Gazeta de Muriaé
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Em 24/05/2007 às 16h23

IV Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata

  Nos dias 17 e 18 de maio, a Prefeitura de Muriaé, através da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, em parceria com a Emater, Embrapa, Laticínios e prefeituras da Região, realizou o “IV Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata Mineira” e “2ª Copa Regional de Qualidade do Leite”, com palestras na AABB de Muriaé e um Dia de Campo na Fazenda Boa Esperança, no município de Barão do Monte Alto.

  O evento, que reuniu técnicos, profissionais do setor e estudantes, teve como objetivo a discussão de tecnologias para a melhoria da qualidade do leite, bem como sua industrialização, aumento da produção e rentabilidade do produtor leiteiro. Durante os dois dias de encontro, os participantes debateram temas como manejo sanitário e da ordenha, política leiteira, diversificação da atividade rural com o plantio de eucalipto, controle de invasores de pastagens, entre outros.

  “Nesse encontro, temos palestras e informações que contribuem e acrescentam conhecimento ao produtor, ajudando na administração da propriedade dentro da porteira. É um evento que está evoluindo e melhorando sua qualidade. Logo que assumimos a Secretaria de Agricultura, na Administração do prefeito José Braz, procuramos trazer para Muriaé esse encontro e, hoje, vemos que há um interesse muito grande dos produtores, inclusive de outros estados em participar”, explicou o secretário de agricultura e meio ambiente, Francisco Ofeni.

  O primeiro dia de Encontro, quinta-feira, 17, aconteceu na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), onde, após o café da manhã, os participantes assistiram às palestras do gerente do Banco do Brasil, Jorge Larcher, que falou sobre as linhas de crédito rural do banco para a pecuária leiteira. “Os principais atores desse encontro são os produtores, que enriquecem o evento com sua presença e participação. Estamos vendo muitos questionamentos, que é o objetivo do evento e o Banco do Brasil, como agente de crédito oficial do governo federal vem para questionar como esses órgãos – Emater, Secretaria de Agricultura, etc. – podem alavancar o crédito rural em Muriaé e região”, disse Larcher.

  Na seqüência, Manoel Teodoro, da Credimur, abordou a atuação de uma cooperativa de crédito na região leste da Zona da Mata. “Nosso objetivo maior é divulgar o trabalho que já vem sendo feito pela Credimur em seu departamento e campo, em relação à base que temos desenvolvido na região, falando dos encontros, das reuniões, dias de campo e do encontro regional em parceria com outras empresas, do incentivo à diversificação de atividades, como o plantio de eucalipto, que hoje é uma realidade para a região”. Para Teodoro, as associações são fundamentais para a rentabilidade no campo: “Hoje, o indivíduo que vender leite em volume menor não consegue preço bom. A forma de ser bem remunerado é através da cooperativa”.

  A “Política para o Setor Leiteiro e Diversificação da Atividade” foi tema do 1º painel do dia, que teve como moderador, o gerente de grandes negócios da Credimur, Sérgio Pina. “A Credimur, presente em todos os quatro encontros realizados até então, trousse uma novidade esse ano, o palestrante Élio Nunes, que falou sobre um programa de plantio de eucalipto, mas isso não quer dizer que estamos tirando o incentivo à produção leiteira, e, sim que estamos trazendo uma nova alternativa de atividade e renda para a região”, ressaltou Pina.

  Em sua palestra, o gerente da Companhia Agrícola Florestal Santa Bárbara (CAF) - empresa associada ao Grupo Arcelor -, Élio Nunes, apresentou o “Programa de Fomento: plantio de eucalipto”, que acaba de chegar ao município. “O propósito é plantar oito mil hectares na região, em parceria com os fazendeiros da micro-região de Muriaé. Já estamos efetivando essas parcerias. Em 15 dias na cidade, já finalizamos cerca de 15 contratos; até o final deste ano pretendemos estar com todos os contratos definidos para implementar nosso projeto de maneira consciente e consistente”. Nunes também explicou o objetivo do projeto: “Vamos plantar floresta em áreas de baixa utilização da propriedade, por conseguinte, o produtor vai estar diversificando e otimizando sua atividade rural. Acreditamos que, após completo o ciclo de corte, que é de seis anos, o produtor terá uma receita de 3 mil reais por hectare livre”.

  Após a exposição dos temas, foi realizado um debate com todos os participantes e, mais tarde, um almoço de confraternização, ao som do grupo “Estação Sertaneja”, que é um projeto da Secretaria de Agricultura para a revitalização do Horto Florestal.

