Gazeta de Muriaé
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Em 02/04/2012 às 14h36

Como deve ser o relacionamento em família nos dias de hoje

No cotidiano, novos desafios na convivência familiar mudam o antigo paradigma das relações entre pais e filhos

Como pais e filhos: relacionamento tem mudado com

Nos tempos atuais, a convivência em família tem se tornado foco de discussões e debates dentro das escolas, no trabalho e também na grande mídia. Já não são raros casos de agressão dentro de um mesmo circulo familiar, por motivos diversos, que levam mesmo ao assassinato de algum parente, seja ele tão próximo como um pai ou um filho.

Com a constância que estão ocorrendo, não precisamos ir longe para tomar nota de novos casos. Mas afinal, como anda o relacionamento entre as pessoas de uma mesma família? Os tempos modernos ditam novos costumes, e a cada momento, precisamos nos atualizar sobre alguma coisa, devido ao grande volume de informação que nos é ofertada.

Diante deste panorama, não é fácil saber quais os limites dos pais na criação de um filho. E até mesmo onde devem influenciar ou não a vida de cada um deles. Para a psicóloca Ana Lúcia Correa Mazzini Silva, "da infância até a adolescência, que vai aproximadamente até os 18,19 anos cabe aos pais a função de educar, orientar, cuidar, apoiar e amar os filhos, formando sua personalidade, construindo cidadãos, socializando-os dentro de normas e limites, preparando-os para a vida em sociedade. A questão do limite se torna crucial e deve ser dosado de acordo com as necessidades de cada fase do filho". Ela ressalta que "Para os pais, às vezes se torna difícil compreender e aceitar que o filho cresceu e por isso ele deve ser tratado de acordo com sua idade, sua capacidade de assumir responsabilidades e avaliar as consequências de seus atos".

A também psicóloga Margarida Maria Paulo Rodrigues Vargas, ressalta que "não existe 'o' limite e sim limites, no plural porque são muitos e variam de acordo com a cultura, o ambiente, o projeto de cada família para a educação dos seus filhos. Toda convivência influencia: nós vestimos o que outras pessoas vestem e nos parece bonito ou nos dá a ilusão de pertencer ao grupo daquelas pessoas que admiramos, como os artistas, os jogadores de futebol, etc.", conclui.

 

Margarida destaca que "viver em família é nossa primeira experiência de viver em comunidade, em sociedade e deve ser nossa maior escola. À medida que os filhos crescem, eles devem ser estimulados à autonomia, a fazer e responsabilizar-se por suas próprias escolhas. Se entre os valores que a família desenvolveu como projeto de educação, está o RESPEITO, chegará o momento no qual, mesmo que os filhos ainda morem com os pais, eles poderão fazer escolhas livres, diferentes das que seus pais fizeram na própria vida ou pensam que fariam se vivessem a situação que o filho está vivendo e mesmo assim, pelo RESPEITO que há entre eles, poderão conviver em harmonia."

 

LEI DAS PALMADAS

Outra questão que interferiu no cotidiano das famílias e foi motivo de discussão foi a polêmica "Lei das Palmadas". O projeto, de autoria do Poder Executivo, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para estabelecer que "a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados pelos pais, pelos integrantes da família, pelos responsáveis ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou vigiar, sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação, ou qualquer outro pretexto". O texto determina ainda que seja considerado castigo corporal qualquer forma de uso da força física para punir ou disciplinar causando dor ou lesão à criança.

A proposta também estabelece que os pais que cometerem o delito deverão passar por acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e receberem uma advertência. Eles, no entanto, não estão sujeitos à prisão, multa ou perda da guarda dos filhos. Mazzini prefere ver a atuação do Estado de outra forma. "Se ele intervém na educação deve ser mais no sentido de orientar, apoiar e proteger a infância e adolescência de abusos e negligências que fatalmente influenciarão de forma negativa no desenvolvimento dessas crianças. É claro que os pais é que são os responsáveis pela educação, mas infelizmente há um esvaziamento desse lugar de direito e dever, carências graves de limites e de afetos", diz.

  Já Vargas espera outro tipo de atuação do Estado. "Espero que o Estado intervenha defendendo as crianças do trabalho escravo, mas oferecendo-lhes a chance real de terem um projeto de vida, o que eu só consigo acreditar que aconteça via educação de qualidade; eu ainda espero que o estado intervenha e ofereça suporte aos pais para que eles ofereçam vida digna e alimentem a esperança de seus filhos, sua crença e compromisso com um mundo melhor; eu ainda espero que o Estado assista o povo com investimentos em saúde que cuidem da vida das pessoas e não apenas de suas doenças graves. E quando eu digo que espero, não espero sentada. Espero fazendo alguma coisa, por pequena que seja, fazendo a minha parte e tomando posição diante de tudo que vejo e sei que acontece", completa.

 



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