Em 31/01/2011 às 09h27
Formado em Administração, Sérgio Henriques está muito além de um simples gestor. A frente da Fundação Cristiano Varella, entidade que trabalha com pessoas que desenvolvem o câncer, o profissional tem mostrado extrema competência ao administrar a fundação.
Em entrevista concedida ao Gazeta de Muriaé, Sérgio Henriques falou sobre a importância do tratamento, o atendimento que o hospital destina a seus pacientes e familiares e como as pessoas conseguem superar a doença e ter um pós-tratamento feliz.
Gazeta de Muriaé_ Sergio, fale-nos um pouco sobre suas experiências profissionais.
Sérgio Henriques_ Sou formado em Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Pós-graduado em Administração Hospitalar e Gestão de Negócios. Estou atuando na área hospitalar desde 1.988 atuando pela Sociedade Beneficente São Camilo, onde trabalhei em vários hospitais em Minas Gerais, inclusive Hospital São Paulo de Muriaé por um período de quase 6 (seis) anos. Estou a frente da Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer de Muriaé desde 2.002 quando assumi na fase final das obras e inicio de suas atividades.
Gazeta de Muriaé_ Hoje a Fundação Cristiano Varella atende há mais de 150 municípios de toda Minas Gerais. Como foi conquistar o mérito de um dos melhores hospitais oncológicos da América Latina?
Sérgio Henriques_ A nossa assistência é focada no paciente e seus familiares e isto faz o diferencial da Instituição, buscar sempre uma assistência humanizada, ou seja, "tratar as pessoas como gostaria de ser tratado".Este mérito tem que ser dividido com muitas pessoas. O deputado federal Lael Varella é uma delas, que através de seu trabalho na câmara federal consegue representar a instituição da melhor forma possível e liberar recursos fundamentais para alavancar o crescimento do hospital, pois o custo na oncologia é bastante elevado e não existe cobertura para todos os procedimentos.Outro fator determinante é também a garra e força de vontade dos nossos colaboradores, são eles, com entusiasmo e envolvimento, que fazem do Hospital do Câncer de Muriaé, uma instituição que é referência no país pela qualidade e pelos resultados.
Gazeta de Muriaé_ A principal especialidade que vocês trabalham é a oncologia. Como é lidar diariamente com uma doença que, em muitos casos, não consegue ser curada?
Sérgio Henriques_ Lidar com o paciente oncológico é muito especial. Quando eles chegam até o nosso hospital, não trazem só a patologia do câncer, mas uma carga emocional muitas vezes carregada de desânimo e desesperança que influência diretamente nos resultados do tratamento. Por isso, todos os nossos colaboradores passam por treinamentos contínuos para reforçar a importância da humanização, que hoje é o nosso grande diferencial.Além de toda estrutura e qualidade no tratamento, o HCM hoje é reconhecido como uma instituição altamente preocupada com o ser humano e sua integridade psicológica. A certeza disso nós temos através das nossas pesquisas de satisfação, que sempre apontam a humanização como um ponto forte do hospital.
Gazeta de Muriaé_ Como é a relação entre os pacientes e a Fundação?
Sérgio Henriques_ É uma relação muito forte. Estamos diretamente ligados a eles o tempo todo, desde a matrícula até a alta e o acompanhamento da evolução do tratamento. Nós temos a convicção de que trabalhamos para os nossos pacientes e existimos em função disso, ao mesmo tempo notamos que eles também percebem isto.
Gazeta de Muriaé_ O que o Hospital tem feito pela melhoria da saúde destes pacientes?
Sérgio Henriques_ Nós não pensamos somente na saúde dos nossos pacientes dentro da instituição. Através de uma equipe treinada e com um ônibus consultório, visitamos cidades de toda a região levando informação e exames preventivos para milhares de pessoas. Só no ano passado visitamos 29 cidades e realizamos 3.929 exames, entrepreventivos e PSA. As campanhas de prevenção da Fundação Cristiano Varella têm sido um sucesso e atraído a cada dia mais participantes.Mas obviamente que a nossa preocupação com os pacientes dentro da instituição também é muito grande. Por isso somamos esforços para oferecer o melhor tratamento, sempre com a melhor tecnologia disponível no mercado e com profissionais especializados, o que faz toda a diferença no tratamento oncológico.Nossa Casa de Apoio também dá cobertura integral ao paciente e acompanhante no tratamento na Radioterapia, com hospedagem, alimentação e assistência médica e demais profissionais da saúde, isto tudo gratuito.
