Em 17/09/2012 às 08h45
"A região de Muriaé tem na pecuária de leite uma atividade
importante, mas um dos gargalos é a qualidade genética do gado, então começamos
a estimular o uso de inseminação artificial para melhorar o rebanho. A
Emater-MG ajuda a escolher o sêmen que será utilizado na fertilização das
vacas. Também dá todo o suporte técnico, estimulando a melhoria sanitária dos
animais, a alimentação deles, vacinação, pastejo rotacionado e outros
cuidados", explica o coordenador técnico regional de Muriaé, Ricardo Tadeu
Galvão Pereira. Para Ricardo, o ideal é que todos os municípios adotassem
programas voltados a esse objetivo. "Um bom avanço na genética reflete no preço
do gado e isso é excelente para o produtor, que ganha na produtividade do leite
e portanto na renda", justifica.
O extensionista agropecuário e zootecnista Evandro Lelis concorda com o colega. Lotado no escritório local da Emater-MG de Rosário da Limeira, município que há mais de quatro anos estimula o aperfeiçoamento genético do rebanho leiteiro, ele afirma que com a medida já é possível aumentar a produção de leite, mesmo com um número menor de vacas. "Antes para produzir 100 quilos de leite eram necessárias 20 vacas. Hoje com o aprimoramento genético conseguimos a mesma produção tendo a metade de vacas", garante. Mas Lelis ressalta a necessidade de aliar a iniciativa a outras técnicas. "Para a pecuária leiteira progredir são necessárias três ferramentas: genética, nutrição e manejo. Na Emater pautamos nossas ações no melhoramento genético, nutrição balanceada e de menor custo, principalmente com um bom manejo sanitário e das pastagens", afirma. Segundo Evandro, o projeto de melhoramento genético do município já atendeu mais de 100 produtores, com mais de 1000 doses de sêmen doadas.
De acordo com o extensionista de Rosário da Limeira, 50% da
população do município estão na zona rural, constituída de pequenos
proprietários enquadrados no segmento agricultura familiar. "São 500
propriedades, sendo que, mais da metade abaixo de 10 hectares", diz. Segundo
Lelis, a cafeicultura foi durante muito tempo a principal atividade da
agricultura local, mas devido à crise de algumas empresas cafeeiras da região e
do baixo preço do produto, os produtores de Rosário da Limeira partiram também
para outras atividades como a bovinocultura de leite, silvicultura e
hortigranjeiro. "Mas a que merece mais destaque é a bovinocultura de leite",
salienta. Ele acrescenta que uma estratégia importante para aumentar a renda
dos produtores é vender os animais excedentes de qualidade, garantindo outra
renda além do leite. Para tanto, segundo o técnico, o próximo passo será montar
um leilão desses animais excedentes no município. A iniciativa vai garantir
mais credibilidade e visibilidade à genética do lugar, defende.
Também em Antônio Prado de Minas, o projeto Parceiros do Campo, no qual a Emater-MG tem efetiva participação, já beneficiou 86 produtores com a doação de mais de 1.200 doses de sêmen para melhoramento genético do rebanho do município, por meio de inseminação. Um dos beneficiados é o produtor familiar Orleu Sales Silva, que tem uma propriedade de 40 hectares, onde vive e trabalha com a esposa e um filho adotivo. "A gente tinha quantidade, mas não qualidade. Melhoramos o gado e passamos a cuidar da pastagem, correção do solo. Hoje a gente vende o leite a R$ 0,82", enumera para explicar porque agora consegue produzir 200 litros de leite ao dia com apenas nove vacas geneticamente melhoradas. Antes de adotar os cuidados Sales produzia 140 litros por dia, com 40 vacas. O técnico agropecuário do escritório local da empresa pública de extensão rural, Juliano Xavier Lima explica que o bom resultado do produtor Orleu envolve também outros cuidados na bovinocultura leiteira. "Ele melhorou o plantel e a propriedade, reformou as pastagens, adotou o pastejo rotacionado e a Integração Lavoura-Pecuária (ILP)", diz. Segundo Juliano, 100% dos produtores rurais de Antônio Prado de Minas são da agricultura familiar, sendo atendidos pela Emater-MG.