontos largos com agulhas grossas. Ter um trabalho autoral e usar técnicas artesanais são as principais características de quem participa do Dragão Fashion realizado de 9 a 13 de abril de 2012.


Repercussão

A coleção e os artesãos tiveram repercussão positiva no evento. Segundo reportagem do Jornal do Brasil, as peças conquistaram elogios da editora veterana do canal Paris Premiere e comentarista dos desfiles de Paris, Nova York e Milão desde os anos 1980, Christine Marrek. "Para um trabalho bem feito não existe preconceito a respeito da pessoa que produz, se é homem ou mulher, preso ou um cidadão comum, ou sua origem," ressaltou a empresária da Doiselles.

 

Produção

 Os detentos trabalham cerca de oito horas diárias dentro da unidade prisional. A produção de peças tricô e crochês dá tão certo, que as peças já ganharam o mundo e são vendidas no showroom em São Paulo, feiras em Paris e Tóquio e 70 lojas multimarcas no Brasil. Além disso, a cantora Daniela Mercury usou uma peça no carnaval de Salvador e, recentemente, a apresentadora da TV Globo, Angélica, apareceu em um programa usando um dos modelos.

 Pelo trabalho, os presos recebem remição de pena - a cada três dias trabalhados, um a menos no cumprimento da sentença - e, em muitos casos, remuneração (normalmente, três quartos do salário mínimo).

 O principal retorno, no entanto, não pode ser contabilizado: é a oportunidade de começar uma vida nova, ainda dentro dos presídios e penitenciárias. Para a diretora da unidade prisional, Ândria Valéria Andries Pinto, o trabalho se resume em uma palavra: sucesso. "A ressocialização proposta pelo Governo de Minas para o sistema prisional acontece sempre que temos parcerias e resultados como esses no Estado. Estes presos estão prontos para os desafios que encontraram fora da unidade, isso é humanização", disse.


Trabalho

 Além dos dezoito presos que confeccionam as roupas, outros 370 detentos da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires também trabalham enquanto cumprem pena. O número representa cerca de 80% dos presos da unidade empregados em alguma atividade.

Minas Gerais é o Estado do país que tem, em números percentuais, o maior número de presos trabalhando. Hoje, mais de 12 mil detentos realizam atividades profissionais enquanto cumprem pena. As atividades são variadas e vão desde a produção artesanal até a construção civil.

Autor: Gazeta de Muriaé

Fonte: Agência Minas



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