Em 24/05/2007 às 16h17
Dia de Campo, em Barão do Monte Alto, encerra “IV Encontro de Produtores”
Neste ano, o segundo e último dia do “Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata Mineira”, foi realizado na Fazenda Boa Esperança, no município de Barão do Monte Alto. Participaram do “Dia de Campo” autoridades municipais, produtores, técnicos e empresas parceiras de iniciativas no meio rural.
Na abertura, o proprietário da fazenda, Dilsom Andrade de Paula, falou sobre o manejo realizado na área, que antes apresentava problemas e, agora, serve de exemplo para outros fazendeiros. “Esse é um desafio que enfrentei com o zootecnista da Parmalat. Combinamos que a gente faria esse trabalho conjunto, para que pudéssemos transformar a propriedade em unidade demonstrativa. Foi uma proposta que ele me fez e encarei esse desafio, o que na nossa atividade, é uma constante. Hoje me sinto feliz em contribuir com a região; é gratificante, porque além de me identificar com a atividade, também posso passar alguma coisa para os amigos e produtores”.
A Fazenda Boa Esperança é uma propriedade que passou de pai para filho, por isso o atual dono, Dilsom de Paula, engajou-se no projeto inovador, investindo mais em adubação, em uma área considerada nobre. Cerca de 5,3 hectares foram utilizados no trabalho de análise de solo, que permitiu a realização do pastejo rotacionado nas águas, chegando-se ao atual esquema de seis meses de pasto e outros seis de cocho para os animais. “O primeiro passo foi medir a propriedade, conhecê-la como um todo. Pegamos a área mais nobre e investimos em adubação e correção do solo. Em junho, fazemos essa analise e, a partir daí, é que determinamos o que será feito para o ano seguinte. Essa iniciativa começou na década de 1990 e, após dez anos de análise, percebe-se que o terreno está melhor a cada ano”, explicou Dilsom.
Durante o “Dia de Campo”, foram realizadas três estações – espécies de apresentações –, com abordagem de temas voltados para a pecuária leiteira. Os técnicos da CAF, empresa associada ao Grupo Arcelor, falaram sobre o uso de gel no plantio de eucaliptos; o representante da Fertilizantes Heringer S.A., Humberto Luiz Wernersbach, demonstrou técnicas de adubação e pastagem; e os técnicos Fabiano Mendes, da Dow AgroSciences, e Lelis Marcelo Duarte, da Nutrival, apresentaram métodos de manejo de invasores em pastagens.
Dos municípios co-realizadores do evento, falou o prefeito de Laranjal, Walmir Garcia, que relembrou a importância, não só do encontro, mas do aprendizado: “Em todo ramo temos que estar sempre aprendendo e, como produtor, a gente está aqui para descobrir coisas novas e levar o aprendizado para nossa cidade, para que os produtores de Laranjal, principalmente os pequenos, venham a ter propriedades lucrativas no futuro. Eles vêem atravessando um momento muito difícil, mas eu acho que já melhorou muito. Na minha administração eles já estão mais felizes e satisfeitos com o trabalho que estamos fazendo na associação e na comunidade. Hoje estamos aqui para aproveitar o melhor possível e levar tudo de bom para nossa querida Laranjal, onde os produtores rurais estão sempre envolvidos com a Prefeitura, Associações, Emater e todos os órgãos que procuram nos atender”.
Para ele, o investimento no setor rural resulta em crescimento na indústria: “Hoje nossa cidade, que é pequena, apesar de ter algumas indústrias, ainda depende, na maior parte, da agricultura e, por isso, temos que investir nessa área para ter dias melhores no município, já que, investindo no produtor, toda a cidade, todos os setores, estarão crescendo”, disse Garcia.
O prefeito de Eugenópolis, Vasco Navarro, também frisou a importância da experiência: “Viemos aqui hoje para podermos aprender com quem está na atividade há mais tempo. Acredito que será um dia produtivo e que todos sairemos daqui bem satisfeitos”. A mesma opinião foi compartilhada pelo Gerente de Grandes Negócios da Credimur, Sérgio Pina. “Esta é uma grande oportunidade de mostrar para outros produtores um modelo que deu certo, o modelo na propriedade do Sr. Dilsom. Com certeza, muitos verão que vale a pena investir em tecnologia”.
O professor de Zootecnia da Escola Família Agrícola de Pirapanema, Ângelo Dutra, que levou uma turma de 10 alunos do projeto para o “Dia de Campo”, acredita na prática para o engrandecimento das atividades teóricas: “Trouxe a classe para ver e ter uma vivência do que é manejo do gado, pastagens, etc. Isso é mais importante e valioso que uma sala de aula, principalmente para nós, que trabalhamos com ensino básico profissionalizante, visando abrir mercado de trabalho”.
Já o secretário de Agricultura de Eugenópolis, João Rafael Cruz, destacou o papel do acompanhamento técnico para o desenvolvimento da propriedade: “O importante do ‘Dia de Campo’ é passar para o pessoal informações sobre uma propriedade que está sendo eficiente quanto à ação com seu gado de leite e dizer que é possível trabalhar bem na atividade e ganhar seu dinheiro, o que muitos proprietários acham difícil. Este é um exemplo que serve para motivar os produtores que ainda têm que melhorar e deixar claro que isso é possível através do trabalho e do acompanhamento técnico. Serve para mostrar que é possível virar a mesa e fazer a propriedade vir a dar lucro”.
Para o prefeito de Antônio Prado de Minas, Luiz Carlos Rocha, um dos maiores problemas do setor de pecuária leiteira é a falta de coesão da classe: “O que lamentamos é que o setor não seja unido, pois o agricultor não se une para buscar solução para seus problemas, ou aperfeiçoamento para adequar-se à modernidade, porque hoje, sem se qualificar e se modernizar, não se consegue mais sobreviver na agricultura. A gente lamenta porque a agricultura é o maior investimento da região e vem acabando porque muitas pessoas não demonstram interesse para melhorar sua renda. A verdade é que não sabemos o que está acontecendo, se é falta de mão de obra, se é o produtor que não é qualificado”.
Rocha também parabenizou os realizadores do “Dia de Campo”, e falou sobre uma maior necessidade de apoio por parte do Governo e de revisão das leis que regem o trabalho rural: “Hoje, o produtor luta com muita dificuldade e esses eventos servem para ajudar, pois a tendência é direcionar maneiras corretas de se tratar a agricultura com mais empreendedorismo. As pessoas que querem ver a agricultura progredir estão fazendo seus papéis e, por isso, temos que ter mais eventos como esse, mas o produtor, mesmo com incentivos das secretarias, das Prefeituras, dos Sindicatos, da Emater e da Embrapa, está desanimado. Não quero culpar ninguém, mas vejo que esta é uma área que está sem motivação e que precisa ter uma atenção melhor”, finalizou.