Cartas precatórias serão
enviadas de Muriaé, na Zona da Mata, para pelo menos cinco pessoas de Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, para prestarem depoimento sobre
participação no caso de injúria racial envolvendo uma
jovem negra de 20 anos e o namorado branco, de 18 anos. Segundo o delegado
responsável, Eduardo Freitas da Silva, as cartas devem ser despachadas até a
próxima semana. A investigação segue duas
linhas: uma envolvendo pessoas e outra com relação a grupos. "Em um primeiro
momento estamos investigando perfis verdadeiros, que não são fakes. As cartas
serão enviadas para cinco a dez pessoas. Em um segundo momento pode ser
instaurado um novo inquérito para investigar comunidades", explicou. Ainda
conforme Freitas, os envolvidos de São Paulo têm ligação.
No dia 22 de setembro ele
esteve na Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos, em Belo Horizonte,
onde buscou auxílio técnico. "Encaminhamos um pedido
de informações sobre os perfis para o Facebook, mas devido à política da
empresa esse retorno pode demorar de seis a oito meses", contou.
Casal alvo de comentários
O caso começou a ser
investigado pela Polícia Civil de Muriaé no dia 27 de agosto após uma imagem
publicada no perfil da jovem ser alvo de comentários racistas.Os comentários preconceituosos
da foto associavam a relação do casal com escravos. Um deles dizia "Onde
comprou essa escrava?". Outros foram direcionados à jovem, como "Seu
dono?" e "eu acho que vc roubou o branco pra tirar foto". Um dos
comentários teve "aprovação" de 24 perfis.Na época, em entrevista ao G1, a jovem disse que as fotos já
estavam no perfil desde julho e que não entendeu porque só em agosto houve
estas manifestações. "Eu não entendo, até porque aquela foto já estava há
muito tempo no meu perfil e de repente começaram os comentários. Chorei muito,
mas eu recebi bastante apoio do meu namorado e da minha família", desabafou.