Gazeta de Muriaé
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02/12/2011 às 11h20m

ENTREVISTA: ANTÔNIO FERNANDES

Antônio Fernandes, Antônio Batiguê, ou Toninho do Bazar São Cristóvão é um dos melhores e mais antigos comerciantes de nossa cidade e grande parte de sua vida foi dedicada ao glorioso Nacional Atlético Clube, clube que disputou, e fez bonito, no Campeonato Mineiro de Primeira Divisão. Veja a entrevista que ele concedeu a Gazeta de Muriaé no escritório da Imobiliária Paulo Roberto.

 

 "Um dos mais marcantes da história futebolística muriaeense foram as aguerridas e disputadas partidas entre o Nacional e o Paulistano"

 

Gazeta de Muriaé: Fale um pouco de sua vida familiar.

Toninho: Nasci em 04 de outubro de 1929 (tenho 82 anos), sou casado com a Sônia e tenho dois filhos que trabalham no comércio de nossa cidade.

 

Gazeta de Muriaé: E a vida profissional.

Toninho: Sou proprietário do Bazar São Cristóvão, que iniciou no comércio de Muriaé com meu pai, Antônio Fernandes, em 02 de abril de 1922 (89 anos) e está localizado, até hoje, no mesmo lugar de origem.

 

Gazeta de Muriaé: Porque resolveu se dedicar ao Nacional?

Toninho: Sempre gostei de esporte e ao assumir a presidente do NAC, onde prmaneci por muitos anos senti que era hora de ter projetos mais audaciosos e procurei desportistas que pensavam como eu e partimos para uma nova empreitada na tentativa de colocar o Nacional conhecido no âmbito estadual e Municipal.

 

Gazeta de Muriaé: Como chegou ao Campeonato Mineiro da Primeira Divisão?

Toninho: Tudo começou com a disputa da Segunda Divisão em Minas Gerais e tínhamos necessidade de trazer atletas de outras cidades e solicitamos ajuda dos companheiros. O Colê foi ao Rio de Janeiro com um ônibus da EVA, procurou nos subúrbios cariocas os atletas com os olheiros e trouxe, de uma só vez, 25 jogadores para a avaliação de nossa Comissão Técnica e somente três ouy quatro foram selecionados. Colhemos informações sobre jogadores e conseguimos armar uma equipe competitiva que trouxe muita alegria para mim, minha diretoria e os torcedores de Muriaé.

 

Gazeta de Muriaé: Como organizar a Comissão Técnica?

Toninho: Em uma viagem a Cataguases, para ver uma partida, encontramos o Alfinete, que era técnico do Bonsucesso, juntamente com o preparador físico Argemiro Moreira, o Mirim e eles aceitaram nosso convite para vir para o Nacional. O Zé do Zico é que foi buscá-los. O Alfinete ficou um ano dirigindo o NAC e depois voltou para o Rio de Janeiro, deixando em seu lugar o Mirim que durante muitos anos ficou conosco.

 

Gazeta de Muriaé: E as partidas contra os times mineiros?

Toninho: Primeiramente tínhamos de classificar e vencemos uma das chaves. A outra chave teve como vencedor o Olimpic, de São João Del Rey, e houve a necessidade do jogo decisivo, que aconteceu no Mineirão, em Belo Horizonte, na preliminar entre Cariocas e Mineiros, no qual nos fomos vitoriosos por 2 x 1. Era a porta de entrada para o Campeonato Mineiro da Primeira Divisão que ficamos disputando durante 12 anos..

 

Gazeta de Muriaé: E os jogos contra Atlético, Cruzeiro, América e tantos outros?

Toninho: Todos os jogos eram importantes mais a presença do Atlético, no início da competição foi um marco inesquecível pois tivemos de fazer contato com uma empresa de Cataguases para alugar arquibancadas, pois o público deve ter chegado a quase 10 mil pessoas (segundo o empresário e advogado Paulo Roberto foi de 12 mil pessoas). Infelizmente perdemos de 4 x 1 mas nossos atletas se desdobraram ao máximo e caíram diante de um grande time brasileiro. Um detalhe que merece ser lembrado é que ganhamos do Cruzeiro, em Muriaé, por 1 x 0 para delírio da torcida e do grande público que prestigiou o espetáculo, vindo de muitas outras cidades da região. Por disputar este campeonato, o nome do Nacional chegou a aparecer na loteria esportiva. Chegamos a ter 25 jogadores na concentração pois era necessário uma grande equipe e um banco de reserva a altura da competição.

 

Gazeta de Muriaé: E o Estádio do Nacional?

Toninho: Inicialmente era próximo ao Recinto da Exposição Agropecuária, atual Rodoviária, e o terreno foi transferido para um local próximo, graças a ajuda do Sr. João Braz, que foi prefeito de Muriaé e que tinha uma dedicação grande ao esporte. Lembro-me uma vez que o João Braz, que tinha uma indústria de urnas e que vendia para a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, marcou uma partida entre a Santa Casa e o Nacional, que foi um sucesso total de organização. O Estádio passou a chamar Soares de Azevedo, em homenagem a um coletor federal, Sr. Antônio Soares de Azevedo, homem também dos esportes.

 

Gazeta de Muriaé: E o tradicional Nacional e Paulistano?

Toninho: Quantas memoráveis partidas os muriaeenses tiveram oportunidade de ver entre estas duas importantes equipes e o Paulistano era o querido do bairro da Barra. O Nacional eram bem estruturado e conseguiu várias vitórias, mas os jogos eram sempre muito equilibrados. Os jogos tinham uma disputa rígida, pois era cheia de craques, com dois times de alta categoria. Posso dizer que um dos mais marcantes da história futebolística muriaeense foram as aguerridas e disputadas partidas entre o Nacional e o Paulistano.

 

Gazeta de Muriaé: E os craques que passaram pelo Nacional?

Toninho: Falar os nomes dos craques é impossível e tenho certeza que esqueceria de muitos deles. De fora eu destaco o Alencar, o Elias, o Dinheiro, o Walmir.   Começou na época do Campeonato Amador tivemos muitos craques. No âmbito local não poderia esquecer o Dominguinho (que jogou no Vasco, em Juiz de Fora e depois no Nacional), o Oliveira Goiabada, o Corisco, o Eduardo Amaral, Kebinha, Cadadinho, Michel, Joaozinho, Ronaldo Guarçoni, etc

 

Gazeta de Muriaé: E sua volta ao esporte?

Toninho: Eu já fiz a minha parte no que se refere ao Nacional e ao esporte muriaeense. Como o futebol sempre fez parte de minha vida, eu prefiro dar tempo ao tempo e nunca direi  que "desta água nunca mais beberei".

 

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O Autor

Teodorico Torres foi o pioneiro esportivo na televisão de Muriaé na emissora do ex-deputado federal Sérgio Naia em programa realizado juntamente com o professor
Marcos Coutinho Loures. Por vários anos, promoveu campeonatos municipais e regionais, como o bem sucedido Torneio Divisão.
Sempre participou de jogos de futebol como atleta e redator esportivo.

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