Gazeta de Muriaé
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Em 10/08/2012 às 09h34

Entrevista: Guilherme Simão Gontijo

"É uma experiência totalmente diferente das outras, eu trabalho levando saúde as pessoas"

O Sudão do Sul é o país mais jovem do planeta. Se emancipou em 9 de julho do ano passado, após uma votação nacional prevista no acordo de paz que pôs fim à 21 anos de luta entre o governo do Sudão e os rebeldes do Sul – a mais longa guerra civil africana, que matou 2 milhões de pessoas e forçou o deslocamento de 4 milhões, segundo a ONU. A separação, no entanto, não ajudou a situação do novo país onde, segundo a ONU, 90% da população é considerada pobre e uma em cada sete crianças morre antes de completar um ano. Este é o panorama encontrado pelo jovem farmacêutico Guilherme Simão Gontijo no Sudão do Sul, onde ajuda o projeto dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), uma organização médico-humanitária internacional, independente e comprometida em levar ajuda às pessoas que mais precisam. E assim, tornar públicas as situações enfrentadas pelas populações atendidas. São cerca de 22 mil profissionais de diferentes áreas, espalhados por 65 países, atuando diariamente em situações de desastres naturais, fome, conflitos, epidemias e combate a doenças negligenciadas. Com esse ideal, o jovem muriaeense se inscreveu para este projeto do MSF.


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Gazeta de Muriaé - Como surgiu a oportunidade de ingressar neste projeto?

Guilherme Simão Gontijo - Eu conhecia o trabalho dos Médicos Sem Fronteiras, e tinha muito interesse de fazer parte da organização. No início de 2010 eu me graduei em Farmácia  e nesse mesmo período ocorreu o terremoto no Haiti, enviei meu currículo mas a instituição exige experiência profissional anterior para poder iniciar as atividades nos projetos. Então busquei essa experiência.

GM - Quais suas funções e por quanto tempo deve ficar no Sudão do Sul?

Gontijo - No Sudão do Sul sou o farmacêutico responsável por atender a dois campos de refugiados, um chamado Doro e o outro Batil, ambos juntos tem mais de 40 mil pessoas. Na farmácia Central preparando os pedidos, são pedidos que normalmente são para uma semana, mas algumas vezes a demanda aumenta mediante a diversos fatores (chegada de novos refugiados por exemplo) então recebemos pedidos de emergência para poder suprir essa necessidade. O meu tempo aqui é de 3 meses mas podem ser prorrogados mediante a necessidade, então vou continuar aqui  fazendo meu trabalho.

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GM - O que você esperava encontrar, e como é o trabalho e o dia a dia?

Gontijo - As instruções que eu recebi eram que deveria ser o farmacêutico responsável pelo campo de Doro, mas surgiu o campo de Batil e quando eu cheguei em Bruxelas falaram sobre mais sobre esse novo campo. Eu sabia que seria muito trabalho. E nosso dia a dia é para dar amparo às essas pessoas, trabalhamos para poder responder suas necessidades.

GM - Onde você está trabalhando, qual a situação do local e dos refugiados que precisam de ajuda?

Gontijo - Eu trabalho na província de Maban, próximo a uma vila chamada Bounj, esta fica próxima ao campo de refugiados de Doro e a 30 minutos de carro do campo de refugiados de  Batil. O acesso é difícil porque as estradas são de terra, temos muitos buracos e no período atual (período de chuva) temos muita lama o que dificulta o acesso. Quanto aos refugiados, grande parte encontra-se desnutrida, esse estado favorece a doenças oportunistas como infecções, já que a desnutrição compromete a resposta natural do corpo contra as infecções. As principais infecções são respiratórias (pneumonia), infecções intestinais que provocam acentuada diarreia, desidratação e  malária. Os Médicos Sem Fronteiras respondem a todas essas moléstias, não medimos esforços para levar à essas pessoas o melhor tratamento possível.  

GM - E quais cuidados de saúde as pessoas da equipe de saúde devem ter?

Gontijo - Nossa preocupação é em relação à malária, usamos todo tipo de profilaxia, medicamentos, repelente e mosquiteiro nas camas e os cuidados normais com higiene pessoal.

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GM - Como está sendo essa experiência em sua vida profissional e pessoal?

Gontijo - Como profissional está é uma experiência totalmente diferente das outras, eu trabalho levando saúde as pessoas. E é fantástico você ver as pessoas recuperando-se por meio do tratamento dos Médicos Sem Fronteiras, principalmente as crianças as mais afetadas por essa situação catastrófica.

 

GM - Como as pessoas podem ajudar esse projeto do MSF?

Gontijo - Os Médicos Sem Fronteiras são uma instituição humanitária que leva ajuda em situações de crise em qualquer parte do mundo, e ela é financiada por pessoas como eu e você  por meio de doações. As doações podem ser feitas pelo site da organização existe o campo onde podem ser feitas as doações. Lá você encontra informações como, com apenas R$ 1,00 real por dia você trata uma criança com menos de 5 anos de desnutrição. Com R$4,00 reais por dia você ajuda a vacinar 1980 pessoas de meningite por 1 ano. Seja um doador sem fronteiras.

 

GM - Quando volta ao Brasil e a Muriaé?

Gontijo - O prazo para finalizar minha participação no projeto é para o início de outubro, quando finalizada tenho que retornar primeiro a Bruxelas, no escritório da organização para reportar algumas informações e após isso retorno ao Brasil e a Muriaé.

 

GM - O que pretende fazer após essa experiência?

Gontijo - Me preparar para as próximas!


Fotos: Arquivo pessoal/MSF

Autor: Gazeta de Muriaé

Fonte: Gazeta de Muriaé



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