Gazeta de Muriaé
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Em 02/04/2012 às 10h51

Minas lidera ranking de mortes por cocaína e álcool

Fatalidades em consequência da droga subiu 325% de 2006 a 2010

Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revelou uma triste realidade para os mineiros. Eles figuram como os que mais morrem por causa do uso de drogas legais e ilegais, como a cocaína e o álcool, em todo o país. As mortes por causa do fumo também acendem um alerta, já que o Estado aparece em terceiro lugar. O estudo levou em conta o período entre os anos de 2006 e 2010 e se baseou no registro de mortes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

 Segundo a CNM, Minas registrou 5.379 óbitos ligados ao abuso do álcool nos quatro anos avaliados. Só em 2010, foram 1.061 vítimas - uma média de 2,9 mortes por dia. O Estado tem 23 entre os 50 municípios brasileiros com as maiores taxas de mortalidade por abuso de álcool. Assim como no resto do país, a maioria das vítimas do álcool é homem, com idade entre 40 e 49 anos. No Brasil, foram 34.573 mortes - dessas, 31.118 eram homens. De acordo com o psiquiatra Valdir Ribeiro, membro da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas, é a partir dos 40 anos que começam a aparecer as complicações de saúde causadas pelo abuso do álcool.

 "Muitas pessoas beberam por mais de 30 anos. E, geralmente, vimos casos gravíssimos de gente que começa a frequentar a urgência médica em torno dos 40 anos de idade", explica o especialista. E o problema está em todo Estado: dos 853 municípios mineiros, 718 tiveram mortes causadas pelo consumo da bebida.

No caso da cocaína, foram 134 óbitos. E o relatório da CNM aponta que as estatísticas crescem a cada ano. Em 2006, foram 12, passando para 51 em 2010 - a elevação foi de 325%.

 

O Estado tem três entre os cinco municípios com mais mortes por causa da droga.

 

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirma que os números apontam uma falta de capacitação técnica para combater o problema. "Em Minas, (o problema das drogas) parece ser mais grave", afirma. Para ele, faltam políticas nacionais e estaduais para o enfrentamento e o combate às drogas. "É uma guerra terrível e sem fim. E isso nos preocupa", completa.

O tabaco também é uma causa de morte que preocupa. De 2006 a 2010, 459 mineiros morreram por doenças relacionadas ao cigarro. E, assim como no caso da cocaína, o número de vítimas cresce com o passar do tempo. No primeiro ano avaliado, foram 70 mortes. Em 2010, 117 mineiros perderam a vida.

 
Extensão das estradas é vista como vilã

 O subsecretário de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, credita o grande número de mortes por cocaína em Minas à extensa malha rodoviária do Estado. A presença da droga é facilitada pelas rotas do tráfico que cruzam as terras mineiras.Ele foi a Brasília na última sexta para tentar mais recursos para o combate às drogas.

 No caso do álcool, Benevides coloca os acidentes de trânsito como vilões. "Os jovens têm bebido cada vez mais cedo, e bebidas cada vez mais potentes. É uma questão cultural".

 

Tratamento -Complexidade é obstáculo

Um dos grandes obstáculos para a redução no número de mortes de usuários de drogas é o tratamento. Especialistas explicam que, como a dependência está ligada a uma série de fatores, entre eles questões sociológicas, culturais e psicológicas, o tratamento é muito complexo. "São necessárias várias intervenções para o sucesso no tratamento", informou o psiquiatra Valdir Ribeiro.

Mesmo com toda a dificuldade, Ricardo Franco, 37, conseguiu vencer o vício. Ele começou a beber quando tinha 15 anos e foi internado seis vezes em hospitais psiquiátricos, além de ter tido duas overdoses por cocaína. Hoje, ele dá palestras no Alcoólicos Anônimos (AA) para contar sua história de superação. "Para sair do fundo do poço, a pessoa precisa, antes de mais nada, se aceitar e admitir que é impotente. Depois, é procurar ajuda", afirma Franco, que é casado e tem três filhas.

Franco diz que está recuperado e que não usa drogas há um ano, mas diz que o vício deixou marcas em sua saúde. "A droga só me trouxe decepções, frustrações e brigas. Tive problema de pressão, alterações neurológicas e muita ansiedade. Até hoje eu tomo calmantes", conta.

No caso dos usuários de álcool, as doenças mais comuns são cirrose, pancreatite, lesão cerebral, alterações metabólicas, desnutrição e desidratação. "Podemos observar que cerca de 80% dos pacientes dependentes de álcool têm dependência séria, que acaba em doenças muito graves", completa Valdir Ribeiro.

Autor: Gazeta de Muriaé

Fonte: O Tempo

Tags: Alcool, drogas



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