Em 02/03/2007 às 13h11
O intenso trabalho e a dedicação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social ajudam a vencer o estado de emergência causado pelas enchentes de janeiro e devolvem a milhares de pessoas atingidas pelas cheias o seu ritmo normal de vida.
Em Muriaé a maioria da população atingida pelas enchentes de janeiro já retomou ao seu dia-a-dia. Mas algumas famílias continuam precisando de assistência para se reerguer e contando com a ajuda da Prefeitura. O trabalho intenso da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, desde o primeiro momento em que as águas saíram do leito do Rio Muriaé, vem sendo um dos pilares importantes para devolver a estas pessoas o seu dia-a-dia.
Sob o comando de Eveline Amaral, a secretaria é a responsável pelo curso de capacitação de mão-de-obra para a construção civil, cujos 120 alunos vão trabalhar, durante suas aulas práticas, na reconstrução das casas atingidas pelas enchentes. Num ritmo bem mais lento, a distribuição de donativos também prossegue. Cestas básicas, marmitas, roupas, móveis e eletros-domésticos ainda continuam sendo distribuídos.
Mas um bom indicativo que a vida vai aos poucos retornando ao normal é a Escola Dom Delfim, na Barra. O lugar serviu como centro de arrecadação e distribuição de donativos. De lá, no auge da emergência enfrentada pela cidade, chegou a sair 2.200 marmitas diariamente, feitas pelas próprias cozinheiras da Prefeitura. A média foi baixando nas semanas seguintes para 1.800 marmitas e, atualmente, este número estabilizou em 50 marmitas.
A ajuda de centenas de voluntários e de entidades filantrópicas foi importantíssima e indispensável para vencer os momentos mais difíceis. "Somos profundamente gratos a todos aqueles que nos ajudaram a vencer os dias difíceis que passamos", agradece Eveline.
A secretária explica que há um cadastro que indica o grau de necessidade de cada família afetada pela enchente. Desta forma é feita a distribuição do que é arrecadado, sempre priorizando aqueles que precisam mais.
A população deu exemplo de solidariedade
A população muriaeense provou que é extremamente solidária. A quantidade de donativos foi grande. O tamanho da catástrofe teve como resposta o tamanho da solidariedade, que amenizou o drama dos atingidos. Após o papel determinante na vitória contra o estado de emergência que a cidade enfrentou, a Secretaria de Desenvolvimento Social vai voltando às suas atividades. Em breve, retornam os mutirões Faz e Acontece. Eles acontecerão nos bairros mais afetados pelas enchentes. Durante o mutirão, a população poderá tirar documentos, inclusive a Carteira de Identidade, na hora.
"Nosso trabalho está todo voltado para que tudo volte à normalidade o mais rápido possível", explica Eveline.
Um lar para os desabrigados mais necessitados
O número de famílias desabrigadas e que estavam sob a responsabilidade da Prefeitura de Muriaé chega a oito. Estas famílias estavam alojadas em locais como o Cefas, Albergue e Escolas, mas por causa do retorno das aulas, a Administração Municipal alugou casas para estas famílias. Todas elas perderam ou tiveram seus imóveis condenados. As casas alugadas foram mobiliadas com as doações. Essas famílias agora serão beneficiadas com o Projeto de Casa Própria, que construirá casas para estes desabrigados.
Segundo informação da secretária de Desenvolvimento Social, o prefeito José Braz autorizou que as residências dos desalojados mais necessitados fossem reformadas. O objetivo é que os reparos nos imóveis permitam o retorno das famílias. O curso de construção civil que vem sendo oferecido pela Secretaria vai permitir a reforma dos imóveis. Serviços de reconstrução, restauro e pintura serão disponibilizados.
Mesmo já vencidos os piores momentos, Eveline ressalta o fato de ainda haver famílias que necessitam de ajuda por um tempo indeterminado, pois são vitimas que tiveram tudo destruído pela enchente.
A credibilidade do prefeito foi crucial na obtenção de ajuda
É importante ressaltar que grande parte da ajuda recebida pelo nosso município dos Governos Estadual e Federal tem como fator primordial a credibilidade da atual administração. Tanto autoridades do Governo de Minas Gerais quanto da União mostraram-se bastante acessíveis e solidários em todos os momentos. Vale citar a presença e total apoio da Defesa Civil e da Cruz Vermelha. Mesmo não abastecendo o nosso município há mais de 10 anos, a Copasa não mediu esforços e se mostrou presente. No auge da crise havia quatro caminhões jateadores, além de seis caminhões-tanque ajudando a limpar a cidade. Também foram disponibilizados 1.200 copos de água.
Corpo de Bombeiros mostrou o seu valor com muita bravura
Vale destacar ainda a efetiva atuação do Batalhão do Corpo de Bombeiros de Muriaé, fundamental no atendimento aos atingidos com 2.046 chamadas durante o período das enchentes.
"Se não fosse a ajuda da Prefeitura, não sei onde eu estaria"
A Prefeitura Municipal de Muriaé alugou casas para as famílias mais necessitadas e que ficaram desabrigadas por conta das enchentes de janeiro. Algumas tiveram seus imóveis derrubados e até mesmo levados pela água. Outras tiveram suas casas condenadas pela Defesa Civil por conta do risco de desabamento. Após a cheia, estas famílias foram encaminhadas para abrigos montados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, onde receberam toda a assistência.
