Gazeta de Muriaé
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Em 08/06/2015 às 10h28

Luta Antimanicomial: uma vida mais digna para quem sofre

Comemorado no dia 18 de maio, o dia Nacional de Luta Antimanicomial, foi realizado nos dias 28 e 29 de maio, no Teatro Zaccarias Marques, com o Fórum de Saúde Mental, que contou com palestras, no intuito de melhorar e dar um pouco de dignidade aos pacientes que sofrem de distúrbios. 
O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro desta luta está o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental em nome de pretensos tratamentos, ideia baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental. O Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar que como todo cidadão estas pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.
De acordo com Luíza Agostini de Andrade, referência em reabilitação em Muriaé, coordenadora do centro de reabilitação e uma das organizadoras do Fórum de Saúde Mental em Muriaé, a luta ainda é grande, precisa de tempo muitas adequações: "O primeiro Fórum de Saúde Mental de Muriaé teve por objetivo mostrar para a população, para os profissionais de saúde, para as autoridades convidadas, para a PM para o Corpo de Bombeiros, para o SAMU, para o Hospital São Paulo e para todos os profissionais de saúde prestadores de serviços hospitalares, quais são as reais políticas de saúde mental, como a gente deve se portar enquanto profissional de saúde perante um doente mental. 
E quando nós trouxemos autoridades como o Dr. Rodrigo Barros que é promotor do estado de saúde; Leiseni que é membro do Ministério de Saúde representante da saúde mental; Marta Elizabeth que é coordenadora de saúde mental do estado; Tainara que veio falar sobre o financiamento em torno da saúde mental também no estado; Fabiana que é coordenadora da saúde mental da GRS de Ubá; quando a gente forma uma mesa farta de conhecimento, a gente entende que eles falam o que tem que ser feito e em contrapartida a gente mostra pra eles na oportunidade que o debate deu, quais são as nossas dificuldades, nossos enfrentamentos, a partir daí eles começam a entender a necessidade de flexibilizar os prazos com a nossa postura de adequações.", disse Luiza.
Para ela os resultados do fórum foram muito satisfatórios, com os profissionais já começando a se mostrar favoráveis à nova proposta de acolhimento e atendimento ao doente mental, sem internação manicomial: "Isto é muito bom para que o executivo municipal e suas secretarias possam alinhar ainda mais ostrabalhos. Em breve estaremos instaurando o CAPS AD – Centro de Atenção Psicossocial a usuários de Álcool e Drogas -, e estamos trabalhando principalmente em nossa rede, que no momento é nossa fragilidade, entendo que este trabalho nunca estará pronto, sempre vai existir reparos e atualizações na rede de profissionais. 
O novo sistema de atendimento – sem internação manicomial - é voltado ao paciente para que ele não entre em surto (crise), para que ele possa viver em harmonia na sociedade e possa ser atendido sobre nossos cuidados, no município, com a presença da família, com o devido acompanhamento da equipe de saúde bem treinada para tal, inclusive em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Secretaria de Saúde que são corresponsáveis nesse processo". 
Para finalizar, a organizadora explicou que a demanda de atendimento em Muriaé é muito grande, principalmente porque algumas cidades vizinhas, mandam pacientes para serem tratados no município: "A cidade de Miraí, por exemplo, que tem enviado pacientes para Muriaé, a partir de agora terá que se organizar para cuidar dos seus doentes, pois, a verba destinada aos pacientes daquela cidade não chegam a Muriaé. O que ocorre hoje é que Muriaé atende este paciente de Miraí, e lógico que seria desumano não atender. Os representantes de Miraí no Fórum vieram para aprender com o que tem sido implantado aqui em nossa cidade, pois eles também terão que prestar contas ao promotor da saúde até o dia 25 de junho sobre a nova postura. Entretanto, quando a cidade faz isto, ela perde em recursos e passa a oferecer um serviço com limitações aos pacientes daqui, esta situação enfraquece a rede coordenada por Muriaé que abriga mais 10 municípios. Quando se fala da melhoria da rede de atenção psicossocial, fala-se dos 11 municípios participantes, a responsabilidade é muito grande.
Por tudo isto entende o 1º Fórum de Saúde Mental como um marco no atendimento em saúde mental, ele veio chamar os outros à suas responsabilidades para acolher o doente mental", finalizou Luiza Agostini.

O que são CAPS?
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de saúde mental, abertos e comunitários do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram concebidos como a principal estratégia do processo de Reforma Psiquiátrica. Os CAPS se constituem como lugar de referência e tratamento para pessoas com grave sofrimento psíquico, cuja severidade e/ou persistência demandem um cuidado intensivo, incluindo os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e outras drogas) e também crianças e adolescentes com sofrimento mental. Tal cuidado é realizado por equipe multiprofissional com prática interdisciplinar que inclui médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, assistentes sociais entre outros profissionais. 
Muriaé mantém atualmente um CAPS modelo II para municípios de até 200 mil habitantes e seu atendimento é realizado de segunda a sexta feira das 8 às 17h, na Praça do Rosário.r esta razão o Movimento tem como meta a substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos tradicionais por serviços abertos de tratamento e formas de atenção dignas e diversificadas de modo a atender às diferentes formas e momentos em que o sofrimento mental surge e se manifesta. Esta substituição implica na implantação de uma ampla rede de atenção em saúde mental que deve ser aberta e competente para oferecer atendimento aos problemas de saúde mental da população de todas as faixas etárias e apoio às famílias, promovendo autonomia, descronificação e desinstitucionalização. Além dos serviços de saúde, esta rede de atenção deve se articular a serviços das áreas de ação social, cidadania, cultura, educação, trabalho e renda, etc., além de incluir as ações e recursos diversos da sociedade.

Autor: Mariere Mageste

Fonte: Gazeta de Muriaé



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