Em 04/04/2011 às 16h39
Mas ainda é pouco se considerado o potencial de mercado para o produto. De acordo com o coordenador de Pequenos Animais da Emater, Dirceu Alves Ferreira, o consumo de carne de peixe em Belo Horizonte é de 400 gramas por habitante por ano. E no interior de Minas, menor ainda: 100 gramas per capita/ano. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que cada pessoa deva consumir 12 quilos de pescado em 12 meses.
Mesmo com o baixo consumo, Minas Gerais ainda está longe de ser autossuficiente. Segundo dados do Ministério da Pesca, o Estado produziu cerca de 9,9 mil toneladas em 2010. "Minas é grande importador de pescado, principalmente surubim do Uruguai e merluza da Argentina, além de salmão do Chile. Consumimos também muito peixe da região Norte, como pacu, pintado, dourado e outros", afirma Dirceu Ferreira.
Para quem quiser investir na criação de peixes em cativeiro, o coordenador da Emater é otimista, visto que a atividade tem baixo custo inicial e boa lucratividade. Ele cita como exemplo a tilápia, um dos peixes mais produzidos tanto em tanques-rede quanto em viveiros escavados. "Em quatro metros quadrados, podem ser produzidos 1,2 mil quilos de peixe por ano, com rendimento aproximado de R$ 9.600,00. O custo de produção é de aproximadamente R$ 5.600,00, incluindo o tanque, os alevinos e os insumos para produção, no período. E cada tanque tem durabilidade de cinco anos".
Dirceu Alves ressalta, entretanto, que a atividade exige cuidados constantes por parte dos produtores. Por isso, o Governo de Minas oferece, através da Seapa e da Emater, capacitação para piscicultores em várias regiões do Estado. "A qualidade da água precisa ser monitorada diariamente para que esteja sempre em condições ideais para o desenvolvimento das espécies. Além disso, quinzenalmente é feita a análise do crescimento dos peixes e os ajustes na quantidade de ração. A piscicultura em cativeiro é uma atividade aparentemente simples, mas envolve acompanhamento diário para ser bem-sucedida", ressalta Dirceu Ferreira.
O coordenador da Emater ainda diz que o momento é promissor para o desenvolvimento da criação de peixes em cativeiro, com a expansão de criatórios de alevinos (filhotes) com boa carga genética, além da instalação em Minas de empresas produtoras de ração de qualidade.
Além da assistência técnica para os produtores interessados em iniciar na atividade, a Emater também executa um projeto de incentivo à piscicultura dentro do Programa Minas Sem Fome, projeto estruturador do Governo do Estado de combate à pobreza com ações produtivas no meio rural. Desde 2007, já foram beneficiadas diretamente 1,3 mil pessoas carentes com a implantação dos tanques-rede, que garantem carne de peixe para os produtores e suas famílias, além de renda extra com a venda do excedente.
"Os projetos são sustentáveis, ou seja, uma vez que a família é incluída no programa ela tem condições de garantir seu próprio alimento e ainda gerar renda para dar continuidade à produção. E todos os projetos têm licenciamento ambiental", assegura Dirceu Ferreira.
Para viabilizar o incremento da piscicultura através do Programa Minas Sem Fome, a Emater faz a doação dos tanques e de parte da ração para a criação de tilápias. Além disso, as famílias beneficiadas pelo programa têm acesso à tecnologia para a implantação dos equipamentos, povoamento dos tanques com os alevinos (filhotes) e acompanhamento da produção até a despesca (retirada dos peixes no ponto de consumo), que ocorre a cada seis meses. Os alevinos e parte da ração necessária para o desenvolvimento dos peixes são obtidos por meio de parcerias com as prefeituras municipais e com recursos dos produtores.
Todas as ações do Programa Minas Sem Fome são desenvolvidas por meio de associações ou cooperativas formalmente instituídas, formadas por produtores rurais de baixa renda. Os projetos são avaliados com base em critérios de adequação às regras do programa e de viabilidade técnica.