A partir do mês que vem, os vereadores de todo o Brasil, incluindo os de Muriaé, terão pela
frente um projeto a mais para votar em plenário – e não é,
necessariamente, um tema de interesse direto da população. Trata-se da
criação de 7.816 vagas nas câmaras municipais, das quais 836 em 236
municípios em Minas Gerais. O custo com
os novos parlamentares seria de pelo menos R$ 251,6 milhões por ano, R$
26,8 milhões somente com os mineiros, incluído o décimo terceiro e
levando-se em conta o piso salarial dos vereadores. Para que os cargos
estejam na disputa das eleições de outubro de 2012, basta a inclusão
deles na lei orgânica do município até setembro – um ano antes do
pleito. No país, há hoje 51.756 vereadores, total que pode subir para
59.572.
As novas cadeiras atendem à Emenda Constitucional 58, que
estabeleceu 24 faixas populacionais para a fixação da composição das
câmaras, e ao Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro passado, com o número
atualizado de habitantes dos mais de 5 mil municípios de todo o país. As
câmaras podem ter entre nove e 55 cadeiras – para cidades até 15 mil e
com mais de 8 milhões de habitantes, respectivamente. Mas as entidades
representantes dos vereadores alertam que, antes de atingir o número
máximo de cadeiras permitido pela Constituição a partir de 2013, os
vereadores devem levar em consideração os gastos com a nova composição.
É
que os salários dos parlamentares são vinculados aos dos deputados
estaduais e federais, ambos com reajuste de 62% a partir de fevereiro,
graças a legislação aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional. Em
razão do efeito cascata previsto na Constituição Federal, em janeiro de
2013, os vencimentos dos vereadores variarão de R$ 2.476,87 a R$
15.031,75 – mais uma vez é o número de habitantes que define o valor.
Logo, os atuais parlamentares terão que fazer muita conta para verificar
se o município terá como arcar com um gasto maior a partir da próxima
legislatura. Vale lembrar que, além do salário, há o gasto com os
gabinetes.
Para piorar a situação, a mesma emenda constitucional
que abriu a possibilidade de criação de mais vagas nas câmaras cortou em
um ponto percentual o orçamento do Legislativo, que passou a variar
entre 3,5% e 7% da arrecadação do município. Antes da emenda, os valores
variavam de 5% a 8% do orçamento da prefeitura.