Gazeta de Muriaé
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Em 19/07/2007 às 15h56

Agricultura familiar: a força que vem do campo

  A rotina de trabalho do produtor Ivo Vanderlei de Souza começa cedo. Às 5h, ele sai de bicicleta de sua casa, no bairro Dornelas, rumo à região de Divisório. Às 6h, quando o dia começa a clarear, Ivo chega à Fazenda Garcia, onde o irmão, José Luiz de Souza, já está na lida, alimentando o gado da propriedade.

  Esses dois homens são personagens de uma história de trabalho e sucesso, cujo enredo destaca a agricultura familiar, um sistema predominante no mundo inteiro, que consiste em uma forma de produção na qual o núcleo de decisões, gerência, trabalho e capital é controlado pela família.

  A agricultura familiar não significa pobreza, mas investimento em força de trabalho, visando o crescimento da propriedade - no caso dos irmãos Souza, a Fazenda Garcia, onde vivem seus pais, Pedro Francisco e Zilda, e a irmã, Maria Luiza.

  Com área de dois alqueires - quatro hectares de terra -, e rebanho de 10 vacas em lactação, a propriedade da família produz cerca de 200 litros de leite ao dia, número que já denota a importância da atividade para o município e coloca esses pequenos produtores como exemplo para toda a região. “É uma família muito unida, que dá uma verdadeira lição de produtividade leiteira para outros produtores que desejam ingressar na Agricultura Familiar”, diz o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Francisco Ofeni. “Embora seja uma pequena área de terra, com terreno difícil, eles estão conseguindo uma produção alta e, assim, mantêm a propriedade e as despesas da casa, investindo no próprio negócio”, completa.

  No Brasil, 80% do número de estabelecimentos agrícolas são de propriedade familiar. O segmento detém 20% das terras e responde por 30% da produção nacional. Em alguns produtos básicos da dieta do brasileiro - como o feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais – a Agricultura Familiar chega a ser responsável por 60% da produção. Em geral, os agricultores diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra. Por ser diversificada, a Agricultura Familiar traz benefícios agro-sócioeconômicos e ambientais.

  Ela tem um papel crucial na economia das pequenas cidades, pois os produtores e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos no comércio e na prestação de serviços.  A melhoria de renda deste segmento, por meio de sua maior inserção no mercado, tem impacto importante no interior do país e, por conseqüência, nas grandes metrópoles.

  A história de sucesso dos irmãos Ivo e José Luiz tem início em 1996, quando deixaram de ser empregados para ingressar na atividade leiteira, ainda que com uma produção pequena – apenas cinco litros de leite por dia. Aos poucos, a dedicação ao trabalho e a vontade de vencer tornaram-se quesitos essenciais para o desenvolvimento profissional. Compraram dois alqueires de terra anexo à propriedade, onde deram início a uma atividade capineira, plantando cana para alimentar o gado.

  “A alimentação do gado é na base de silagem de milho, com capim verde picado e também cana com uréia. Esses produtores fazem parte da Associação de Produtores de Divisório que tem hoje 24 membros, e lá entregam seu leite. A vantagem de serem associados é que compram insumos – como milho e soja para compor ração - com diferença de preço de até R$ 7,00 por safra, graças ao trabalho de associativismo”, explica Franciso Ofeni.

  Para assegurar o escoamento de produtos e o conseqüente crescimento da Associação, a Prefeitura de Muriaé, através da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente investe na recuperação de estradas, além de ter construído, em parceria com os associados, um galpão para armazenamento de ração, permitindo que a Associação compre milho e soja diretamente do produtor, por um preço mais acessível.

Autor: Andréa Oliveira

Fonte: Gazeta de Muraié



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