Com uma média de 100 mil habitantes, o município de Muriaé, segundo informações do Centro de Epidemiologia, possui 150 notificações de casos de AIDS. Esses pacientes contam, diariamente, com a assessoria de uma equipe de saúde competente, voltada para a orientação, consulta, dispensação de medicamentos e apoio psicológico.

  Visando ao aperfeiçoamento destes profissionais, foi realizada na tarde de 29 de fevereiro, na Casa Paroquial da Matriz São Paulo, um encontro de capacitação, que teve à frente o Grupo Vhiver, de Além Paraíba e o clínico geral Geraldo Oliveira, também da mesma localidade. O principal foco da reunião foram as doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a AIDS. “Esta equipe de Além Paraíba, com o médico e a ONG, veio fazer uma palestra e um trabalho educativo direcionados aos agentes comunitários, psicológicos, enfermeiros e assistentes sociais de Muriaé, para permitir uma maior interação sobre os problemas relativos as DST/AIDS”, explicou o Supervisor do Programa DST/AIDS de Muriaé, Silvério Martins.

  O trabalho de capacitação já foi levado, no último ano, a 15 municípios da Zona da Mata e, o objetivo para este, é que outros 20 possam ser atendidos. “Escolhemos os municípios a partir das notificações de casos de AIDS. Esta foi a prioridade e acho que, para o número de habitantes, Muriaé tem uma notificação elevada. É um número expressivo, porque os casos notificados são os que estão em tratamento, e nós não temos informação de quantas pessoas são apenas portadoras ou mesmo desconhecem que têm a doença”, justificou o coordenador Regional do Grupo Vhiver, José Henrique Silva.

  Para ele, é fundamental que os municípios – como Muriaé vem fazendo – tomem consciência dessas situações e orientem as pessoas aos exames e busca de tratamento. “Esperamos que, com essa capacitação, esses profissionais fiquem mais preparados para passar informações, identificar sintomas e encaminhar os pacientes”.

  José Henrique também não poupou elogios ao trabalho que vem sendo desenvolvido em Muriaé pela Secretaria Municipal de Saúde, através da competente atuação do Centro de Epidemiologia: “Eu conheci o Centro e achei um espaço excelente. Já havia pesquisado antes sobre a forma como lidam com a AIDS e eles já possuem até mesmo a farmácia, coisa que pouquíssimos lugares têm. Só achei uma pena não ter ainda uma ONG aqui para fazer o trabalho de prevenção e de busca-ativa, mas está muito além do que eu imaginava encontrar”, comentou ele.

  Também impressionado com a cidade e com os projetos em andamento na área de saúde, o médico voluntário do Grupo Vhiver, Geraldo Loureiro, destacou a importância da capacitação para os profissionais do setor: “Na equipe de Saúde da Família, a gente considera o agente comunitário como o elo mais importante com a comunidade. Eles são os olhos das equipes, percebem os problemas e trazem para nós. Na minha palestra, eu procuro auxiliar na transmissão dos dados sobre DST, explicando-os de forma resumida para que os agentes consigam perceber quando os pacientes têm algum problema”.

  Pela primeira vez em Muriaé, o clínico geral comentou, ainda, sobre a questão do preconceito e da importância da prevenção: “O preconceito existe e ele é muito forte. Há muito confusão entre ser soro-positivo e ser doente de AIDS. São duas coisas diferentes. Nem todo soro-positivo chega a desenvolver AIDS. No entanto, ao mesmo tempo, a gente vê muita abertura das pessoas na busca de conhecimento. Só que, o surgimento dos famosos coquetéis - da terapia anti-retroviral -, trouxe uma sensação de segurança para os pacientes e a gente queria abrir os olhos que, mesmo havendo esse tratamento, o vírus ainda é incurável. Só é possível a sobrevida com os medicamentos, mas ele tem sérias contra-indicações e efeitos colaterais”, advertiu Dr. Geraldo.

  Ao agradecer à equipe de Além Paraíba pelo serviço prestado ao município de Muriaé, o supervisor do Programa DST/AIDS, Silvério Martins, ressaltou a infra-estrutura e as ações do Centro de Epidemiologia, localizado à Praça Dr. Antônio Canêdo: “Nos temos grupos educativos que trabalham em escolas, psicólogos para atender ao paciente e seus familiares, distribuição de preservativos e uma ótima estrutura da farmácia da unidade dispensadora, além do Dr. Bruno, nosso infectologista, que atende de segunda à sexta-feira. É com esse trabalho que temos atraído pacientes de toda a região”, finalizou Silvério.