Gazeta de Muriaé
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Em 16/11/2007 às 07h21

Escritora Roseana Murray reúne-se com professores

Classificados Poéticos
Procura-se um equilibrista
que saiba caminhar na linha
que divide a noite do dia
que saiba carregar nas mãos
um fino pote cheio de fantasia
que saiba escalar nuvens arredias
que saiba construir ilhas de poesia
na vida simples de todo o dia

  O poema de Roseana Murray ilustra bem o objetivo da escritora de despertar as pessoas para a arte e, principalmente para o fascinante mundo da poesia. É uma celebração à criatividade que, segundo a própria poetisa, surge do cotidiano, da simples dedicação a uma tarefa de pensar por alguns minutos. “Quinze minutos de atividades - é o meu desafio para as escolas. A minha proposta por onde passo é que cada professor exerça esses quinze minutos em sua sala de aula, com leitura, teatro, poesia, pois é muito importante, principalmente para a criança, criar”, ressaltou ela, em visita à Escola Municipal Maria Clara de Castro Rogério, no Bairro do Porto, no último sábado (10).

  O encontro com a secretária Municipal de Educação, Maria Amélia Xaia, e com professores e diretores, também serviu para destacar o projeto “Literatura itinerante”, através do qual poemas de Roseana e desenhos de alunos muriaeenses são utilizados para ilustrar as costas dos bancos dos ônibus urbanos. “Acho que esse projeto é único no Brasil. Eu, por exemplo, não conheço nenhum parecido. Entre tantos poetas maravilhosos, eu fui escolhida; e isso é válido, porque o passageiro às vezes está cansado, voltando do trabalho e pode ter acesso a essa arte. É uma idéia belíssima e Muriaé está de parabéns”, comentou.

  A escolha da obra de Roseana Murray para o projeto que tem encantado a cidade não foi por acaso. Nascida em 1950, no Rio de Janeiro, a escritora tem traçado um caminho singular e diferenciado no percurso da lírica moderna. Embora sua obra seja dedicada basicamente ao público infanto-juvenil, ela consegue ultrapassar a fronteira da faixa etária, dando novos sentidos a simples palavras do dia-a-dia, através de metáforas e de um diálogo rico de imagens.

  Para ela, que desde menina sempre gostou de ler tudo o que via pela frente, a principal função da escola é despertar o senso crítico de seus alunos, para que eles se apoderem da leitura: “É necessária uma mudança sistemática da metodologia de ensino das escolas para tornar mais agradável a vivência em sala de aula. Isso é uma coisa que a gente sabe que demora para acontecer. Eu proponho uma leitura compartilhada, rodas de leitura dos professores com os alunos, porque ler junto é muito agradável e o resultado é maravilhoso. O professor lê o texto, os alunos acompanham e, depois, é feita uma discussão, pois o aluno tem que aprender a pensar. Antes de qualquer coisa, a escola deveria ensinar a pensar”.

  Durante o encontro, Roseana Murray, que entrou para o mundo da poesia infantil há quase 20 anos, também falou sobre a presença cada vez mais constante da internet na vida das crianças e aconselhou os professores a ensinarem os alunos a compreender o texto: “Se o aluno não entende o texto, como vai entender o mundo tão complicado em que vivemos e ter uma leitura crítica do que acontece à nossa volta? Ele vira uma presa fácil para qualquer coisa se não souber ler”, pontuou.

    Formada em Letras e Literatura Francesa, Roseana é casada com Juan Arias, jornalista e escritor espanhol, correspondente do jornal “El País”, de Madrid. Ela já publicou mais de 40 livros, entre eles, “Classificados Poéticos”, “Falando de Pássaros e Gatos” e “Olhar”. Além de escrever poemas para todas as idades, a poetisa viaja fazendo oficinas de sensibilização para a leitura e a escrita, trabalho com adolescentes e professores. Sua principal meta, além de continuar escrevendo, é despertar cada vez mais a arte entre seu público: “A arte é o que ajuda a auto-estima. Essa é sua função, fazer com que o ser humano se expanda e desabroche, criando. Nós somos seres criativos, criadores, e, muitas vezes, a escola, ao invés de estimular isso, ela mata isso. A escola precisa deixar seus alunos criarem”.

Autor: Andréa Oliveira

Fonte: Gazeta de Muriaé



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