Em 03/04/2009 às 17h04
QUAL A SITUAÇÃO DA SAÚDE EM MURIAÉ?
A população brasileira está vivendo mais. São os indicadores de esperança de vida ao nascer e de taxa de mortalidade infantil que confirmam esse progresso. O aumento da expectativa de vida do brasileiro é resultado da melhoria das condições de vida - saneamento básico, assistência médica, por exemplo - e da redução da taxa de mortalidade infantil.
Mas, falar em saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pressupõe falar no mais completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não na simples ausência de doença. Ou seja, uma pessoa saudável não é aquela que não está doente, mas a que tem o corpo e a mente funcionando em harmonia, desempenhando os papéis que cabem a cada um e proporcionando o máximo de bem-estar, disposição e vitalidade. Neste contexto, entra em cena o importante papel da prevenção, um dos temas mais defendidos pela saúde em nosso país e em nosso município.
Diante destas informações e tendo em vista o “Dia Mundial da Saúde”, comemorado na próxima terça-feira, 07 de abril, a GAZETA DE MURIAÉ decidiu fazer uma pesquisa sobre a situação da saúde em nosso município.
Coordenadora Geral da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Ligeiro
A Secretaria Municipal de Saúde vem prestando um atendimento eficiente, mas, com toda essa nova situação de adequação aos tetos, estamos tendo alguns inconvenientes. Contudo, existe uma preocupação, em especial do secretário, Dr. Marcos Guarino, que tem buscado meios de sanar estas deficiências e está entrando em contato também com uma GNS, com o objetivo de reaver esse teto que foi perdido.
O atual trabalho da Secretaria de Saúde está baseado em um grande respeito ao usuário e o secretário Municipal, Dr. Marcos Guarino, vem procurando sanar as dificuldades com as quais ainda vivemos hoje, como fila de espera para exames. Com uma visão de gerenciar de uma forma bem humanizada, ele procura absorver as críticas de forma positiva, pois é através delas que busca a oportunidade de melhorar.
Dr. Marcos colocou em funcionamento o Núcleo de Apoio ao PSF (NASF), iniciativa que já está obtendo melhoras nesta demanda, principalmente na área de fisioterapia. Trabalhamos hoje, também, com a coleta de sangue nos próprios distritos, no intuito de melhorar o atendimento aos usuários. Nesta semana, tivemos uma reunião com o secretário de Obras, João Ciribelli, e ficou acordado que todas as unidades serão reformadas e adequadas segundo as exigências. Além disso, em um prazo de 60 dias, deve entrar em funcionamento o PSF do Recanto Verde e também iniciaremos a obra em Itamuri.
Com o advento do Plano Diretor, todos os profissionais têm que ter uma agenda de trabalho e isso, ao longo da implantação, acaba gerando algumas insatisfações. Mas a Secretaria tem procurado trabalhar em comum acordo com os planos e diretrizes do Estado, inclusive, está sendo montado um programa que visa ao treinamento dos funcionários, para mantê-los sempre bem assistidos. Tanto o cliente externo quanto o interno são prioridades do secretário Municipal.
Coordenadora dos PSFs, Cândida Ciribelli
Muriaé conta hoje com 24 equipes no Programa de Saúde da Família (PSF), cobrindo em torno de 76% do município. Com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, temos trabalhado junto às equipes realizando o recadastramento de todas as famílias cobertas pelos PSFs, com o objetivo de expandir a cobertura territorial das áreas e levantar registros reais possibilitando viabilizar o planejamento das ações de acordo com a realidade de cada local, bem como analisar os indicadores de saúde. Conhecer o perfil epidemiológico da população é muito importante, porque as equipes irão pautar prioridades no atendimento de acordo com as necessidades verdadeiras das famílias que estão sob sua responsabilidade.
Partindo desse princípio traçamos um plano de ação onde nossas principais metas que já estão sendo executadas são: reformar ou ampliar Unidades já existentes, possibilitando ambiente seguro para melhor atender a clientela assistida; adquirir meio de transporte (motos) através do Programa Saúde em Casa, para assistir a população que reside em localidades distantes das Unidades, principalmente as que fazem parte das áreas rurais; investir em equipamentos, instrumentais através do Programa Saúde em Casa, que satisfaçam o atendimento dos usuários dos Programas que estão inseridos no PSF (HIPERDIA, SISVAN, SISPRENATAL, SISCOLO); desenvolver projetos educativos atraindo a população ao atendimento preventivo, pois o ideal é que a porta de entrada do SUS seja a Atenção Básica e não as Unidades de Pronto Atendimento; promover grupos que desenvolvam diversas atividades (dança, pintura, ginástica, etc.), pois estas preenchem o tempo ocioso, ajudando pessoas a fazerem novas descobertas de suas próprias vidas; dentre outras.
