Cinco pessoas foram estupradas a cada
hora no Brasil em 2015, em um total de 45.460 vítimas. Em Minas Gerais, o
número foi de um caso a cada 2,2 horas, totalizando 3.970 vítimas. Os dados,
divulgados nessa quinta-feira (3), foram publicados no 10º Anuário Brasileiro
de Segurança Pública, documento elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública.
O número de estupros sofreu uma queda de 10%, se comparado ao ano de 2014,
quando o país teve cerca de 50 mil casos. A queda, porém, não pode ser
comemorada, pois os números ainda continuam muito elevados, de acordo com o
anuário. Além disso, os casos reportados não correspondem à totalidade real de estupros
e tentativas no país: "Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) calcula que, no Brasil, ocorram aproximadamente 527 mil tentativas ou
casos de estupros consumados no país, dos quais apenas 10% seriam reportados à
polícia", traz o texto do documento.De acordo com especialista em segurança pública Leandro Piquet Carneiro, que é
professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e
membro do Centro de Liderança Pública, o número de denúncias de crimes desse
tipo é proporcional à estrutura do Estado para receber essas denúncias: "Nesse
tipo de crime, ou o Estado oferece uma rede para o acolhimento da denúncia,
para que a vítima seja recebida e protegida, ou essa denúncia não vai ocorrer.
O que vai acontecer é a cifra obscura, da pessoa que fica em casa, só, com o
silêncio, o pior cenário em um caso desses", aponta o professor.Uma comprovação disso ocorreu no Rio de Janeiro, logo depois da implementação
das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). "Depois da entrada da polícia nos
morros, o número de denúncias desse tipo de crime disparou no Rio de Janeiro,
porque as pessoas passaram a ter onde denunciar. Antes, era a lei do silêncio
do tráfico que valia", recorda.
Mortes.
O anuário revelou também que 2015 registrou 58.492
assassinatos, uma média de 160 mil por dia. Em Minas Gerais, foram cerca de
4.380 assassinatos, uma média de 12 por dia, ou um a cada duas horas. De
janeiro de 2011 a dezembro de 2015, foram registrados 279.592 assassinatos no
país – número maior que as mortes causadas pela guerra na Síria, que foram
256.124. Quem mais morre no Brasil são os jovens com idades entre 15 e 24 anos
(54%). Desses, 73% são pretos ou pardos.A pesquisa também constatou a violência policial no Brasil, que tem uma taxa de
letalidade de 1,6 para cada 100 mil habitantes. Em Honduras, país mais violento
do mundo, esse número é de 1,2 para cada 100 mil e, na África do Sul, de 1,1.
Esses números se refletem na percepção da população sobre a força policial do
país. Mais da metade (59%) dos brasileiros teme ser vítima de violência da
Polícia Militar, e 70% acha que a corporação faz uso excessivo da força.
Roubos. O anuário
registrou uma média de um roubo ou furto de carro por minuto nos últimos dois
anos, o que significa cerca de 1 milhão de veículos roubados ou furtados no
período.