Em 13/04/2007 às 09h09
Entre os principais problemas de saúde pública no mundo destaca-se a Dengue que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), infecta, a cada ano, entre 50 a 100 milhões de pessoas em mais de 100 paises. No Brasil, devido às condições sócio-ambientais favoráveis, ocorreu a dispersão do vetor desde sua reintrodução em 1976, resultando no avanço da doença.
O último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde contabilizou, até 26 de março, 134.909 casos suspeitos em todo o país - 25% a mais que o total verificado durante o mesmo período, em 2006. Várias cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo já enfrentam uma epidemia de Dengue. Minas Gerais é o 5o estado com maior incidência de casos – cerca de 8 mil - e, infelizmente, Muriaé também entrou na mira do Aedes Aegypti, transmissor da doença.
Até agora, conforme divulgado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), existem 71 casos confirmados de Dengue no município e 306 suspeitos ou notificados. Os números, embora alarmantes em relação aos 24 casos confirmados em Muriaé, no último ano, eram previstos, conforme esclarece o superintendente da Funasa, Dionísio Bonfim: “Nós já esperávamos uma elevação no número de casos, já que tivemos algumas complicações no final do ano passado e início deste. Tivemos praticamente três enchentes, quando fomos obrigados a ficar parados por 20 dias, sem ter condições de executar ações de combate à Dengue. Neste período, os agentes se dedicaram à leitura e ao treinamento. Quem precisava estar atento ao foco, então, era o morador, verificando se as plantas, por exemplo, não estavam acumulando água”.
Uma outra explicação para a elevação do número de casos em 2007 é a questão da imunidade relativa, que diz respeito a quem contraiu Dengue em anos anteriores e, portanto, ficou imune pelo período de 03 meses a 05 anos. Como a avaliação destas situações foi feita em 2002, estas pessoas ficaram novamente suscetíveis ao mesmo vírus.
Muito se tem falado sobre uma possível epidemia de Dengue em Muriaé e, de acordo com a Funasa, a situação, embora confirmada pelo número de casos, não é alarmente, pois os pacientes estão sendo acompanhados de perto pela Secretaria Municipal de Saúde que, por sua vez, conta com total apoio da Secretaria de Estado e do Ministério da Saúde. Segundo os órgãos competentes, as notificações em Muriaé são bem clássicas, não havendo relatos de Dengue Hemorrágica.
Além de um maior monitoramento de seus funcionários, a Secretaria Municipal de Saúde tem intensificado suas ações locais, no intuito de chegar diretamente aos cidadãos. “O surto existe no país todo, conforme pode ser verificado no relatório do Ministério da Saúde. Nós estamos trabalhando no combate ao mosquito através dos agentes de saúde e da orientação à população, mas temos que, mais uma vez, pedir às pessoas que não deixem água parada em suas casas, nos quintais e terraços. Precisamos que a população trabalhe conosco para evitar novos casos em nosso município e na região”, explicou Dr. Marcos Guarino, Secretário Municipal de Saúde.
Não existem medicamentos antivirais para combater a Dengue; portanto, em casos de suspeita, a última coisa que deve ser feita é a automedicação, pois alguns componentes da fórmula, como o ácido acetilsalicílico-AAS (aspirina), pode causar hemorragias. Ao apresentar sintomas como dor de cabeça, dor nos olhos, músculos e juntas, vômitos e dores abdominais que levem à diarréia, é preciso que a pessoa procure um Posto de Saúde ou até mesmo a Secretaria para que possa ser feita uma notificação da doença. O Setor da Entomologia (que estuda a relação dos insetos com o homem) precisa desses dados para determinar atuações enfáticas nas áreas com maior proliferação do mosquito.
Como o tratamento da Dengue é apenas sintomático, o paciente deve tomar muito líquido para evitar desidratação e utilizar antipiréticos e analgésicos (sob prescrição médica), como medidas de rotina. No entanto, o mais importante são a mobilização e a conscientização popular no combate ao mosquito e, é para isso, que a Administração Municipal, através de sua Secretaria de Saúde e demais órgãos competentes, está trabalhando.
Ações concretas para o combate à dengue
Muitos dos programas nacionais implantados para o combate à Dengue tiveram baixíssima ou nenhuma participação da comunidade, o que pode ser apontado como uma das causas da dificuldade de se conter um vetor com altíssima capacidade de adaptação a novos ambientes.
Em Muriaé, a Secretaria de Saúde, através da Secretaria Estadual, investe na intensificação da aplicação do inseticida espacial (fumacê) e no treinamento de agentes para o trabalho de eliminação de focos e depósitos propícios à proliferação do Aedes Aegypti. “Estamos fazendo o que está ao nosso alcance, mas esperamos que a população também coloque isso como uma meta, porque Dengue não se combate só neste período, mas durante todo o ano. É preciso vigiar e cuidar. A melhor forma de combate ainda é a prevenção. Com cada morador tomando consciência de seu papel, é possível conter o alastramento”, alerta Dionísio Bonfim.
Em mais uma ação de incentivo à participação da sociedade nesta “guerra” e mobilização de todas as autoridades, os órgãos municipais de saúde se reuniram, na manhã de quarta-feira, dia 11, no Hospital São Paulo, para a criação de um Comitê de Prevenção e Combate à Dengue.
O trabalho do comitê será amplo, abordando desde a prevenção da doença até o acompanhamento da evolução dos casos existentes. Além de profissionais de saúde, o órgão irá contar com a atuação da Defesa Civil - na figura do Corpo de Bombeiros - e da Segurança Pública, representada pelo Tiro de Guerra. “Nós temos nossa preocupação com essa situação que Muriaé vive, já que também se trata de um caso de segurança pública”, justificou o Sargento Nezildo, do TG.
A próxima reunião do Comitê acontece daqui a dois meses, quando serão avaliadas as ações até então desenvolvidas.
À população cabe a conscientização e a tomada imediata de atitudes, de acordo com as medidas indicadas pela Secretaria de Saúde quanto à prevenção da Dengue, entre as quais, destacam-se: tampar grandes depósitos de água (tanques, fossas, caixas d´água); remover o lixo em volta das casas, enterrando-os ou queimando-os, quando permitido; solicitar o controle químico à Funasa (aplicação de produtos para matar as larvas em desenvolvimento); limpar os recipientes de água, entre outros.