Gazeta de Muriaé
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Em 28/02/2011 às 15h25

"Minha visão veio da necessidade de sobreviver"

Aos 88 anos, o empresário Wilson Pereira de Castro tem muita história para contar.

Wilson fala sobre negócios e mercado

Fundador da empresa Eureka Transporte, Wilson Pereira já viu de tudo nesta vida. Casado com a dona Yvone Campos de Castro, de 84 anos, ele levantou uma das empresas de maior prestigio da região. Casados há 58 anos, eles possuem quatro filhos, nove netos e quatro bisnetos.


Em entrevista ao gazeta de Muriaé, Wilson falou sobre as dificuldades de gerir uma empresa de transportes no século passado, quais são as principais características que ela deve ter no mercado e como foi concebida a Eureka, que possui mais de quatro décadas de existência.

Gazeta de Muriaé_ Sr. Wilson, como surgiu a sua visão administrativa para os negócios?

Wilson Pereira_ Veio da necessidade de sobreviver. Quando ainda adolescente fiquei órfão de pai. Minha mãe muito doente, entregou-nos para um dos meus tios. Mas minha inclinação para o comercio vem desde muito cedo. Vendia quitanda na região onde morava. Depois de verificar que não seria isso que eu desejava, decidi aprender um oficio. Havia na cidade um sapateiro, para quem me ofereci trabalhar em troca de apresentar a arte de fazer sapatos. Embora o referido sapateiro aceitasse a proposta, não me proporcionou chance para aprender o oficio. Foi então que chequei para meu tio, com quem morava, e lhe falei de um ousado plano: comprar ferramentas e material e ter a minha própria fabrica de sapatos. Perguntei se ele poderia me emprestar uma quantia de 10.000,00. Abri uma porta e comecei a confeccionar alguns sapatos. Passados dois anos, fui para Manhuaçu a procura de outro tio, a fim de pedir uma oportunidade para viajar como seu motorista, no propósito de aprender a profissão. Como recebi apoio do meu tio, fechei a oficina de sapatos e iniciei minhas viagens com um motorista. Tornei-me motorista, trabalhando e fazendo minhas economias. Adquiri um caminhão Ford, que possibilitou maiores experiência no ramo de transportes.

 

Gazeta de Muriaé_ Como era o setor de transportes há 40 anos?

Wilson Pereira_ Em 1947, a estrada Rio Bahia ainda não tinha asfalto e as dificuldades eram enormes. Na época das chuvas, ficava intransitável. Havia lugares, que só se conseguia passar colocando correntes, presas aos pneus. O que tornava a viagem perigosa e prolongada.

 

Gazeta de Muriaé_ O senhor é proprietário de uma das maiores transportadoras da região e uma das mais tradicionais do Brasil. Como nasceu a Eureka?

Wilson Pereira_ Em 1966 sai de uma sociedade denominada "Rodoviário Águia Branca" depois de 15 anos no ramo de transportes rodoviário de cargas fracionada. Devido a interesse em ter meu próprio negocio e atendendo apelos dos comerciantes da cidade de Muriaé e região, por um atendimento a altura, fundei a então conhecida empresa Eureka Transportes. Apesar das enormes dificuldades financeiras, uma forte concorrência, os filhos ainda pequenos, trabalhando com muito afinco, demos inicio aos trabalhos. Dentre as dificuldades, destaco a razão fantasia, EUREKA. A princípio nem pensava neste nome, apresentei vários outros, que foram rejeitados pela Junta Comercial, foi quando eu solicitei que verificassem o nome EUREKA, foi de primeira. Dei logo jeito de registrar a marca. Adquiri uma Kombi e solicitei a um pintor que pintasse a logomarca dentro de um oval.

 

Gazeta de Muriaé_ Qual a principal preocupação que empresas de transporte devem possuir neste ramo?

Wilson Pereira_ O Recurso Humano é o principal, mas é necessário também responsabilidade com a carga, responsabilidade social, garantir ao cliente atendimento de qualidade. Uma dose de perseverança, dedicação, muito trabalho e comprometimento também são importantes. Ter o pé no chão com as finanças e administrar de forma sabia os recursos é essencial.

 

Gazeta de Muriaé_ A Eureka é uma empresa familiar. Como o senhor vê a participação dos seus filhos num ramo que o senhor desbravou com muita luta?

Wilson Pereira_ Posso afirmar que até o momento me sinto realizado com a empresa que, como você mesmo disse, é familiar. A participação dos filhos e demais que entraram para a família foi indispensável e de suma importância para a consolidação do negócio. A começar de minha esposa Yvone, os filhos, Maria das Graças, Ângela Maria, Wilson Jr. e Elizabeth. Posteriormente chegaram os genros Mario Cavalier Vieira e Paulo Afonso. 

 

Gazeta de Muriaé_ Qual o principal dificuldade atualmente do setor de transportes?

Wilson Pereira_ São muitas. Posso destacar mão de obra qualificada, principalmente motoristas.

 

Gazeta de Muriaé_ Qual a expectativa para os negócios em 2011?

Wilson Pereira_ Creio que será igual ou melhor que 2010. Tudo hoje está ligado a decisões tomadas no âmbito do governo Estadual, Federal e até Exterior. É cedo para avaliarmos o que a nova presidenta (Dilma Roussef) tem em mente. A economia sempre dita às normas e nos temos que adequar às mesmas.

 

Gazeta de Muriaé_ Vocês também são conhecidos pela religiosidade e devoção a Nossa Senhora, além de realizarem novenas e eventos com os funcionários. Em sua opinião, qual a importância que a religião tem na vida das pessoas?

Wilson Pereira_ Posso dizer que a Fé tem sido para mim, para minha esposa Yvone especialmente e toda a família com o combustível é para os veículos que dia a dia transportam as mercadorias. Sou grato a Deus por tudo que Ele tem feito na minha vida, na de milha família e na empresa EUREKA.

 

Gazeta de Muriaé_ Como o senhor vê o desenvolvimento do setor de transportes na região?

Wilson Pereira_ Com a expansão da indústria, com o crescimento econômico, com o aumento da produção, com o surgimento de novos negócios, tudo contribui para este desenvolvimento que vai refletir diretamente no transporte. O PAC foi como um foguete de propulsão, facilitando o credita para todas as empresas. Se for mantida a política econômica, a expectativas serão cada vez melhor. Todos os seguimentos poderão alavancar ainda mais seus negócios, inclusive no ramo de transportes.

 

Tags: desenvolvimento, economia, rodovias, transporte



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