Gazeta de Muriaé
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Em 04/03/2011 às 15h14

Profissões consideradas masculinas sucumbem as mulheres

Foi se o tempo em que as mulheres se contentavam em casar, ter filhos e ficar em casa cuidando da família enquanto os maridos trabalhavam fora para sustentar a casa. Nos últimos 40 anos, as mulheres decidiram a ir a luta, em busca de oportunidades e nunca mais pararam. Desde então, elas vem se destacando em profissões que há tempos atrás, somente os homens dominavam. Em 2010, foi eleita a primeira mulher para comandar o país, mas antes disso, em vários setores, elas conseguiram seu espaço, com muito trabalho, dedicação e força para enfrentar os preconceitos de que mulher não pode exercer função de homens.


No final da década de 70, menos de um quinto dos advogados e médicos eram mulheres. Hoje, elas são quase metades dos profissionais dessas áreas. Algumas carreiras seguem altamente masculinas, mas, mesmo nelas, é possível identificar aumento da participação feminina. Entre engenheiros, por exemplo, a proporção foi de 5% para 11%. Entre os motoristas, o número de mulheres continua pequeno, o crescimento de 1978 a 2008 foi de 0,2% para 1,4%.


Em Muriaé, a taxista Cecília Mendes dos santos, de 63 anos, deixou muitas pessoas espantadas quando, há 19 anos atrás, decidiu ter seu carro e ser taxista. Ela explica que esta decisão foi tomada depois de trabalhar durante muitos anos no comércio da cidade e ver que as coisas não estavam indo bem. "Nunca fui vítima de preconceito. Desde que comecei a trabalhar como taxista, os outros motoristas sempre me respeitaram muito bem. Diziam que eu teria mais clientes por ser uma mulher, principalmente as mulheres iam querer fazer viagem comigo, já que confiam mais", conta.

Ela lembra que já trabalhou muito durante a noite nestes 19 anos de profissão, mas hoje em dia, só faz corridas até às 9 horas da noite. "Quando comecei nesta área, a necessidade de conquistar a clientela me fez trabalhar muitas vezes de madrugada, mas depois de um tempo, decidi fazer os meus horários para também poder curtir a minha família, os meus filhos, netos. Como as coisas estão também mais perigosas para nós taxistas, uma mulher trabalhando a noite, durante a madrugada... é muito arriscado". Segundo ela, já foi assaltada duas vezes, mas manteve a calma, conversou com os bandidos, entregou o dinheiro que tinha no carro e nada sofreu.


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Outra prova é de que as mulheres estão "invadindo" as profissões masculinas está no Pelotão do Corpo de Bombeiros de Muriaé. Dos 33 militares na corporação, três são mulheres, que despenham seu trabalho com a mesma força, disposição e eficiência dos homens.

Sargento Juliana, há oito anos como militar, reconhece que as mulheres realmente estão cada vez mais conquistando seu espaço, em profissões que a tempos atrás só os homens exerciam. "Quando decidi fazer o concurso para ser militar do Corpo de Bombeiros, muitas pessoas acharam um pouco estranho, porque quando se fala em Bombeiros, logo vem a imagem masculina, mas não desisti e resolvi seguir em frente, e graças a Deus, desde que entrei na corporação, nunca sofri preconceito. Eles sempre me receberam muito bem", revela.


Para a soldado Isabel, as mulheres realmente estão se destacando em profissões, que somente os homens exerciam alguns anos atrás: "É realmente gratificante, quando vemos mulheres se destacando em todas as profissões, mas quando se trata de atividades que somente os homens tinha a tempo atrás isso é muito bom, porque mostra que nós mulheres não somos tão frágeis e podemos desenvolver e exercer as mesmas profissões que eles com o mesmo empenho e entusiasmo", explica a soldado que esta a há dois anos nos Bombeiros. 


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Mesmo com as mulheres crescendo em profissões praticamente masculinas, com tantos avanços e apesar de possuírem nível de escolaridade médio superior aos dos homens, as mulheres recebem salário inferiores e é maioria no mercado de trabalho informal. As conclusões fazem parte de um boletim especial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, com base nos dados da pesquisa mensal de emprego. Segundo o instituto, as mulheres recebem, em média, 71,3% do rendimento dos homens. Mas essa diferença aumenta na proporção em que há melhora no nível salarial.

O rendimento das trabalhadoras com nível superior, por exemplo, equivale a 60% do recebido pelos homens com a mesma escolaridade. Ainda assim, entre as mulheres trabalhadoras, 59,9% tinham 11 anos ou mais de estudo em janeiro de 2008, contra 51,9% dos homens.


Mesmo assim a participação das mulheres no mercado de trabalho do país ainda é a mais alta da história, com um aumento de 18,4% na última década, o que representa 200 milhões a mais de trabalhadoras. Mas, no mesmo período, também aumentou o número de mulheres desempregadas: de 70,2 milhões para 81,6 milhões.O setor de serviços é o que mais emprega mulheres: em 2007, 46,3% das trabalhadoras estavam nessa área, seguida pela agricultura, com 36,1%.

Tags: especial, dia, mulher, desenvolvimento



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