Em 15/02/2008 às 09h04
Que atire o primeiro dicionário quem nunca recorreu a uma gramática para não fazer feio na hora de passar para cartas, e-mails ou qualquer outra forma de comunicação escrita aquilo que já estava na caixola. Na hora de enfrentar o papel e a caneta, o bom português nem sempre sai fácil.
Fácil mesmo pode ser achar quem reclame da “dificuldade” da língua ou tenha sempre uma pergunta para fazer. Mas a tarefa não é mesmo das mais simples. Segundo dados da Academia Brasileira de Letras, nossa língua possui nada mais, nada menos, de 360 mil palavras.
O fato é que, complicadas ou não, as normas que regem a escrita no Brasil têm futuro incerto. Caso fique acertado o acordo ortográfico em discussão entre países que falam o português, muitas mudanças na maneira de escrever podem vir por aí.
A intenção com a mudança é tentar aproximar o português escrito no Brasil, em Portugal e em mais seis países - ngola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe – unificando, com isso, a língua, e dando mais força a ela. No futuro, um único dicionário poderia ser utilizado.
Caso o acordo seja aprovado, o trema, por exemplo, pode ser extinto. Adeus lingüiça, conseqüência ou tranqüilo com esse acento pouco usado entre a maioria dos brasileiros. As vogais duplas acentuadas com acento circunflexo também devem perder a acentuação. Palavras como vôo, enjôo e abençôo, por exemplo, perderiam o famoso chapeuzinho.
Mas se engana quem pensa que só de "perdas" mudam as novas regras do português. É possível que passemos a escrever com consoantes mudas, já que para definir as mudanças, vale a "regra do mais usado" entre os países que falam português. Dessa forma, palavras que perderam letras ao longo da história, como acto, optimo e acção, por exemplo, voltariam a fazer parte do nosso dicionário como grafia correta mais uma vez.
A previsão era a de que o Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa fosse aprovado e começasse a entrar em prática ainda em 2008; porém, o futuro da nossa ortografia ainda não é certo e as negociações, que vão colocar em prática o Novo Português, ainda vão ser discutidas neste ano. A aprovação só irá acontecer se todos os países concordarem com a mudança. Portugal já se mostrou contrário, enquanto o Brasil está a favor.