Gazeta de Muriaé_ Muitas pessoas chegam a um estágio muito avançado do câncer, para depois procurarem ajuda. Você acha que este fato tem ligação com a falta de informação que as pessoas têm sobre a doença?
Sérgio Henriques_ Às vezes sim, mas acredito que a cultura de prevenção ainda não é muito comum entre nós, brasileiros. Outro fator agravante é também a dificuldade de acesso a exames simples, mas que podem identificar a doença em um estágio inicial, como a colonoscopia, por exemplo. Hoje o SUS não libera a quantidade necessária de exames deste tipo para atender a demanda dos pacientes, e isso é comum em todo o país, com vários tipos de exames.Os pacientes matriculados na instituição têm os exames garantidos graças às doações de toda região realizadas através do setor de telemarketing, que além de manter a Casa de Apoio, ainda consegue garantir praticamente 100% de gratuidade nesses casos.
Gazeta de Muriaé_ Além dos tratamentos, o hospital ainda faz trabalhos externos. Quais são eles?
Sérgio Henriques_ Sim, como havia dito anteriormente, temos as Campanhas de Prevenção, que chegam a vários municípios e conseguem fazer um trabalho muito importante até mesmo para o próprio país. A cada um real gasto com prevenção, nós economizamos cerca de dez reais com tratamentos, isso não só com o câncer.Realizamos encontros com os gestores municipais e profissionais da rede municipal de saúde com o intuito de mantermos um interação constante em nosso processo de assistência oncologica.
Gazeta de Muriaé_ Qual a melhor maneira das pessoas viverem após descobrirem que tem um câncer?
Sérgio Henriques_ Hoje nós já sabemos que o câncer, muitas vezes, não é mais o final da estrada. Graças ao avanço da medicina, da indústria farmacêutica e das tecnologias para o tratamento muitas pessoas já conseguem se curar e ter uma vida normal. A nossa primeira paciente pediátrica é um exemplo maravilhoso disso. Foram três tumores tratados desde os três anos de idade, logo no início das atividades do hospital, e hoje ela é uma menina saudável com uma vida normal.
Gazeta de Muriaé_ Foi lançada recentemente uma série no Brasil, pela HBO, que narra a história de uma mulher muda radicalmente sua vida após descobrir que tem um câncer raro de pele. Você acha que isso ocorre muito? As pessoas vêem a vida com outros olhos após a doença.
Sérgio Henriques_ Acredito que sim. Antes da noticia do diagnostico todo mundo só pensa na vida, em novos projetos e no futuro. Com a eminência do câncer, é natural que o medo da morte e a preocupação de uma vida interrompida tomem conta do paciente, por isso que o nosso tratamento é multiprofissional. Temos desde os médicos especialistas, até psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, dentistas, musicoterapeuta, fonoaudióloga e um esforço conjunto para tratar a doença e dar suporte às derivativas dela.
Gazeta de Muriaé_ Quais têm sido as novidades tecnológicas que a Fundação tem trazido para Muriaé?
Sérgio Henriques_ Esta é uma pergunta oportuna, visto que nós acabamos de receber, esta semana, um novo aparelho para o tratamento da teleterapia, o acelerador linear. Agora são três aparelhos de última geração à disposição da população. Só para se ter uma idéia, existem estados brasileiros que não possuem aparelhos, apesar da demanda. Hoje funcionamos com dois e com uma procura crescente, que obriga o nosso setor de radioterapia a trabalhar desde a madrugada para atender todos os pacientes sem fila de espera.Além da tecnologia, também estamos terminando a ampliação do ambulatório de triagem, uma obra feita com recursos próprios e vamos dar início à construção do Centro de Transplante de Medula Óssea e da construção de uma nova unidade de internação, com o apoio do estado e da união, com isso estaremos ampliando nossa capacidade de assistência oncologica em mais 100 leitos, ou seja, uma elevação de 70% no numero de leitos para clinica cirurgia e estruturação de uma Unidade de Cuidados Paliativos.