Em 13/04/2007 às 09h58
Granja Itamuri adere a projeto que contribui para diminuir o Aquecimento Global
De acordo com as últimas previsões científicas, a temperatura do planeta pode se elevar em até seis graus até o ano 2100, devido ao aquecimento global - resultado do aumento de poluentes, principalmente de gases (ozônio, gás carbônico e monóxido de carbono) derivados da queima de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. As conseqüências deste fenômeno são catastróficas, como já se pode acompanhar nos noticiários: furacões, ondas de calor, aumento do nível dos oceanos, morte de várias espécies animais e vegetais, crescimento de desertos, entre outros.
Na tentativa de amenizar tais desastres ecológicos e climáticos, os países desenvolvidos (exceto os Estados Unidos) assinaram em 2005, o Protocolo de Kyoto, um acordo internacional que visa reduzir em 5,2% a emissão de poluentes responsáveis pelo efeito estufa. Sendo assim, as indústrias do primeiro mundo têm voltado seu interesse para países em desenvolvimento, que não participam do Protocolo e, portanto, permite uma compensação na proteção a camada de ozônio.
Em Muriaé a Granja Itamuri, de propriedade de José de Oliveira Muratori, José de Oliveira Muratori Junior e Marcelo Porcaro Muratori, vem trabalhando, desde o último 20 de março, em parceria com a empresa canadense AgCert, em um projeto que, além de rentável, irá colaborar para a redução do aquecimento global.
Trata-se da operação de um biodigestor que utiliza os gases poluentes resultantes da matéria orgânica em decomposição para produzir energia elétrica. “Temos um rebanho de cerca de 10 mil suínos e utilizamos seus excrementos para produção de energia. Assim, evitamos a emissão de gás carbônico e geramos um crédito que vendemos para indústrias japonesas e européias para que possam continuar normalmente com sua produção”, explica José Muratori.
Os biodigestores são aparelhos modernos que utilizam a tecnologia de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), avalizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), sendo apontados como solução para os problemas que advêm da criação de suínos: odor, atração de moscas, contaminação dos corpos d’água e lençóis freáticos por causa do lançamento de efluentes sem tratamento. Para se ter uma idéia, uma porca e suas crias produzem, por ano, o equivalente à queima de 1.580 litros de gasolina e gera 34 vezes mais volume de carbono que um ser humano.
A instalação dos biodigestores conta com recursos captados junto ao Banco Mundial (R$ 300 mil) e a investidores estrangeiros. Já o investimento na construção e manutenção cabe à Agterc, empresa fundada no Canadá e com sede na Irlanda, responsável por intermediar os créditos de carbono ou as chamadas “Reduções Certificadas de Emissões” (RCEs). Após 10 anos de uso, o biodigestor é passado ao produtor mediante o pagamento de um valor simbólico, conforme o contrato de comodato.
Para José Muratori, o projeto, além de render lucros à propriedade, é uma forma de contribuir com o meio ambiente: “O gás gerado e o biofertilizante ficam para nós e os créditos do carbono serão comercializados pela AgCert que irá nos pagar 10% ao ano pela seção dos direitos de uso e comercialização. Temos também que lembrar que o IEF está nos ajudando nesta empreitada, pois entende que é um beneficio para o suinocultor e para a população, que fica livre do odor, das moscas e da poluição provocada pelos animais”, diz José Muratori.
Com esta iniciativa pioneira na região, a Granja Itamuri irá gerar 120.000 KW ao mês, energia suficiente para abastecer uma população de, aproximadamente, 2 mil pessoas e isso tudo, vale a pena frisar, sem afetar a camada de ozônio do nosso planeta.