Em entrevista exclusiva à Gazeta de Muriaé, o secretário Municipal de Saúde, Dr. Marcos Guarino, fala sobre as conquistas e os rumos da saúde neste ano de 2010, destacando a construção de duas novas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a instalação do Centro Especializado em Odontologia e as iniciativas para o combate à Dengue e ao H1N1.

GAZETA – Dr. Marcos: aproveitando que ainda estamos no início de 2010, gostaríamos de saber quais são as expectativas que os muriaeenses podem ter em relação aos projetos a serem desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde ao longo deste ano?

DR. MARCOS – Este é um ano que é muito promissor, porque nós temos a expectativa da instalação das duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) – uma tipo 2, que vai congregar dois PSFs e uma tipo 3, que vai congregar três PSFs, aumentando a cobertura de atendimento em saúde no município. 
   O prefeito José Braz conseguiu, também, junto ao Governo Federal, uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), que irá desafogar em muito o Pronto-Socorro do Hospital São Paulo. É um pronto-atendimento que foi até inaugurado, recentemente, em Juiz de Fora, e tem tido resultados muito bons em todos os lugares em que já foi implantado.
   Teremos, ainda, o Centro Especializado em Odontologia (CEO), que já está com toda documentação pronta, e em vias de ser inaugurado, em nossa cidade, pelo Governo Federal. Além disso, o município conta com as atividades normais da Secretaria de Saúde que, hoje, graças à sua equipe, tem quase 100% de índice de cobertura vacinal, com programas voltados para a saúde da mulher, Programa de Tabagismo, investimento na tentativa de implantarmos um laboratório especializado em Dengue. Estamos tentando, ainda, implementar cada vez mais o Centro de Epidemiologia, melhorando o atendimento ao portador de HIV, com palestras variadas, dentre outras iniciativas.

GAZETA – O ano de 2009 foi marcado por muitas conquistas na saúde, mas, também, por muitas lutas, como a que foi travada, em todo o mundo, contra a gripe suína (H1N1). Em Muriaé, que conquistas o Sr. destacaria na área de saúde?

DR. MARCOS – Muriaé foi a 1ª cidade a completar a cobertura na Campanha da Rubéola, apresentando o maior índice de vacinação da região em menor tempo, com cobertura também nos hospitais. Iniciamos a vacinação de rotina de meningite, já que tivemos um surto, há cerca de três anos, e hoje esta vacinação faz parte do calendário, ou seja, toda criança abaixo de dois anos está sendo vacinada no município. Outro destaque é o Programa de Saúde Bucal, o Centro de Reabilitação Municipal, que é a parte de fisioterapia, com aparelhagem moderna e acompanhamento dos fisioterapeutas do município – uma iniciativa que não existia ainda –, entre outros projetos que a Secretaria vem implementando com bons resultados.

GAZETA – E em relação ao H1N1? Em Muriaé, a gripe suína matou, no ano passado, duas pessoas e agora a doença volta a preocupar na Zona da Mata. Estamos preparados para enfrentar mais esta batalha?

DR. MARCOS – Muriaé está bem preparada. No ano passado, diante dos casos confirmados, fizemos exames e encaminhamos ao laboratório da FUNED, em Belo Horizonte. Hoje, o Ministério da Saúde tem disponibilizado o medicamento com mais facilidade, liberando em casos suspeitos. A expectativa é que, chegando o inverno, tenhamos pouquíssimos casos. Estamos na esperança, segundo comunicado recebido, que em março e abril comece a campanha de vacinação, que terá como foco os profissionais de saúde e os grupos em que surgiram mais casos, como gestantes, diabéticos e crianças menores de dois anos, por exemplo.

GAZETA – Outra grande preocupação nesta época do ano é com a Dengue. O município fechou 2009 com baixo índice de infestação. Qual a situação no momento e quais os conselhos para que a doença continue longe de Muriaé?

DR. MARCOS – Na verdade, o combate à Dengue surge de uma parceria entre a Secretaria de Saúde, as unidades sanitárias e a população. Confirmado mesmo, não tivemos quase nenhum caso, graças a esta conscientização e também às poucas chuvas. E o nosso pedido é que a população continue colaborando, não deixando água parada, pois é onde o mosquito se manifesta. Se não tivermos o aedes aegypti, não teremos Dengue em Muriaé.

GAZETA – E quanto às novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a serem construídas nos bairros São Francisco e Santa Terezinha – qual a previsão de entrega destas obras à população?

DR. MARCOS – O prefeito José Braz está tomando todas as providências para que estas obras comecem. Os contratos já foram autorizados e assinados e eu acredito que sejam obras rápidas e que as unidades já devam estar funcionando antes do término de 2010. Isso vai ser muito interessante, pois, com essas duas novas UBS, teremos o aumento da extensão de cobertura do município, que hoje conta com 24 PSFs. Atualmente, temos 80% de cobertura, mas o objetivo é chegar a quase 100% em todos os bairros da cidade.

GAZETA - Dr. Marcos: estamos em período de férias e, conseqüentemente, de viagens para outra localidades, especialmente o litoral. Muitos muriaeenses têm retornado com infecções e/ou verminoses. A que isso pode ser atribuído? Este número é preocupante e que cuidados podem ser tomados durante a viagem?

DR. MARCOS – O Rotavírus é muito comum nesta época do ano e muitos casos têm sido registrados na região do Espírito Santo, devido às cidades que, pela lógica, não comportariam aquela quantidade de turista. Então, os esgotos acabam contaminando as águas e tanto adultos quanto crianças saem prejudicados. Também houve muitos casos no Estado do Rio de Janeiro e as pessoas acabam retornando contaminadas de suas viagens e passando para outras. Este ano, temos tido muitos casos – de dez pacientes no pronto-socorro, três ou quatro são casos de Rotavírus, com pacientes vomitando e evacuando. Mas, normalmente, todo mês de janeiro e fevereiro é assim. Os conselhos são: evitar consumir água nessas cidades mais afetadas, levando para lá galões de água mineral, que devem ser utilizadas para cozinhar para as crianças, evitar consumir alimentos feitos nessas localidades, dando preferência aos produtos industrializados, de marcas melhores, que primem pelo controle de qualidade; e evitar aglomeração, já que este vírus passa pelo contato oral.

GAZETA – Para finalizar, o que o Sr., enquanto secretário Municipal de Saúde, pode fazer de avaliação da saúde em Muriaé, ou seja, da adequação que a área de saúde sofreu para trilhar o caminho certo em nosso município?
 
DR. MARCOS - Estou terminando uma segunda Pós-Graduação em Gestão em Saúde e, inclusive, nesta semana, defendo a minha tese na Fundação Oswaldo Cruz – Escola Nacional de Saúde Pública. Sabemos que administrar com poucos recursos é difícil, mas tem muita coisa que é possível fazer. O mais importante é ter o apoio do Poder Público e agradeço muito ao prefeito José Braz pela confiança, pois ele é um exemplo de trabalho e faz com que a gente se mire nele. Também agradeço à equipe da Secretaria Municipal de Saúde, que está sempre trabalhando para que gente tente melhorar a cada dia. É lógico que sempre tem algo a melhorar... A saúde não para, as cobranças são diárias... Estamos nessa luta há cinco anos e temos orgulho de contar com a confiança da população e do Poder Público e de termos, ao nosso lado, os funcionários da Secretaria. Aproveito a ocasião para agradecer a vocês, da Imprensa, especialmente da Gazeta, que estão sempre acompanhando o trabalho da gente, trazendo críticas construtivas, mas sempre apoiando e divulgando a vontade que temos de fazer o melhor para a população de Muriaé.