Tenho plena convicção que a criação das Unidades Básicas de Saúde trouxe um ganho na qualidade de vida das pessoas, uma vez que o foco na Atenção Básica de Saúde é a prevenção das doenças e a promoção da saúde. O registro dos atendimentos nos PSFs são realizados baseados na demanda espontânea e programada, de acordo com a realidade de cada bairro. Percebo maior ganho nas comunidades da Zona Rural e Bairros que estão localizados nas periferias, onde a população apresenta risco aumentado tanto do ponto de vista biológico quanto sócio econômico. Em função desse fato, iremos trabalhar duas formas de equidades: atenção igual para necessidades iguais e atenção desigual para necessidades diferentes.
Coordenador do Centro de Epidemiologia/Vigilância Sanitária, Dr. Bruno Licy
O Centro de Epidemiologia é uma seqüência da gestão passada (2005/2008), quando tivemos a oportunidade de montar essa estrutura. Nós recebemos uma verba federal do Programa DST/Aids, que contemplou Muriaé por entender que é uma cidade importante, na região, do ponto de vista de prevenção e tratamento. Nós também trouxemos o Programa de Tuberculose e Hanseníase e prestamos conta disso ao governo, o que nos dá a chance de receber essa uma verba anual do Governo Federal e poder trabalhar com ela.
Dentro do setor de Hanseníase, temos a Dra. Cristiane Dornelas, uma profissional extremamente qualificada, que vem obtendo grande sucesso na redução do índice de abandono do tratamento. No Programa de Tuberculose, temos o Dr. Raimundo e a Dra. Raquel. Recentemente, Muriaé também recebeu o prêmio do Ministério da Saúde como 3ª cidade do país em índice de cura de tuberculose.
Quanto ao tratamento da Aids, a gente não tinha nenhum tipo de atendimento em Muriaé e, atualmente, atendemos em torno de 200 pacientes. Nosso programa foi reconhecido pelo Estado e fomos contemplados com a farmácia de dispensação de anti-retro viral. Vale lembrar que, na Zona da Mata mineira, estrutura como esta só existe em Juiz de Fora. Temos aqui todos os medicamentos de infecção oportunista, trabalhamos com fórmula lácteo-infantil para pacientes de mães soropositivos e fornecemos para as crianças por seis meses.
Realizamos, ainda, exames periódicos para os pacientes, que têm acesso à saúde e contam com a retaguarda do Hospital São Paulo, que é credenciado para o atendimento de DST/Aids. Desta forma, não temos problema de internação e nem restrição de exames para estes pacientes. Nós conseguimos ter uma adesão adequada e procuramos atender com o máximo de humanização possível.
É importante lembrar que conseguimos colocar aqui, no Núcleo de Epidemiologia e de Vigilância Epidemiologia, toda a parte de notificação e de agravos de saúde, o que facilita o trabalho da área, servindo de retaguarda para a Secretaria Municipal, no sentido de permitir a tomada de medidas frente a tais dados. Este era um setor bastante deficitário que conseguiu avançar junto à nossa Regional em Ubá, nestes últimos cinco anos, graças ao Centro Epidemiológico e à capacitação das pessoas que aqui residem.
Coordenador da Funasa, Dionísio Bonfim
Em relação à Dengue no município, a realidade é muito preocupante: 306 casos notificados e 44 confirmados pelo laboratório de referência da Fundação Ezequiel Dias. Esses números trazem uma preocupação grande porque ainda estamos no pico de transmissão, que é o período de março a maio, de acordo com definição da Secretaria de Estado. Estamos concluindo agora o 2º ciclo de pesquisa e os números estão mostrando abaixo de 2%, o que é uma redução em relação ao 1º ciclo, que foi de 2,39%.
Atualmente, estamos realizando o 2º ciclo, que está dentro da meta traçada, ou seja, planejamos seis ciclos de trabalho por ano, e esperamos fazer essa cobertura em um porcentual que seja mais aceitável, no intuito de eliminar o mosquito da Dengue de nossa cidade. Para tanto, desenvolvemos as ações propostas pela Secretaria Municipal de Saúde, através do trabalho de 60 funcionários, contando com quatro bombas de UBV, usadas para bloqueio dos casos de Dengue. De dois em dois meses damos cobertura nos 40 mil imóveis da região.
Mas será que a Dengue é realmente um problema de Saúde Pública e só teriam responsabilidade o Governo e a Secretaria Municipal? Não. A Dengue é um problema social, e é preciso que isso fique claro. O que a Secretaria tem a ver com uma caixa d’água que foi destampada pela chuva? Não tem como resolver este problema da Dengue se todos não se envolverem, pois, por mais que tentemos realizar ações dentro do ano, são 40 mil imóveis em nossa região e não há como dedicar um tempo integral a eles.
Por isso, voltamos a maior parte de nossas ações à mobilização social, com passeatas, palestras em escolas, stands na rua, blitz no trânsito, mutirões, com o objetivo de mostrar à população como proceder. Temos exemplo da última pesquisa, na qual o foco foi encontrado em sacolas, pratos de xaxim e potes descartáveis. Nós é que temos que nos conscientizarmos da necessidade deste combate e de que a Dengue só se transmite pelo mosquito. Assim, se o mosquito não existir, também não haverá a doença.