Gazeta de Muriaé
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Em 24/10/2006 às 09h13

Projeto TIM traz Frei Beto a Muriaé

Frei Beto em coletiva para imprensa local

  O projeto TIM Estado de Minas Grandes Escritores leva autores consagrados para um encontro gratuito com a comunidade de cidades do interior.  Através desse projeto cria-se a oportunidade de acesso e conhecimento despertando nos participantes o interesse pela leitura.

  Já estiveram em Muriaé, através do projeto TIM, Marina Colasanti, em 2005 e em junho deste ano, Ignácio de Loyola Brandão, que falaram para centenas de pessoas presentes no Zaccarias Marques.

  No último dia 17 foi a vez de Muriaé receber o escritor Carlos Alberto Libânio Christo, que é popularmente conhecido como Frei Beto. Jornalista, antropólogo, filósofo e teólogo, o escritor também foi consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

  Com 53 livros publicados e mais algumas co-autorias, em 1985 ganhou o principal prêmio literário do Brasil, o Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, pela obra Batismo de Sangue. No mesmo ano foi eleito Intelectual do Ano pelos escritores, que também concederam a ele o prêmio Juca Pato.

  Em 2000 ganhou mais um prêmio Jabuti pela obra coletiva Mysterium Creationes, e em 2005, na categoria Crônicas e Contos, pela obra Típicos Tipos - perfis literários.

  Frei Beto atuou ainda como assessor especial do Presidente Lula e coordenador do Movimento Social do Programa Fome Zero no período 2003 e 2004.

  O escritor recebeu a imprensa de Muriaé e demais convidados na tarde do dia 17 para uma coletiva nas instalações da Biblioteca Municipal e na oportunidade comentou sobre suas obras destacando seu mais recente lançamento, "A Mosca Azul", que fala sobre o poder e a ética, fazendo um resgate da história política do Brasil nos últimos 40 anos e citou também "Batismo de Sangue", no qual narra a própria participação, juntamente com um grupo de frades dominicanos, na resistência a ditadura militar, que acaba de ser filmado, dentre muitas outras obras.

  O escritor destacou a situação educacional e cultural do país, como sendo prioridade: "o Brasil precisa passar por uma profunda reforma educacional, pois nossa educação hoje em dia está sucateada; basta dizer que apenas 5% dos alunos que chegam a 4ª série sabem redigir uma carta sem graves erros de concordância".

  - O nosso país só pode evoluir politicamente na medida em que ele evolui socialmente e a desigualdade social ainda é muito grande no Brasil, onde 70% da população vive com uma renda de até um salário mínimo; o atual governo com o bolsa família e com algumas políticas sociais fez avanços, mas ainda falta criar mais empregos e aumentar a produtividade, ou seja, só vamos reduzir a desigualdade social se o Brasil fizer a reforma agrária, ressaltou Carlos Alberto, que ainda destacou o Brasil como sendo o último país das três Américas a realizar a libertação da escravatura e lamentavelmente será também o último a fazer a reforma agrária.

  Questionado sobre sua relação com o Presidente Lula, de que seria seu guru e conselheiro particular, Frei Beto frisou: "Nunca fui guru nem conselheiro de ninguém, muito menos dele; nossa amizade teve inicio em 1980 e somos amigos até os dias de hoje".

  O autor disse não ter pretensão de nada com suas obras; "Quero apenas ser uma semente nesse imenso campo da vida humana e a minha maneira de jogar a semente se dá através da literatura, através da palavra falada e escrita; agora sobre o efeito que isso provoca, às vezes pessoas comentam comigo, que se sentiram tocadas com alguns textos meu e isso é satisfatório". O escritor disse adotar a seguinte frase: "O livro não muda o mundo, o que muda o mundo são as pessoas". Concluindo, o autor frisou: "A literatura tem o poder de mudar as pessoas, pois mexe com a cabeça delas".

Autor: Leonardo Castro



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