As agências bancárias de
Muriaé amanheceram em greve nesta terça-feira (06), em todas estava o cartaz
"Estamos em Greve".
Em alguns bancos, havia uma grande movimentação de
clientes, mas os atendimentos só estão sendo feitos nos caixas eletrônicos,
apenas saques, depósitos, pagamentos de boletos, via terminal, entre outros
serviços que os mesmos prestam a população.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Muriaé e Região
decidiram pela paralisação depois de 45 dias de
negociações entre representantes dos trabalhadores e a Fenaban (Federação
Nacional dos Bancos). Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários de
Curitiba e Região e membro do comando de greve, Elias Jordão, a proposta feita
pelos bancos não atendeu nem a metade das reivindicações. Os funcionários pediram
um reajuste de 16%, sendo 10,3% de recomposição da inflação do período mais
5,7% de aumento real. O que foi oferecido pelos bancos foi 5,5%.A principal reivindicação da categoria é um reajuste salarial de 16% com piso
de R$ 3.299,66. Na última sexta-feira (25), a Federação Nacional dos Bancos
(Fenaban) apresentou uma proposta de reajuste salarial de 5,5%, com piso de R$
1.321,26 a R$ 2.560,23.
Nota do Sindicato
dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Muriaé e Região:
Após péssima proposta apresentada pelo setor que mais enche
os cofres no Brasil, categoria mais uma vez vai à luta pela valorização que
merece
Os bancários entram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira 6 após
rechaçarem com veemência, em assembléias por todo o Brasil, a proposta
apresentada pela federação dos bancos (Fenaban) para renovação da Convenção
Coletiva de Trabalho da categoria. Nas mesas específicas com Banco do Brasil e
Caixa Federal, nem proposta foi apresentada para renovação dos respectivos
acordos aditivos.
Tempo
e diálogo não faltaram para os banqueiros resolverem o processo nas mesas de
negociações. As três pautas, democraticamente construídas com a participação de
trabalhadores de todo o país, foram entregues em 11 de agosto e, de lá para cá,
foram seis rodadas de debates só com a Fenaban. Houve negociações com a direção
do Banco do Brasil e com a diretoria da Caixa. A data base dos três acordos é
1º de setembro.
Foram
mostrados para eles com vários dados que é possível, e necessária, a
valorização da categoria, na última reunião vieram com a pior proposta dos
últimos anos que traz perdas enormes para a renda dos trabalhadores e não
contempla outras prioridades, como garantia de emprego, combate ao assédio
moral e metas abusivas, igualdade de oportunidades para todos, dentre outros
pontos da pauta.
Os
bancos ofereceram reajuste de 5,5% nos salários e verbas, ante a inflação de
9,88% no período, o que geraria perda de 4% nos salários, anulando os ganhos
reais conquistados, com muita luta, nos dois últimos anos. Só em 2013, foi
quase um mês de greve. No vale-refeição, o reajuste não pagaria uma coxinha, já
que representaria R$ 1,43 ao dia.
O
abono de R$ 2,5 mil também foi rechaçado. A categoria entendeu que, além de ser
pago só uma vez, o valor não integraria o salário e, conseqüentemente, não se
incorporaria ao FGTS, à aposentadoria nem ao 13º, gerando perdas enormes também
no longo prazo. Fora que sequer seriam esses R$ 2,5 mil, porque sobre eles
incidem imposto de renda e INSS.
Cofres cheios
A intolerância da categoria com a proposta não é à toa, afinal os bancos
passaram bem longe da tal crise alardeada. Engordaram seus cofres no primeiro
semestre lucrando R$ 36,3 bilhões, 27,3% a mais do que o mesmo período do ano
passado (resultado de BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander).
De
2013 para cá aumentaram as tarifas 11 vezes mais que a inflação e 9,83 vezes
mais do que pagam para os bancários. Só com o que arrecadam com elas, daria
para cobrir todas as folhas de pagamento e sobraria muito para contratar mais,
necessidade premente da categoria.
E
como falar em crise para negar as reivindicações, se o setor paga, em média,
quase R$ 420 mil por mês para cada executivo, contra o salário médio de R$ 6,2
mil para os trabalhadores? Justamente eles, os bancários, grandes responsáveis
por ir para a linha de frente e gerar tanto resultado.
Aí
chega na hora de negociar, eles desrespeitam todas as nossas reivindicações. É
uma proposta vergonhosa. A categoria bancária tem de ser respeitada,
valorizada, pois são os responsáveis pelos lucros. Vamos fazer uma greve muito
forte para mostrar a reprovação dos trabalhadores com a proposta dos bancos.
Confira as principais reivindicações
Reajuste salarial de 16% (reposição da inflação do período
de setembro 2014 a agosto de 2015, mais 5% de aumento real);
PLR
equivalente a três salários mais R$7.246,82;
Piso de R$
3.299,66 (salário mínimo do Dieese, valor de junho);
Vales
alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá de R$788,00 ao mês;
Melhores
condições de trabalho;
Fim das
metas abusivas e do assédio moral;
Isonomia
entre os empregados pré e pós 1998 nos bancos públicos;
Garantia
do emprego;
Fim das
filas com mais contratações de bancários;
Combate às
terceirizações e luta contra a aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal; Plano
de Cargos e Salários (PCS) para todos os bancários;
Igualdade
de oportunidades com o fim das discriminações nos salários e na ascensão
profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com
deficiência (PCDs).