Gazeta de Muriaé
  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter

Em 11/01/2008 às 14h36

Muriaé a favor da ecologia

  O progresso dos municípios e o desenvolvimento de propriedades rurais, embora tenham trazido muitos benefícios materiais ao homem, também deixaram um saldo bastante negativo ao ecossistema. A constante perda de espaços naturais causou a fragmentação de áreas nativas em diversas regiões brasileiras. A Mata Atlântica, por exemplo, apresenta apenas 7% de mata nativa de uma área que possuía outrora.

  Esta fragmentação de áreas verdes é uma grande ameaça às espécies mais sensíveis, especialmente as que são naturalmente raras e habitam uma região específica – que deveria servir de “berço” de alimento para a sobrevivência e de local para reprodução. “Nestes espaços pequenos e abertos, é comum que os animais saiam para buscar água e alimento e, por isso, eles acabam sendo atropelados nas estradas”, lamenta-se o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Muriaé, Francisco Ofeni.

  Para levantar essa questão entre os proprietários rurais, a Prefeitura de Muriaé, através de sua Secretaria de Agricultura, promoveu uma reunião, em parceria com o IEF e a ONG Ambiente Brasil, na tarde de quarta-feira (09), na sede da Emater local, com o objetivo de apresentar uma palestra sobre o “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL) e a implantação de corredores ecológicos no município.

  O MDL é um dos mecanismos do Protocolo de Quito (em vigor desde fevereiro de 2005), que determina que países desenvolvidos financiem projetos em países em desenvolvimento – como o Brasil -, visando à redução de emissões ou de seqüestro de gases responsáveis pelo chamado efeito estufa. Por isso, cada vez mais, as empresas e as indústrias vêm empreendendo programas voltados à descarbonização, ou seja, para reduzir a emissão ou mesmo neutralizar o dióxido de carbono (CO2) através de reflorestamento. Mais do que responsabilidade sócio-ambiental, as ações neste sentido podem também gerar renda, garantir uma imagem positiva e aumentar o valor de mercado das companhias.

  Dentro desta proposta insere-se a formação de “corredores ecológicos” entre fragmentos florestais, iniciativa de fundamental relevância para a conservação da biodiversidade da região, já que a possibilidade de sobrevivência, tanto da fauna quanto da flora, será muito maior, facilitando a recuperação do meio ambiente. “Os corredores irão fechar e interligar os fragmentos de Mata Atlântica que ainda existem e permitir a diversificação, pois, no atual isolamento, as espécies não têm tido condições de reprodução e de troca de genes, que seria o caso de melhoramento genético das espécies de nossa região - tanto na parte de animais quanto de florestas. Aliás, as florestas têm um prejuízo ainda maior nessa fragmentação, já que os animais conseguem se locomover”, explica o biólogo da Prefeitura, Raimundo Nonato Gomes.

  A formação dos corredores ecológicos é desenvolvido em conjunto com o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Em Muriaé, a iniciativa, financiada pelo Banco alemão KFW conta também com a parceria entre a Prefeitura, a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e a ONG Ambiente Brasil. Os proprietários rurais que vivem no entorno do Parque Nacional da Serra do Caparaó e Serra do Brigadeiro são o público-alvo do projeto que, desde o seu início no Estado, em 2003, já conseguiu reflorestar mais de 2,5 mil hectares.

  A idéia é usar as áreas fragmentadas compreendidas entre os parques como núcleo, formando corredores ecológicos que vão melhorar as condições e a proteção da biodiversidade. Os produtores participantes recebem insumos, mudas, arames, formicida e assistência técnica para o plantio e preservação das áreas em fase de recuperação. “A nossa região foi muito desmatada. O homem chegou a muitos pontos, mas não conseguiu chegar aos terrenos íngremes, por exemplo, que apresentam restos de matas que vemos nos topos de alguns morros. Os corredores vão tentar resolver a questão dos fragmentos de mata rodeados pelo pasto, ou seja, ligar essas matas do alto morro através de corredores de árvores”, esclarece o secretário Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.

  Para participar, é preciso que o produtor rural possua um terreno localizado na área compreendida pelos parques e dedique, no mínimo, um hectare de sua propriedade ao reflorestamento, como conta a engenheira Florestal da ONG Ambiente Brasil, Lizandra Silva: “De 05 em 05 anos, num período de 30 anos, serão feitas medições de biomassa e, dependendo da quantidade produzida, o produtor receberá um determinado valor em dinheiro”, finaliza.

Autor: Andréa Oliveira

Fonte: Gazeta de Muriaé



Gazeta de Muriaé
HPMAIS