Em 30/01/2012 às 11h40
A hanseníase, uma das doenças mais antigas da história da medicina, é lembrada em todo o mundo na última semana de janeiro, em três comemorações: Dia do Hanseniano (24), Dia Mundial de Combate à Hanseníase (26) e Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (29). Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) apontam que foram diagnosticados cerca de 2 mil casos novos a cada ano, nos últimos cinco anos, em Minas Gerais. Em 2011, dados preliminares mostram que 1.354 casos novos foram notificados, entre os quais 9,7% foram diagnosticados com deformidade, indicando um percentual ainda elevado de diagnóstico tardio.
Os casos da doença estão distribuídos por todo o Estado, mas a situação merece maior atenção na divisa de Minas com o Sul da Bahia, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal, onde existem aglomerados espaciais de casos de hanseníase. O problema é agravado não só pelos movimentos migratórios próprios destes locais, bem como pela estrutura assistencial existente.
De acordo com a coordenadora estadual de Dermatologia Sanitária, Ana Regina Coelho, a doença afeta a pele e os nervos periféricos, em especial os dos braços e das pernas, mas, se tratada precocemente e de forma adequada, tem cura e não deixa sequelas. "Qualquer mancha na pele ou área de pele aparentemente normal, mas com alteração de sensibilidade, pode ser hanseníase. Neste caso, o paciente deve ser encaminhado a uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento", ressalta.
Um levantamento do Ministério da Saúde revelou a redução significativa de 27,5% no total de casos novos entre 2003 e 2009, que passaram de 51.941 casos para 37.610, respectivamente. No mesmo período, o número de serviços com pacientes em tratamento de hanseníase aumentou em 45,9%, retratando a preocupação e atenção maior do cidadão com relação os males proporcionados pela doença.
Preconceito
Ana Regina lembra que a doença sempre foi cercada por um grande estigma e preconceito, devido às deformidades que podem acontecer quando o tratamento não é feito precocemente e de modo adequado. "As pessoas precisam saber que o tratamento existe, é gratuito, e feito durante 6 a 12 meses nas unidades de saúde. Iniciado o tratamento, o paciente não transmite mais a hanseníase para as pessoas com quem convive. Se a população em geral conhecer melhor o que é a doença, o diagnóstico será feito mais precocemente, sem deformidades, e o tratamento realizado por um tempo menor".
A secretaria vem mantendo o foco do programa de controle de hanseníase no diagnóstico precoce, tratamento adequado, vigilância de contatos, de acordo com as normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os casos que ocorrem em menores de 15 anos merecem atenção especial, quando as ações de vigilância epidemiológica são intensificadas. Em Minas Gerais, 3,7% dos casos ocorreram nessa faixa etária em 2010. O acometimento de crianças pressupõe a presença de adultos doentes sem diagnóstico e sem tratamento, convivendo e transmitindo a hanseníase para crianças e adolescentes.