Gazeta de Muriaé
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Em 20/03/2016 às 19h12

Opinião - A hora é agora: limpeza geral

 Dizem que quando as coisas chegam ao caos é porque elas estão prestes a melhorar. Se este ditado popular for realmente verdadeiro, a nossa hora é agora, pois o caos parece estar instalado no Brasil em todas as suas esferas e instâncias. Fazendo uma analogia com os últimos acontecimentos que vivenciamos  no cenário político do Brasil, podemos afirmar que o caos realmente se instalou. Notícias de toda sorte borbulham a cada minuto, não nos dando tempo sequer de ficar atualizados, tamanha a efervescência dos fatos. E como diria o filósofo, Mário Sérgio Cortella, "não podemos perder o foco do que vivemos hoje no Brasil, que não é o auge da sujeira, mas o começo da limpeza".

                Sabemos que os problemas são os mesmos de muitos séculos: corrupção, prevaricação, uso da máquina pública, privilégios, intermináveis esquemas de favorecimento... Sabemos também que ficar analisando quem está menos ou mais envolvido em todas estas situações não vai resolver nada porque não iremos chegar a lugar nenhum, pois cada um apresenta um tipo e grau de envolvimento. Sabemos que há um envolvimento geral de muitos que participam diretamente da administração pública. Mas sabemos também que as coisas não podem ficar assim. Chega, é hora do basta! Chegou a hora de darmos uma faxina geral.

                Se queremos que o Brasil se torne verdadeiramente uma grande nação é preciso que tenhamos coragem de fazer uma limpeza geral, não dá mais para jogar a sujeira para debaixo do tapete. Por mais que digam que a Polícia Federal está trabalhando, o que mais estamos observando  é a tentativa de obstrução, de impedir o prosseguimento das investigações. O exemplo mais claro é o do Deputado Eduardo Cunha, quanta manobra!

                Vejamos algumas situações, no mínimo esdrúxulas, que estão acontecendo por aqui.

                Onde já se viu um parlamentar que é procurado pela Polícia Internacional (INTERPOL), o Deputado Paulo Maluf, ser membro de uma comissão que vai julgar possíveis irregularidades da atual gestão.

                Onde já se viu as duas casas do poder legislativo, câmara dos deputados e senadores, estar ainda sendo presidida por duas pessoas públicas deploráveis. Mesmo depois de tantos escândalos, manobras, artimanhas... uma vergonha nacional!

                Onde já se viu as maiores cortes do país tendo seus membros indicados pelo poder executivo. No mínimo uma situação vexatória, passível de interesses que vão além dos interesses republicanos. Estes cargos deveriam ser ocupados por pessoas que queiram avançar em suas carreiras mas que estejam dispostas também a disputá-las por meio de concursos públicos independentes. Assim, o processo seria mais transparente e meritocrático. É claro que não impediria problemas de conduta, mas ai já seria  problema da consciência de cada um.

                Onde já se viu um dito sistema presidencialista ser tão "preso" ao poder legislativo. Há algo errado aí, decidamos o que queremos ser, qual sistema de fato queremos vivenciar: ou sejamos presidencialista de fato ou parlamentarista. Este sistema sem identidade, já demonstrou não ser eficaz por aqui. Não adianta ficar tentando a sua manutenção.

                São tantos casos que poderíamos citar. É muita sujeira. E sujeira se combate com limpeza, com uma limpeza profunda. Não só de pessoas, mas também das regras do jogo. Das formas de lidar com os poderes da nação. Mas como as regras do jogo são modificadas pelas pessoas, que elas sejam as primeiras a passar pelo processo de higienização. Mas lembre-se somos os co-responsáveis pela limpeza que queremos.

 

Walber Gonçalves de Souza é professor do Centro Universitário de Caratinga. 



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