Em 28/03/2007 às 18h09
A primeira turma do Curso de Construção Civil, realizado pela Prefeitura de Muriaé, através da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e o Instituto Yara Tupynambá, chegou ao final. O curso capacitou 120 auxiliares de pedreiros e pintores em três meses de duração, com carga horária de 500 horas. Além de duas bolsas no valor de R$ 175 cada, os alunos receberam vale-transporte, alimentação e cesta básica. Ao final, cada formando recebeu um kit-ferramenta para trabalhar na construção civil. Também foi doado aos alunos um par de tênis, através do Serviço Voluntariado de Serviço Social (Servas), administrado pela primeira-dama do Estado de Minas Gerais, Andréia Neves. As aulas práticas do curso serviram para consertar 100 imóveis atingidos pelas enchentes de janeiro.
A Secretária de Desenvolvimento Social do Município, Eveline Amaral, falou sobre o evento: "Hoje é um dia de festa para estas quase 120 pessoas e para nós também, que estamos acompanhando desde o início aquelas três semanas de aulas teóricas e de motivação. Alguns acharam que boa parte da turma ia desanimar, mas aconteceu exatamente o contrário: a grande maioria, quase todos, estão aí. O sentimento é de missão cumprida. Todas as partes estão felizes. Os alunos foram capacitados com o curso, recebem hoje o certificado, a segunda parcela da bolsa. Nós, por proporcionar a eles esta possibilidade de capacitação. E ainda as pessoas que tiveram suas casas consertadas e pintadas".
Da catástrofe ao resgate
A Coordenadora Psicopedagógica do Curso, Vilma Andrade, comentou que em seus 20 anos de trabalho com qualificação profissional, o Instituto Yara Tupynambá, pela primeira vez, vê duas coisas acorrendo: primeiro, o município recebendo a qualificação profissional, tão importante para a inserção das pessoas no mercado de trabalho. Segundo, um trabalho social que foi acoplado a ele. “Junto com esta qualificação, as pessoas tiveram a oportunidade de resgatar um trabalho social e até um convívio social. Muitas destas pessoas inscritas no curso viviam à margem da sociedade, sem se preocupar com o apoio ou ajuda. Agora conseguiram transformar algo terrível que aconteceu nesta cidade, conseqüência de uma catástrofe muito grande, num trabalho de apoio. Isto é um resgate muito grande".
O professor do curso, Amauri Vieira de Souza, disse que, no princípio, havia uma resistência de alguns alunos. “Mas, com o passar dos dias, aconteceu o que a gente já esperava: a participação da grande maioria. Eles se encaixaram no que é um curso de construção civil e pintura".
Nunca é tarde para se fazer as coisas
Para o prefeito José Braz, o curso trouxe muitos benefícios para todos. "Se coisas como estas existissem há 50 anos, nosso país estaria muito melhor. Se tivéssemos educando e ensinando as pessoas há mais tempo, as o Brasil estaria melhor. Mas nunca é tarde para se fazer as coisas e Muriaé está cumprindo o seu papel. Aproveitando o término deste curso hoje, os alunos estão recebendo os seus cheques e um compromisso do governador Aécio Neves, por intermédio do Instituto Yara Tupynambá. Tenho certeza que este curso vai ser muito útil para estes jovens que se dedicaram e concluíram o projeto".
O deputado estadual Bráulio Braz, que trabalhou para que o curso viesse para Muriaé, falou: "É de passo em passo que vamos construindo a cidadania do nosso povo de Muriaé. Estamos lutando por coisas que parecem pequenas, mas que levarão a um grande resultado, grandes benefícios para toda a população do nosso município. Tivemos uma dificuldade muito grande com as enchentes de janeiro, mas temos toda a certeza que vamos conseguir melhorar a situação deste povo tão sofrido. Não somos culpados disto, mas somos responsáveis pela nossa cidade. Ao terminar este curso estamos mostrando que o poder político da cidade e do estado está realmente preocupado em melhorar a situação da população".
José Carlos Miranda Júnior, morador do Bairro Santo Antônio, comentou sobre o curso: "Achei bom porque aprendi muito e quero passar meus conhecimentos para os outros. Fiz o curso para ajudar as pessoas que foram atingidas pelas enchentes".
Aleilson Batista Pena, 21 anos, morador do Bairro Dornelas, que está realizando a reforma da sua própria casa, atingida pelas águas, falou: "Gostei muito do curso, das técnicas de aprendizagem e do material didático. Eu já tinha alguma experiência, porque o meu irmão é engenheiro e sempre tivemos uma ligação muito grande com a construção civil em nossa família. O curso me ajudou porque foi uma nova oportunidade, um novo horizonte que se abriu para mim, além de poder fazer uma economia muito grande, fazendo os reparos na minha casa, eu mesmo.