Gazeta de Muriaé
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Em 24/11/2006 às 14h10

Consciência Negra

20 de Novembro: Dia da Consciência Negra

  Considerado o Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro foi transformado em tal data a partir do Movimento Negro Unificado em 1978. O dia não foi escolhido ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, que foi assassinado em 20 de novembro de 1695.
  O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597 por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.
    Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.
  O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim e o iniciar no estudo da Bíblia. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho e não como servo.
  Apesar do carinho que sentia pelo pai adotivo, o jovem não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.
  Após caminhar cerca de 132 quilômetros o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Francisco então se tornara Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se General de Armas do quilombo, uma espécie de Ministro da Guerra nos dias de hoje.
  Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.
  Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.
  “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.
  Em Muriaé, podemos ressaltar o nome de João Carlos Campos representante do Movimento Artístico Cultural Negro Brasileiro – MACUNBRA, que nasceu em 1982, representando a comunidade negra muriaeense. A principio lançaram o disco “Terra e Capim” com uma música de composição do Dr. Olinto Muniz: “foi um disco que teve uma grande repercussão, tocou na rádio Globo e saiu na revista Contigo!”.
  Hoje o grupo MACUNBRA não se encontra tão forte como antigamente; em 1988 foi realizado em Muriaé um encontro que chegou ao conhecimento da ONU devido a participação de grandes representantes, tanto do Brasil como do exterior.
  Neste dia foi dado o titulo de cidadão muriaeense a cinco personagens nacionais. Um deles foi o primeiro negro a ocupar um cargo na Presidência da República, que foi Carlos Moura; Dona Zica da Mangueira; a esposa de Martinho da Vila, Rusa; Grande Otelo, que foi representado pela filha por estar adoentado; Ruth de Souza, atriz Global. “Foi um momento marcante na comunidade de Muriaé, pois contávamos com uma vantagem política maior do que nos dias de hoje”, destacou Joca, como é conhecido, popularmente.
  Uma mudança muito grande ocorreu neste ano: 225 cidades e 11 estados acataram o dia 20 como feriado municipal; é uma conquista que vem se realizando a cada dia. “Infelizmente ainda há cidades que não se adequaram a essa conquista”, concluiu o representante do MACUNBRA.

Autor: Leonardo de Castro



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