Depois que as chuvas pararam e as águas baixaram, foram providenciados imóveis alugados pela Administração Pública e cada família foi sendo encaminhada para os locais mais próximos de suas antigas residências. As casas foram mobiliadas com as doações recebidas e poderão alojar as famílias até a concretização do Projeto de Casa Própria, que construirá casas para estes desabrigados.
Entre estas famílias está a de Deuneide Maria da Fonseca Almeida, dona de casa e mãe de três filhos pequenos. Ela era moradora do bairro Aeroporto 2 e sua casa desabou com as chuvas. "Agradeço a Deus por essa atitude tomada pelo prefeito José Braz, pois perdi tudo e não tenho como pagar aluguel. Se não fosse a ajuda da Prefeitura, não sei onde estaria", conta.
Escola Dom Delfim retoma suas atividades normais
O "Quartel General" da arrecadação e distribuição de donativos aos atingidos pela enchente retoma suas atividades normais. O Centro Educacional Dom Delfim, antiga Febem na Barra, funcionou como depósito e distribuidor dos donativos às vítimas das enchentes. Na última semana, entretanto, os amplos cômodos que guardavam roupas, alimentos, móveis e eletros-domésticos, voltaram a abrigar a gráfica, fábrica de fraldas descartáveis e a padaria. O último lote de doações de roupas que estava guardado no Centro Educacional, ainda está sendo distribuído. Devido ao grande número de roupas recebidas, elas estão sendo enviadas não só para as vitimas da enchente, mas também para comunidades carentes.
Segundo a diretora do Centro Educacional Dom Delfim, Marlene Medeiros, todo o espaço está passando por uma limpeza. "Os pedreiros estão fazendo algumas reformas necessárias para que possamos receber as crianças do Centro Municipal de Atendimento ao Menor (CEMAN) na próxima segunda-feira", explica a diretora.
Para atender as quase 10 mil pessoas atingidas pela enchente foi montada uma grande estrutura. O Centro Dom Delfim ainda continua atendendo as vitimas da enchente. Constantemente caminhões saem carregados de donativos e, vez ou outra, ainda chega alguns veículos com mais doações.
Alunos do curso de capacitação começam aulas práticas com reformas nas casas atingidas pelas enchentes
Após 15 dias de aulas teóricas, os 120 treinandos do curso de capacitação promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE), a Prefeitura Municipal de Muriaé e o Instituto Yara Tupinambá, começam a reforma de 100 casas. As aulas práticas servirão para a qualificação profissional na área da construção civil dos alunos e, ao mesmo tempo, ajudarão as famílias atingidas pelas enchentes de janeiro.
Segundo o professor Amaury Vieira de Souza, inicialmente será feita uma pesquisa para ver a necessidade do material para a reforma em cada casa. Vânia César, arquiteta que se matriculou no curso, garantiu que aproveitou bastante os ensinamentos. "Depositei grande interesse neste curso e tive um ótimo aproveitamento", afirma.
A assistente social Roselene Tomas Peixoto acompanha o curso de perto e vê os resultados de uma forma bem positiva, com a possibilidade de qualificação profissional para os alunos que se mostraram interessados. "Agora, com a aula prática, teremos a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de cada participante". Os treinandos colocaram em prática o que aprenderam nas obras que serão realizadas nos bairros Dornelas, Santana e José Cirilo.
De acordo com a orientação do instrutor do curso, um representante do Instituto Yara Tupinambá verificou nestas localidades uma necessidade maior de intervenção.
Moradora aguarda por reforma
Maria Conceição de Almeida, moradora do bairro José Cirilo, teve sua casa coberta pela água até o teto. Ela ficou perdida diante da calamidade e atualmente se sente agradecida com a ação da Prefeitura Municipal em arrumar as casas que ficaram mais prejudicadas. "O que puder ser feito para nos ajudar, agradeceremos muito, pois não temos condições de fazer nada agora", conta.
Lista de doações para as pessoas da enchente
Cestas básicas: 9.480 unidades
Colchonetes: 3.808 unidades
Leite: 3.500 litros
Água: 2.400 Caixa (copos)
Lanches: 62.000 (leite e pão com manteiga / mortadela)
Produtos de limpeza e higiene: 2.500 kits (Vassoura, rodo, balde e sabão em pó)
Água Sanitária: 12.000 litros
Hipoclorito de Sódio: 4 caixas
Capa de colchão: 6 unidades
Cobertores: 2.783 unidades
Lona: 5 rolos
Roupas de cama e banho: 12.000 unidades
Alimentos: 5.493 kg
Utensílios domésticos: 3.380 peças
Camas: 47 (solteiro) / 25 (casal)
Roupas e calçados: milhares
Fogões: 254 unidades
Geladeiras: 96 unidades
Berços: 38 unidades
Carrinhos de bebê: 26 unidades
Mesa de cozinha: 8 unidades
Guarda-roupas: 14 unidades