31/03/2015 às 20h50m
Quantas vezes não ouvimos notícias de atletas ou esportistas que perderam suas vidas fazendo justamente o que mais sabiam fazer? Talvez o piloto Ayrton Senna seja o caso que mais tenha chamado a atenção no mundo esportivo. Em outras vezes, acidentes deixaram sequelas graves, como foi o caso da ginasta Laís Souza, que hoje tenta se recuperar de uma paralisia causada durante os treinos com esqui na neve.
Infelizmente essas coisas acontecem e são consequências do risco que existe em alguns esportes. Mas, e quando um fisiculturista sofre um AVC – Acidente Vascular Cerebral? Também poderia ser por consequência da prática desportiva?
Há
2 anos atras, dia 27 de março, o Tricampeão Brasileiro de
Fisiculturismo e Top 6 Mundial – Ricardo Barguine – completa dois anos
que teve um AVC.
Naquela quarta-feira que antecedeu a Páscoa de 2013, Barguine havia
acabado de dar uma aula na universidade em que trabalha, sentiu-se mal
enquanto conversava com alguns amigos também professores e ficou com o
lado direito do corpo sem controle motor.
Após passar três dias no CTI de um hospital e realizar dezenas de exames de imagem, foi observado que o atleta estava com um bloqueio total da artéria carótida esquerda e o fluxo sanguíneo daquele lado do cérebro havia sido interrompido.
Quinze dias internado, após algumas especulações e muitos exames de sangue, constatou-se que Barguine teve o acidente devido à presença de uma mutação genética sanguínea, cuja consequência para o portador é justamente a maior chance de trombose venosa – o que, de fato, desencadeou todo o processo. Foram semanas de recuperação, repouso total e muita psicologia.
Hoje, totalmente recuperado e se sentindo mais à vontade para falar do assunto, o Tricampeão Brasileiro conta que no início seu maior desespero era porque não conseguia entender absolutamente nada do que estava acontecendo, além da ansiedade e a dúvida se conseguiria se recuperar e voltar à vida normal. O atleta não apenas voltou à vida normal, como retomou os treinos e naquele mesmo ano se tornou Bicampeão Brasileiro e ainda representou o Brasil no Campeonato Mundial na Hungria.
"Cada dia que eu acordo e me levanto da cama hoje, agradeço por tudo o que passei e por ter me recuperado plenamente. Muita gente reclama da vida sem ter qualquer problema de saúde e às vezes eu sinto pena dessas pessoas. Problemas e dificuldades todos nós temos, mas tudo depende de como você encara as coisas" – completa ele.
Além de atleta, Ricardo Barguine também é professor universitário de Física, colunista de um grande site e palestrante motivacional, onde tenta passar às pessoas que a motivação e a superação vêm de dentro e cada dia é um novo dia.
"Infelizmente o que tive não poderia ter sido evitado, a menos que eu soubesse que tinha essa alteração genética no sangue. Treinar, pegar pesos, trabalhar com o corpo, estar no Fisiculturismo, nada disso teve qualquer participação no meu acidente vascular. Muita gente falou muita besteira na época, mas o que importa é o que eu faço e não o que as pessoas pensam que eu faço. Sou muito grato pela vida, simplesmente e o resto a gente ajeita" – finaliza ele.