  Na parte da tarde, aconteceu a apresentação do 2º painel do dia – “Disponibilização de Água em Propriedades Rurais e Vacinações em Gado de Leite” -, moderado pelo médico veterinário e técnico agrícola da Emater, Edson Curi. O Encontro prosseguiu com as palestras do coordenador técnico da Emater, Maurício Fernandes, e do professor da Universidade Estadual de Londrina, Amauri Alfieri. Eles falaram sobre a importância do espaço rural para disponibilização de água e sobre o controle sanitário de doenças reprodutivas, respectivamente.

    “Qualidade do Leite” foi o tema do Painel II, que teve como moderador o secretário de agricultura e Meio Ambiente de Muriaé, Francisco Ofeni. Ele destacou a importância do município como pólo de pecuária leiteira: “Hoje, Muriaé tem uma bacia leiteira expressiva no estado e, graças a essa produção, as indústrias de laticínio se estabeleceram aqui e, assim, a produção vai crescendo em técnicas e apresentando excelentes resultados. Estamos vendo um amadurecimento do setor. O mercado do leite está exigindo mais qualidade e as empresas também querem ter um produto de qualidade para oferecer ao consumidor - o que exige um trabalho mais primoroso do agricultor que, assim, acaba também tendo maiores lucros”.

  Segundo Ofeni, o incentivo dos órgãos públicos é fundamental para que os produtores possam se desenvolver: ”A nossa Secretaria está compromissada com o setor leiteiro do município. Temos vários programas de apoio ao pequeno produtor rural e procuramos levar a eles tecnologias novas, como a inseminação artificial, programas como o de captura de morcego, melhoria de estrada para facilitar o escoamento da produção, sempre contando com empresas como a Emater e o IMA, que prestam assistência ao produtor”, completou.

  O técnico da Parmalat, Francisco Junqueira, lembrou que as parcerias com o setor privado também são importantes: “A partir do momento em que, fazendo um evento desses, reunimos 280 produtores, vemos que eles estão com muito interesse e a indústria tem que trabalhar ao lado deles, dando assistência técnica e apoio, oferecendo informações para que possa aumentar a produção melhorar a produtividade e a qualidade do leite, pois assim a indústria também se desenvolve. Tendo informação, o produtor progride, se não, fica estabilizado na propriedade. A grande importância desse evento é trazer pesquisadores e autoridades para a região, também mostrando nosso potencial a eles. Desde o momento em que se mobilizem os produtores, órgãos e instituições, a região é beneficiada e tem como se desenvolver”.

  Para o gerente regional da Emater, Dr. Paulo Alexandre, o investimento em qualidade garante os lucros do produtor e benefícios à indústria. “Não só pecuária de leite, mas como em outras atividades, a questão da qualidade é imperativa, pois se o agricultor não produzir com qualidade, ele dificilmente consegue colocar seu produto no mercado. O consumidor é mais exigente, as indústrias também, pois o leite com maior qualidade permite que o processamento e industrialização tenham custo mais barato e fazem com que a oferta do produto ao consumidor tenha um diferencial de preço mais acessível”.

  As palestras seguintes foram “Manejo de Vacas em Ordenha e Resíduos de Antibióticos no Leite”, com o representante do Laboratório Novartis Saúde Animal, Octaviano Alves Pereira Neto, e “Qualidade do Leite e Manejo de Ordenha”, ministrada pela veterinária da Embrapa, Vânia Maria de Oliveira.

  Para o pesquisador Embrapa Gado de Leite Juiz de Fora, Rodolfo Torres, este é um bom momento para que a região volte à sua excelência na produção leiteira. “Perdemos espaço, tanto que somos a 2a região mais pobre de Minas Gerais. Mas estamos começando a recuperar esse espaço, acredito piamente que o leite vai dar um retorno muito grande, porque com essa expansão do álcool, o leite pôde se expandir por outras áreas. Muitas áreas vão ser tomadas por canas, então o leite vai ter que se voltar para nossa região e vai ficar mais importante. Hoje também estamos aproveitando as áreas mais difíceis, que não têm pasto, com programas como o de plantio de eucaliptos. A região está começando a criar oportunidades, nós temos que mudar o verbo, perdemos espaço, mas já estamos começando a retomar a melhoria da nossa renda”, disse ele.

  Como evento de grande porte, o “IV Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata Mineira” reuniu dezenas de municípios, além de participantes do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ainda na AABB, foi realizado o encerramento da “2a Copa Regional de Qualidade do Leite”.

  O Diretor Presidente da Credimur, Dr. Nelson Luiz Carvalho Schachnik, comentou a necessidade de qualidade nos dias atuais: "Estamos num mercado exigente, o consumidor quer, a cada dia, mais qualidade e esta exigência tende a ser mais forte no mercado; por isto, o produtor rural, a exemplo dos demais seguimentos devem se aperfeiçoar e oferecer a cada dia mais qualidade e produtividade”.

Autor: Andréa Oliveira

Fonte: Gazeta de Muriaé



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