Gazeta de Muriaé
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Em 27/12/2010 às 14h10

"Muriaé foi um dos maiores celeiros de grandes atletas"

Dominguinhos fala sobre seu tempo como jogador

Em mais de duas décadas jogando futebol, Domingos Wilson Abdalla do Amaral participou de grandes jogos com os principais esportistas da segunda metade do século XX. Casado com Zilmar Pires do Amaral, o esportista tem três filhos (José Wilson, Paulo Sérgio e Hilly) e sete netos (Yago, Pedro, Ana Luisa, Ana Clara, Yan, Alice e Joaquim).

Em entrevista ao Gazeta de Muriaé, Domingos falou um pouco sobre o tempo que jogou no Vasco e as vitórias que ajudou a conquistar para o time. Revelou como era o fanatismo pelos jogadores na década de 60 e disse que Muriaé sempre foi um lugar habitado por craques do esporte.

Gazeta de Muriaé_ Nos fale um pouco sobre a sua história junto ao esporte. É fã de praticar atividades físicas desde pequeno?

Domingos Wilson Abdalla do Amaral_ De forma resumida, nasci em Palma, minha terra natal. Aos cinco anos de idade, comecei a gostar de futebol. Com doze meus pais me mandaram para o Colégio Leopoldinense, onde estudei e durante dois anos fui titular da equipe infantil de futebol. Aos treze, quando minha família fixou residência em Muriaé, por convite feito pelo Dr. Olavo Tostes a meu pai, o advogado Wilson Alvim do Amaral, ingressei os estudos no Colégio São Paulo, oportunidade em que participei do torneio de classes. Naquele torneio, obtive destaque como jogador de extrema esquerda e minha equipe sagrou-se campeã. Sobressaindo no futebol, fui visto por dirigentes do NAC (Nacional Atlético Clube), quando receb oi convite para integrar o time juvenil dessa agremiação, tornando-me titular na posição de ponta esquerda. Aos quinze anos, fui elevado à categoria principal do time do NAC, na condição de titular, embora a equipe fosse formada apenas por jogadores profissionais. Neste período, a equipe de futebol do Clube de Regatas Vasco da Gama conhecida como "expressinho", em viagem à Itaperuna para realização de um jogo amistoso, determinou que um de seus diretores viesse a Muriaé, a partir de informações sobre a qualidade de meu futebol. Para formalizar o convite para participar desta partida como um dos integrantes da equipe do Vasco, em caráter experimental, tive a felicidade de fazer uma grande atuação e os observadores e diretores do Vasco da Gama, imediatamente, em decorrência da minha menoridade, conversaram com meu pai, solicitando permissão para minha contratação. Assim, com 17 anos de idade, fui contratado por um dos maiores clubes de futebol do país, o Vasco da Gama. Fixei residência no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1960, fui contratado por empréstimo ao CAM (Clube Atlético Mineiro), pelo prazo de um ano. Em 1961 fui contratado pelo Tupi de Juiz de Fora, com posterior retorno a Muriaé, onde encerrei minha carreira de jogador de futebol profissional com 37 anos de idade.

 

Gazeta de Muriaé_ Sobre a sua atuação no Vasco, tem algum momento marcante que pode compartilhar com a gente?

Domingos_ Sem dúvida alguma que o momento mais marcante foi o Super Campeonato conquistado pelo Vasco da Gama em 1958, numa campanha que entrou para a história. Foi grande a emoção de jogar ao lado de jogadores consagrados mundialmente, como Belini (que ergueu a taça de Campeão do Mundo de 1958), Barbosa (goleiro da Copa do Mundo de 1950), Olrando, Vavá, Almir, Brito (Campeões do Mundo em 1958), Pinga, Coronel e Rubens. Foi uma honra ter disputado partidas contra Pelé, Garrincha, Gerson, Ademir da Guia, entre outros.

 

Gazeta de Muriaé_ Hoje os jogadores de futebol são vistos como celebridade, coisa que não acontecia no passado. Como você vê esta popularização dos esportistas. Isso é visto por você como uma coisa positiva?

