Muriaé não será mais a mesma depois das fortes inundações que assolaram a população nas primeiras semanas do ano. Em meio a muita destruição, pânico, perdas e dificuldades abre-se um cenário onde pessoas que estão dispostas a ajudar, a prestar solidariedade e assistência fazem toda a diferença, tornando-se a esperança de muitos que, devido às circunstâncias, encontravam-se em desespero.

A equipe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Muriaé realizou e ainda está realizando um nobre trabalho de oferecer assistência aos atingidos pelas enchentes. A Gazeta de Muriaé foi até ao Centro Educacional Dom Delfim (antiga Febem), na Rua Itagiba de Oliveira, na Barra e conversou com duas assistentes sociais que compõem a equipe da Secretaria e que também participaram do trabalho de cadastramento, recebimento e distribuição de doações, Cristiane Cruz Teixeira, que é coordenadora do CREAS-Centro de Referência Especializada em Assistência Social e Amanda Ribeiro Silva.

Segundo Cristiane, o trabalho foi organizado em equipes, uma equipe ficava preparando o material para ser distribuído e outra equipe que ficava nas ruas, distribuindo, indo de rua em rua, de casa em casa, batendo na porta, se identificando e oferecendo a doação ao morador. No Centro Dom Delfim foi montada toda uma estrutura de recebimento e distribuição de material, de onde saía à ajuda para as famílias desabrigadas e desalojadas pelas enchentes.

A assistência oferecida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social foi através da entrega de kits de limpeza, de alimentos e roupas. E nos abrigos, com alimentação diária. Lá também foi realizado um cadastramento das pessoas e estava sendo verificado quem já poderia voltar para suas casas ou  quem deveria ser transferido para um outro local. "Foi mais uma assistência emergencial, com água, leite, socorro as mulheres grávidas, entre outras coisas", declarou Cristiane.

De acordo com as assistentes sociais, as pessoas recebiam uma cesta básica com alimentos, um kit de limpeza, no qual estava incluído: vassoura, rodo, balde, desinfetante, cloro, pano de chão, sabão em pó, sabão em barra, detergente, além de roupas. Muitos donativos chegaram como doação, de toda parte do Estado para a Secretaria, no entanto, muita coisa foi comprada pela Prefeitura.

Apenas três famílias ficaram desabrigadas e estão morando em um sistema de aluguel social que é custeado pela prefeitura, que funciona da seguinte forma: após o imóvel passar por uma vistoria da Defesa Civil e ser interditado, por ele estar em local de risco, podendo sofrer o risco de desabar, a pessoa que morava nesse imóvel é obrigada a sair dele e fica sob a responsabilidade da prefeitura até a prefeitura poder remanejá-la, por exemplo, quando é construído um projeto habitacional, assim que sair este projeto, essas três famílias serão incluídas nele, até então, o município fica arcando com a despesa.

Abrigos que foram organizados na cidade no período das enchentes

Durante o período das cheias funcionaram sete abrigos na cidade que estavam acolhendo as pessoas desabrigadas e desalojadas: um no São José, na Igreja Católica do Bairro São José, um na Casa de Oração do Bairro Dornelas, outro na Igreja Católica do Bairro Dornelas, no Santana, na Escola Cleria Ticon, na Igreja Assembléia de Deus, no Napoleão, o Salão das Testemunhas de Jeová e depois foram remanejados para um outro local, na Barra, funcionou primeiro no Lions Barra e depois as pessoas foram transferidas para a Escola Municipal Odaleia que funciona na Pracinha do Trabalhador, também teve um na Escola Municipal do Porto.

Dados Numéricos

Alguns dados numéricos foram repassados por Cristiane e Amanda, entre eles: o número total de afetados pelas enchentes foram de 60 mil; 20.947 pessoas ficaram desalojadas; 379 desabrigadas; foram distribuídas por dia nos abrigos 770 quentinhas, além de 3 mil pães para lanches; foram entregues 4.600 kits de limpeza e 6 mil cestas básicas. Os funcionários da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social trabalharam todos os dias, inclusive, sábados e domingos, de 12 a 14 horas por dia, incansavelmente, a fim de atender a todas as famílias que foram vítimas das enchentes, "enfrentamos essa situação de emergência com muita dedicação", ressaltou Cristiane satisfeita com o trabalho realizado.

As equipes trabalharam por três semanas dando assistência aos atingidos, sendo que o trabalho ainda não acabou. Existem aquelas pessoas que não estavam em casa quando eles passaram e agora eles estarão voltando e entregando a cesta básica com o kit limpeza. "Estamos entrando na quarta semana, ainda vamos fazer distribuição para aqueles que não receberam", declarou Amanda. As doações foram feitas por duas vezes em cada casa, na primeira semana foi entregue a cesta básica e o kit de limpeza e na segunda semana, a cesta básica, um fardo de leite e um fardo de água, além de roupas.

Sorteio de doações

Foram recebidas também doações de colchonetes usados, mas em uma quantidade muito pequena para o volume de pessoas que precisam, e até doações de cama ou algum móvel, então a Secretaria de Desenvolvimento Social decidiu que a entrega desse tipo de doação será feita através de sorteio realizado pela Rádio Muriaé. "Já passamos a lista com os nomes das pessoas, os números das casas e eles vão realizar este sorteio, para ser uma coisa mais justa, pois todos estão precisando", disse Cristiane.

A distribuição das doações serão encerradas essa semana, no mais tardar, semana que vem, pois as pessoas já estão voltando para suas atividades normais do dia-a-dia e os profissionais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social também precisam dar continuidade aos seus programas, aos seus atendimentos, considerando também que o trabalho emergencial já foi realizado.