Em 10/09/2024 às 11h29
Foi deflagrada na manhã desta terça-feira (10), nos municípios de Laranjal e Muriaé, a Operação “Laranja Podre”, que investiga crimes praticados contra a administração pública. Estão sendo cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, quatro em Laranjal e um no Distrito de Bom Jesus da Cachoeira. A operação foi desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com apoio das Polícias Civil e Militar.
De acordo com o MPMG, após o cumprimento dos mandados, a apuração prosseguirá, e, se confirmados os indícios preliminares, os envolvidos poderão ser denunciados por crimes contra a administração pública, como corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa e prevaricação.
Um dos objetivos da operação é coletar elementos de informação para auxiliar nas investigações. Os alvos são as residências dos investigados, além da sede da Prefeitura Municipal de Laranjal e um galpão utilizado pela Secretaria Municipal de Agricultura.
Operação Catarse:
As apurações foram iniciadas a partir de elementos colhidos na Operação Cartase, desencadeada em 2021 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), regional Visconde do Rio Branco. Foram extraídas informações de um aparelho celular de um dos alvos, à época vereador em Muriaé, que davam conta de pagamentos feitos a agentes públicos da Prefeitura de Laranjal.
Em investigação específica instaurada a partir da ciência dessas transferências, está documentado que, durante o segundo semestre de 2021, por meio de uma empresa em nome da esposa do investigado, possível “laranja”, o então vereador fornecia, via convênio com a Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Pomba (Amerp), maquinário pesado para a Prefeitura de Laranjal.
Conforme o Ministério Público, além da utilização de possível empresa em nome de “laranja”, o foco das investigações nesse expediente tem relação com o fato de, mais do que fornecer o maquinário, o ex-vereador ter conversas diretas com o secretário municipal de Agricultura de Laranjal, alvo da operação desta terça-feira.
De acordo com as apurações, as conversas tratam de demandas sobre a execução dos trabalhos da empresa, como se o agente público fosse uma espécie de ajudante de ordens da pessoa jurídica de direito privado. Além disso, o ex-parlamentar teria feito uma transferência bancária para o secretário, também investigado, utilizando chave PIX em nome da filha do agente público.
O MPMG destaca ainda que, como se não bastasse, no mesmo período de tempo, há indícios de que o ex-vereador conversava diretamente com a secretária de gabinete do prefeito de Laranjal, também alvo da operação de hoje, a fim de conseguir que o município realizasse os pagamentos referentes ao serviço prestado pela empresa.
Foi apurado que, durante as conversas, em duas datas, após solicitar que a prefeitura realizasse o pagamento, o ex-vereador teria feito transferências de valores diretamente para a conta bancária da secretária de gabinete do prefeito.