Com a intenção de fazer uma homenagem a toda às mulheres leitoras da Gazeta de Muriaé, nossa equipe foi até ao distrito de Belisário encontrar-se com uma ilustre personagem a fim de resgatar sua história e tomá-la como exemplo de coragem, determinação e vitória, servindo de inspiração para todas as mulheres que almejam conquistar seu espaço na sociedade.

D. Aurelina de Oliveira Campos Campos, mais conhecida por todos como Dona Nina, começou a dissertar sobre sua história de vida contando que conheceu dois lados bem distintos da vida, um, vivido na infância e adolescência, de pobreza e dificuldade, "sou do tempo da lamparina, conheci o mundo antes da penicilina", disse ela, quando morava com sua família, a princípio na antiga Babilônia, hoje chamada de Vieiras, depois, em 1936, mudou-se para uma estação antes de Caratinga, sendo conduzida para lá de Maria Fumaça.

Através de uma tia conseguiu ganhar uma bolsa de estudo para estudar no Colégio Santa Marcelina, em Muriaé. Mais tarde foi para o Rio de Janeiro, onde cursou duas faculdades, uma de Letras e a outra de Administração Pública, na Fundação Getúlio Vargas, onde conseguiu uma bolsa de estudos. Sempre batalhadora e determinada vendia revistas nas ruas para se manter. Gostava também de praticar esportes, como vôlei e natação, freqüentava muito o Botafogo, de onde surgiu sua paixão pelo time.

Logo depois foi fazer o curso de Oficial de Chancelaria do Itamaraty e foi mandada para o exterior, em Nova York, onde ficou por 32 anos, sempre trabalhando em embaixadas com status diplomático. No exterior cursou mais duas faculdades, passando a ter em sua bagagem quatro formações diferentes.

Casou-se com Léo Perachi, um músico, maestro, compositor de Villa Lobos, parceiro de Tom Jobim e ao se aposentar foi morar em seu apartamento em Ipanema no Rio de Janeiro, onde viveu por cinco anos. Na companhia de uma prima veio visitar Belisário, quando se encantou pelo povoado e decidiu instalar-se no distrito que foi fundado pela sua família.

Já faz 21 anos que mora no povoado, onde pode presenciar a chegada de algum progresso, como a vinda do 2º grau para os jovens, entre outros. No decorrer de sua trajetória, Dona Nina absorveu para si alguns princípios que fez questão de ressaltar nesta conversa e que servem de conselhos para a vida de todos, entre eles estão: "todos somos aprendizes, usamos o que aprendemos na véspera"; "acredito na regeneração do ser humano, o ser humano deve ser trabalhado"; "ser ocupado e ser útil é muito bom, o ser humano se sente valorizado"; e, para finalizar com chave de ouro, Dona Nina disse algo de extrema sabedoria, que é privilégio de pessoas experientes e que já possuem anos e anos de muita vivência. A nobre mulher declarou, "acredito muito no bom trato. O amor é a mola de tudo no mundo. O amor é que move tudo", concluindo sua resumida história de vida que muito ensina e inspira.