Domingos_ Na época que joguei futebol, a mídia não existia como nos dias atuais. A televisão ainda estava iniciando sua caminhada e as transmissões de partidas de futebol eram raras. O rádio dominava todas as transmissões esportivas e era o grande responsável pela popularização do esporte e dos jogadores. Mas a popularidade já existia, embora de maneira diferente, o que se era comprovado pelo grande público que lotava os estádios de Futebol. A popularidade era muito grande e os torcedores chegavam a se emocionar quando tinha a oportunidade de ver pessoalmente os atletas.

 

Gazeta de Muriaé_ Muriaé tem vários times de futebol e campeonatos, porém vemos que o setor de esportes não é muito incentivado no município. Na sua opinião, o que poderia ser feito para mudar este cenário?

Domingos_ Muriaé foi um dos maiores celeiros de grandes atletas. Numa época em que o principal combustível pelo desenvolvimento do esporte era apenas a paixão pelo futebol. Isto se comprova com nomes como Paulo Goulart (Fluminense), Marco Aurélio (Técnico de Futebol), Ronaldo (Flamengo e São Paulo), Adão (Goleiro do Flamengo), Igor, entre outros. No entanto, nos dias atuais, o futebol depende de investimentos. Desde a minha época e até hoje, os investimentos em futebol não existem em nossa cidade, sendo poucos os que contribuem para o setor. Sinceramente, conheço um outro modelo de apoio ao esporte, que é a dedicação e trabalho. Reconheço que vultosos investimentos no futebol são difíceis em função de outras prioridades outras prioridades para melhoria da qualidade de vida das pessoas.

 

Gazeta de Muriaé_ Você atua também como diretor do Nacional. Como você tem visto o desempenho do time na última temporada?

Domingos_ Não atuo como diretor do Nacional. Fui indicado como Suplente da Comissão de Obras do novo Estádio. Quanto à situação atual do clube, não posso opinar, pois tenho pouco contato com os atuais dirigentes. Com relação ao Estádio, estamos muito otimistas pela beleza e grandiosidade do projeto que, sem dúvida, será um grande presente ao torcedor muriaeense. É preciso registrar, no entanto, que o Nacional deverá adotar políticas voltadas para a geração de recursos para a manutenção do novo estádio, que vai demandar constantes investimentos.

 

Gazeta de Muriaé_ Além de futebol, você também é campeão na sinuca. Quais foram seus principais desafios no esporte?

Domingos_ Sim, tive a honra de ser Campeão Mineiro em 2004. Conquistei aproximadamente 100 torneios, mas meu maior desafio foi a participação de inúmeros campeonatos entre jogadores profissionais, como Rui Chapéu, Roberto Carlos, Miguelzinho e etc. Mesmo na condição de jogador amador, consegui importantes resultados. A maior conquista que obtive na sinuca foram as grandes amizades de todos os que admiram esse esporte em todo o Brasil.

 

Gazeta de Muriaé_ Existem várias crianças e adolescentes saindo de Muriaé para se tornarem jogadores profissionais. Você acredita que daqui a meia década teremos algum jogador famoso da cidade?

Domingos_ Jogador de Futebol é como diamante. Precisa ser lapidado. Se criarem em Muriaé divisões de base, não tenho dúvida que, com a qualidade de nossas crianças e com a tradiçao que temos no esporte, teremos grandes jogadores.


Gazeta de Muriaé_ Como tem visto os preparativos do país para a copa do mundo.

Domingos_ Com total otimismo, tanto no processo de renovação da seleção brasileira, quanto nos investimentos com as obras, embora ainda atrasadas. Esperamos comemorar o título mundial no Maracanã e para isso, é fundamental uma grande comunhão de esforços. O povo brasileiro não pode viver novamente a decepção da final de 1950.

 

Gazeta de Muriaé_ Temos visto muitas crianças se envolvendo com trafico, drogas e crimes em Muriaé. Uma política voltada ao esporte não seria uma forma de tirar estes menores da criminalidade?

Domingos_ Este é um problema mundial. Muriaé não se exclui desse quadro. A melhor política de combate as estas práticas e o incentivo aos esportes, além de uma formação familiar, educacional e religiosa de qualidade.

Tags: entrevista, esporte, futebol,



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