"Felicidade é algo muito simples é a presença de Cristo em nós, o resto é acréscimo"

 

Na quinta-feira (18) foi comemorado o Dia do Amigo. Nessa data, uma pessoa, em especial, foi lembrada pela nossa reportagem. Rubem D` Castro, colunista social e aposentado, nasceu em Itamurí, no dia 20 de maio de 1934. Esse ano, ele comemora 79 anos e pode se considerar uma pessoa muito querida em Muriaé, cidade onde fez um grande número de amigos.

Rubem D` Castro não esquece de ir  à missa todos os dias e, segundo ele, leva uma vida mais voltada para o celibato, afinal, sua vocação maior, era ser padre. Abandonando essa vocação, ele foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como modelo, ator, cantor e decorador na rede Globo.

 

Gazeta de Muriaé: Rubem D` Castro, após sair de Itamurí, como foi a sua trajetória?

 

Rubem D` Castro: Fui estudar em Miradouro, depois vim para Muriaé, logo em seguida, fui para o seminário.

 

GM: Porque abandonou o seminário?

 

Rubem D` Castro: Meu pai não queria que eu fosse padre. Não queria aceitar minha vocação. Nasci para ser, mas não fui escolhido, então eu aceitei.

 

GM: Você saiu do seminário e foi morar no Rio de janeiro?

 

Rubem D` Castro: Sim, fui trabalhar numa loja de cristais. Trabalhando nessa loja, conheci a mãe do Agildo Ribeiro e ela ficou minha fã.

 

GM: Qual foi a influência dela em sua vida artística?

 

Rubem D` Castro: Ela me levou para fazer um teste no teatro. A peça era "Carnaval de Bambolê". Nunca tinha trabalhado nesse meio. Fiz o teste, passei, logo em seguida, fui chamado para ser manequim de uma loja conhecida no Rio de Janeiro.

 

GM: Fale sobre o concurso que o levou para Buenos Aires, na Argentina.

 

Rubem D` Castro: Fiz um concurso de manequim na Globo. Eram muitos rapazes e muitas moças e fui escolhido. O júri era Reginaldo Faria, Antônio Marcos (ex-marido da cantora Vanusa) e Regina Duarte. Com esse resultado, fui escolhido para ir para Buenos Aires, trabalhar na loja da Tereza Goulart, viúva do João Goulart.

 

GM: Como foi sua chegada à Argentina?

Rubem D` Castro: Ao chegar, entrei em depressão, pois fui morar com muitas moças e rapazes que fumavam e bebiam, e eu não gostava dessa vida de ‘noitadas’.

GM: Como superou essa fase?

 

Rubem D` Castro: Fui morar na casa do Roberto Pavone (primo da cantora Rita Pavone). A mãe dele, Maria Ester Pavone, me convidou para morar lá. Era no bairro Flores, em Buenos Aires, uma suíte que estava vaga.

 

GM: Como era a sua vida com os amigos na Argentina?

 

Rubem D` Castro: Todos os sábados, nossa turma de manequins ia para a Casa de Tango. Todos bebiam de tudo, porém, eu preferia saborear um belo vinho.

 

GM: Você conheceu a família do Papa Francisco, da Argentina?

 

Rubem D` Castro: Sim, pois sua Catedral é no bairro Flores, onde eu morava.

 

GM: Por que abandonou a Argentina?

 

Rubem D` Castro: Quando a minha mãe adoeceu, eu joguei tudo para o alto e vim embora para Muriaé. Eu estava no auge da minha carreira em Buenos Aires, onde fiquei por dois anos e meio.

 

GM: Ao voltar para Muriaé, onde trabalhou?

 

Rubem D` Castro: Na Casa Guarino e nas Casas Silveira, por 36 anos. Nessa época, também promovia diversos desfiles em Muriaé.

 

GM: Quando morava no Rio de Janeiro, você também desfilava em Escola de Samba?

 

Rubem D` Castro: Sim, desfilei na Portela 34 anos. Era amigo da Clara Nunes e desfilava na Ala Botafoguense, apesar de ser tricolor (risos). Sou padrinho da filha do goleiro Felix que defendeu as cores do tricolor das laranjeiras, que infelizmente veio a falecer em agosto de 2012.

 

GM: Falando em futebol o que me diz da copa de 70?

 

Rubem D` Castro: Estive no México na copa de 70, e pude ver jogando craques como Rivelino, Pele, Jairzinho, Tostão, Gerson e meu compadre, o goleiro Felix. Ser tri-campeão foi uma sensação ímpar.    

 

GM: Você também já esteve na Terra Santa. Qual a emoção sentiu?

 

Rubem D` Castro: Realizei meu sonho, que era beijar o chão que Jesus nasceu e me banhar no Rio Jordão. Eu me encontrei. Mudei a minha vida, depois que fui à Terra Santa, hoje, vivo em função de Jesus.

 

GM: Quais foram os filmes e seriados que você participou?

 

Rubem D` Castro: Fiz participação especial no filme "Os Machões"; fiz um seriado, "O Crime do Castiçal" e o filme "Independência ou Morte", com Tarcísio Meira e Glória Menezes.

 

GM: E no teatro, como foi a sua participação?

 

Rubem D` Castro: No teatro fiz o "Carnaval de Bambolê"; "Vou à Lua de Lambreta" e "De Cabral à JK", com Dercy Gonçalves. Foi muito boa essa experiência artística, que eu tive no Rio de Janeiro.

 

GM: Você também cantava. Gravou algum disco?

 

Rubem D` Castro: Sim, inclusive, com uma composição minha: "Trem de Minas". Também cantava em boates e cantei na rádio Nacional.

 

GM: Como começou como decorador?

 

Ruben D` Castro: Fiz o meu primeiro buquê em 1957, no casamento de meu irmão. Depois fui trabalhar como decorador na Globo e, hoje, faço decoração de casamentos na cidade e região.

 

GM: Você que é tão religioso, o que tem a dizer para as pessoas à respeito da fé?

Rubem D` Castro: A gente tem que procurar Deus, seja qual for a religião. Eu respeito todas, porque Deus é um só, e ele dá o frio conforme o cobertor. Temos que nos aproximar mais de Jesus, esquecer o que ficou para trás, e ter muita fé em Deus e Maria.

 

GM: O que você diria para as pessoas que estão começando agora e estão em busca de sucesso profissional?

 

Rubem D` Castro: Temos que começar por baixo, ser humildes e ser amigo das pessoas. Quando cheguei ao Rio, dormia em cima de jornais, no chão. Hoje, era para eu ser rico, porém preferi ajudar as pessoas. Prefiro me sacrificar, mas ajudar o próximo.

 

GM: O que diz dos seus amigos?

 

Rubem D` Castro: Tenho muitos, graças a Deus, e não posso me esquecer deles. São eles que me dão força e suporte, não daria para citar aqui, pois posso ser injusto e esquecer de algum nome, mas fica aqui meu abraço a todos eles.