Em 24/05/2011 às 09h00
O extensionista do escritório local da Emater, José Libério Pinto, que acompanha de perto as iniciativas, afirma se tratar de "um modelo" de associativismo que tem gerado renda e agregado valor na produção. O leite produzido no local, por exemplo, ganhou em qualidade, após ser coletado e comercializado pela Associação. "O leite era inferior, pois era conservado em latões, o que aumentava o teor de bactérias. O preço pago aos produtores de R$ 0,60 o litro deixava a desejar", relembra Libério. Ele acrescenta que, atualmente o produto alcança R$ 0,75 por litro graças a cuidados que incluem além do resfriamento nos tanques adequados, a pesagem eletrônica e as análises do leite realizadas em laboratório da própria Aprussva.
O presidente da Associação, Claudinei Aparecido de Oliveira, informa que mais de 90 produtores do município garantem os cinco mil litros de leite coletados diariamente pela entidade. A maior parte é vendida para uma empresa de laticínio e o restante para uma fábrica de iogurte e de picolé de São Sebastião da Vargem Alegre.
A Associação, segundo o líder rural, conta com quatro tanques de resfriamento de leite. Dois deles foram comprados com recursos próprios, outro doado pela prefeitura e o quarto emprestado pelo laticínio comprador. Segundo Aparecido, os planos para o final deste ano incluem a retomada da fabricação de derivados lácteos como queijos e outros. "Já promovemos inclusive um curso de qualidade de leite", explica.
O estímulo à bovinocultura leiteira inclui também um projeto de inseminação artificial das vacas, que já conta com a participação de 20 produtores locais, treinados em cursos. Uma empresa patrocinadora da Associação doou um botijão de estocagem de sêmen e as primeiras crias nasceram.
"Algumas das fêmeas inseminadas já geraram bezerras com a genética voltada para maior aptidão leiteira", conta Libério. Um dos beneficiados foi o produtor Maurício Martins, que fornece 200 litros de leite ao dia para a Associação e parece não ter do que se reclamar. "O valor que recebo do leite é controlado e justo", diz. Martins, que também complementa a renda com a produção de café e de eucalipto, e que, já investiu não apenas na melhoria genética do gado, mas também em equipamentos e infraestrutura, pensa até em diversificar mais ainda. "A minha ideia é investir também no futuro em turismo rural", revela.
Tilápias e café
A produção de tilápias também está mobilizando o interesse de produtores de São Sebastião da Vargem Alegre. De acordo o presidente da Aprussva, mais de dez associados já estão investindo na piscicultura. Muitos aderiram após visitas a municípios vizinhos que já exploram a atividade e após ouvir palestras ministradas por técnicos da Emater-MG.
"Alguns estão criando peixes para consumo próprio e outros para vender", informa Claudinei Aparecido. O produtor João Barbosa faz parte de grupo que está adotando a criação de tilápias, apesar de ter na cafeicultura a atividade principal. "A piscicultura me ajuda a ter uma boa renda complementar", admite. Como ele só iniciou no ano passado, a primeira despesca aconteceu neste ano, com 2.200 quilos do peixe. A produção foi comercializada a R$ 6,00 o quilo.
A qualificação do café produzido no município é outra vertente do trabalho da Associação de Produtores Rurais de São Sebastião da Vargem Alegre, já que a maioria dos associados pratica a cafeicultura. Por isso, os produtores são orientados a adotar práticas como análise de solos e seleção dos vários tipos de cafés. A iniciativa vem animando a compra de equipamentos e os produtores pensam em contratar um degustador profissional de café para ajudar na tarefa, segundo Claudinei.