Em 13/04/2007 às 08h52
Paixão e Morte de Cristo emociona milhares de fiéis
Uma viagem no tempo. Essa é a sensação que tomou conta – ao lado da emoção – das mais de seis mil pessoas presentes ao espetáculo “Paixão e Morte de Jesus Cristo”, encenado na noite da última sexta-feira, 06 de abril, no Parque de Exposições Lael Varella.
A história de fé e esperança que aborda os últimos momentos de Jesus já é uma tradição em Muriaé. Apresentada desde 1993, numa realização das Igrejas Católicas de Muriaé, dirigidas pela Paróquia do Dornelas. A encenação só vem crescendo com o passar do tempo – tanto no número de público, quanto de inovações, técnicas e colaboradores.
Para garantir a merecida beleza do espetáculo, o organizador do evento, Reinaldo Dornelas, acompanha passo a passo toda a produção, ao lado de sua esposa Márcia Olivier Dornelas. É essa dedicação que assegura a riqueza de detalhes da montagem do cenário, vestuário, sonorização e iluminação do evento, remetendo o público à época de Jesus.
Há 14 anos, o casal de organizadores acompanhou o nascimento da idéia no seio da própria família, quando o bairro Dornelas não constituía, ainda, uma Paróquia: “Foi uma ação na comunidade, durante a Semana Santa, quando o padre Carlos era nosso diretor espiritual. Nós trocamos idéias e executamos a encenação ali, na região da Rua Francisco Dornelas, próximo à Escola Orlando Flores”, conta Márcia Olivier.
Após dois anos seguidos de sucesso no bairro, “A Paixão e Morte de Jesus Cristo” já contava com um público maior e despertava a atenção de outras paróquias. “A assistência foi crescendo e o espaço não comportava mais o pessoal. Além disso, outras paróquias viram nosso trabalho e, como acharam muito bonito, disseram que não deveria ficar restrito ao bairro, mas ser apresentado para a cidade inteira. Então, procuramos vários espaços e o Parque de Exposições, onde trabalhamos há 12 anos, foi o que melhor acomodou o espetáculo”, explica a organizadora.
Nos primórdios do projeto, sua concretização contou com a ajuda financeira da comunidade do Dornelas; já nos primeiros seis anos de encenação no Parque de Exposições, o recurso veio de parcerias e das paróquias reunidas – Dornelas, Barra, Porto e Centro. De 2002 para cá a apresentação passou a contar com o apoio da Prefeitura, através da Fundarte e da Lei de Incentivo à Cultura. “Hoje ele é inviável sem esses apoios e sem parcerias com as firmas que nos ajudam. O espetáculo tem um custo alto, pois envolve muita gente e muito trabalho. Mesmo assim, aproveitamos muita coisa, muito material, roupa e madeirame”.
Na noite de sexta-feira, a platéia assistiu a três cenas, abordando a chegada de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia e a Sexta-feira Santa, com a traição de Judas, a Via-crúcis, a flagelação, crucificação e morte de Jesus.
A média de público, a cada ano, tem sido de seis a sete mil pessoas que, entregues à emoção, assistem à performance de 126 participantes, entre atores, ornamentadores e montadores da grandiosa estrutura. Márcia Dornelas destaca que todos os atores são amadores: “O mais importante para se dizer é que todos são pessoas que fazem parte de pastorais, ou seja, são realmente paroquianos que trabalham não apenas nesse dia de encenação, mas nas pastorais, em apoio diário à comunidade”.
Após a cena final da crucificação, os paroquianos formaram uma procissão que simbolizou o enterro de Jesus, despertando nos fiéis a esperança da ressurreição do Filho de Deus, no Domingo de Páscoa.