Gazeta de Muriaé
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Em 13/02/2009 às 09h28

Muriaé no combate à Febre Amarela

Secretário de Saúde - Dr. Marcos Guarino

Muriaé vem sendo assombrada, nos últimos dias, por um fantasma que, não sem razões, tem trazido grandes preocupações à população: a Febre Amarela.
  
Tudo começou com a confirmação, no dia 21 de janeiro, de um caso fatal no município. Residindo na cidade há cerca de seis meses, um paciente de 36 anos, chegou de uma viagem ao Rio Grande do Sul sentindo-se mal e, em menos de cinco dias, faleceu.

Embora a doença possa apavorar os muriaeenses, o secretário Municipal de Saúde, Dr. Marcos Guarino, explica que este é um caso isolado e importado: “O paciente, após circular, entre os dias 26 e 30 de dezembro de 2008, no meio rural da cidade de Jóia, no Rio Grande do Sul, já chegou aqui doente e, no dia 31 de dezembro, apresentava febre. Ele foi internado no Hospital São Paulo no dia 02 de janeiro de 2009 e, suspeitando de Febre Amarela, realizamos alguns exames e enviamos para Belo Horizonte, onde foi confirmada a doença. Além deste paciente, não houve registro de nenhum outro caso no município”.

Durante uma entrevista coletiva concedida na tarde de quarta-feira (11), Dr. Marcos Guarino convocou a imprensa para auxiliá-lo na divulgação de medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da Febre Amarela e da Dengue. “O objetivo é adotar uma medida profilática para que a gente não tenha a doença em Muriaé, já que temos seu agente vetor aqui. Esse é mais um motivo para intensificar o combate e, portanto, é fundamental que a população não deixe a água parada, pois não tendo o mosquito, não teremos Dengue e nem Febre Amarela”, destacou Guarino.

O secretário Municipal também contou que, devido ao caso registrado, Muriaé recebeu, recentemente, a visita de quatro técnicos da Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Durante sete dias de trabalho concentrado na mata do Hospital São Paulo e no bairro da Gávea, eles buscaram vetores urbanos (Aedes aegypti) e silvestres (Hemagogo e Sabetis). As amostras colhidas foram encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará, e para a Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte. Foi feito, ainda, um bloqueio da área onde a vítima da Febre Amarela esteve internada. 

Com uma população em torno de 100 mil habitantes e um clima extremamente quente, Muriaé vem apresentando, neste ano, um alto índice de infestação do chamado “mosquito da Dengue”: 2,39%, segundo dados da Funasa, contra o índice aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 1% ou menos. Como se trata do mesmo agente vetor da Febre Amarela é necessária, não só a total mobilização dos órgãos competentes, como também uma profunda tomada de consciência por parte de toda a população, que deve evitar deixar água acumulada, já que este é o principal meio de reprodução do Aedes aegypi.  

A Febre Amarela

A Febre Amarela é uma doença infecciosa febril aguda, de curta duração (no máximo 10 dias) e de gravidade variável. Possui dois ciclos de transmissão: o silvestre (que ocorre entre primatas não humanos, no qual o vírus é transmitido por mosquitos silvestres) e o urbano (erradicado no Brasil desde 1942).   

Dependendo da gravidade, a pessoa pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (pele e olhos amarelados) e hemorragias (gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). A transmissão da enfermidade não é feita diretamente de uma pessoa para outra. Para isso, é necessário que o mosquito pique uma pessoa infectada e, após o vírus ter se multiplicado (nove a 12 dias), pique um indivíduo que ainda não teve a doença e não tenha sido vacinado.

A única forma de evitar a Febre Amarela é a vacinação. A vacina é gratuita e está disponível nos Postos de Saúde em qualquer época do ano. É administrada em dose única a partir dos nove meses de idade com reforço a cada 10 anos durante toda a vida, em pessoas que residam ou irão viajar para área onde é recomendada a vacinação contra Febre Amarela. Para Muriaé, neste ano, está previsto o envio, por parte da Secretaria de Estado da Saúde, de 50 mil doses da vacina, das quais 15 mil já se encontram disponíveis para a população.

No entanto, o secretário Municipal de Saúde, Dr. Marcos Guarino, alerta: “Não teremos uma Campanha de Vacinação, mas uma intensificação, pois o município já tem cobertura de quase 100%, só que nós temos uma população também flutuante, ou seja, que trabalha aqui na cidade ou que viaja a trabalho para outras regiões. As pessoas que não vacinaram na última campanha ou que não se lembram se já tomaram ou não a vacina, também devem procurar os Postos de Saúde”.

Vale lembrar que, atualmente, segundo dados dos órgãos de saúde, os seguintes Estados são considerados áreas de risco para a Febre Amarela: Amapá, Roraima, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais; além do Distrito Federal e de alguns municípios dos Estados de Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A vacina contra a Febre Amarela não é indicada em alguns casos, como para crianças com menos de seis meses de idade, pacientes com alergia grave a ovo de galinha e seus derivados e pessoas com Doença do Timo ou que retiraram este órgão. Mulheres grávidas devem ter sua situação analisada por um médico. A vacina também não deve ser aplicada em portadores de imunodepressão transitória ou permanente.

Existem situações em que o cidadão deve avaliar junto ao profissional de saúde o adiamento da vacinação. Essa recomendação vale para pessoas com doenças agudas febris moderadas ou graves até a resolução do quadro. Se a pessoa estiver com febre acima de 38 graus, pode ser indicado que ela não seja imunizada naquele momento. Além disso, ao tomar a vacina, a pessoa só pode doar sangue após três semanas. Com relação aos indivíduos soropositivos para HIV e que se desloquem para áreas de risco de transmissão de febre amarela, há indicação da vacinação levando-se em conta a contagem de CD4 e carga viral. Ou seja, é necessário avaliar o quadro junto ao médico.

Autor: Lúcio Vargas

Fonte: GAZETA DE MURIAÉ



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