Em 20/12/2010 às 08h59
Graduada em Músicoterapia com mestrado em Educação, Gilca Napier é considerada a grande responsável pela evolução da cultura em Muriaé. A frente da Fundação de Cultura e Artes (Fundarte), desde 2005, a diretora do órgão foi a responsável, junto com a sua equipe, de abrir escolas de artes e trazer exposições e apresentações teatrais à cidade.
Em entrevista ao Gazeta de Muriaé, Gilca falou sobre as principais conquistas adquiridas nos últimos anos e quais os próximos passos da Fundarte.
Gazeta de Muriaé_ Nos últimos seis anos você esteve a frente da Fundarte. Quais foram as principais mudanças no âmbito cultural da cidade?
Gilca Napier_ Nós acompanhamos muito o movimento do Governo Federal em termos de políticas culturais. Somos um dos primeiros municípios do país a fazer um pacto com a federação e estabelecer uma política cultural no município. Inclusive, o nosso município, em termos de pesquisas, está muito bem classificado, porque em Muriaé possuímos uma política de cultura. O benefício maior é que podemos fazer uma política cultural baseada na realidade e nas verdadeiras demandas. Se não tivéssemos todos os conselhos de cultura na cidade e uma interação real com o público talvez direcionássemos nossos eventos erradamente e não correspondesse os anseios da população.
Gazeta de Muriaé_ No momento, quais são os principais projetos que a fundação está envolvida?
Gilca Napier_ Já estamos com todo o nosso planejamento montado para 2011 e 2012, onde estaríamos concretizando a frente desta administração. Toda a equipe da Fundarte participam de reuniões para a elaboração de um planejamento de todas as ações que deverão ser feitas até o final da gestão municipal atual. Outra novidade é que, com a sanção do Plano Nacional de Cultura, até Maio vamos criar o nosso Plano Municipal para dez anos. O objetivo será de encontrar com todos os produtores culturais da cidade para traçar este plano. Temos também a finalização, em 2011, da construção da Biblioteca Municipal Vivaldi Wesceslau Moreira e nossa meta até junho do próximo ano é abri-la com todos os equipamentos e até o segundo semestre do ano fazer o prédio funcionar como centro cultural. Queremos voltar com isso com a Sociedade Amigos da Biblioteca e criar a Academia Muriaeense de Letras, que seria a criação de um vínculo entre a biblioteca e os escritores. Isso nos ajudaria a colocar a literatura mais próxima do cidadão muriaeense.
Gazeta de Muriaé_ Além dos eventos artísticos, a Fundarte oferece também cursos de aperfeiçoamento. Como é este contato com os novos artistas?
Gilca Napier_ É muito bom. Quando começamos a nossa administração, em 2005, eu fiz uma pesquisa para o meu mestrado sobre a nossa Escola de Musica. Eu percebi com esta pesquisa que os grandes eventos trazidos para Muriaé através da Fundarte tinham pouco público. Então começamos a estudar como poderíamos atingir o público de Muriaé. Constatamos que as pessoas tem hábitos culturais, sendo que eles não são formados do dia para a noite. Percebemos que só conseguiríamos construir um público no município se começássemos na formação artística. Por isso, nosso primeiro passo foi criar todas as escolas de arte que possuímos hoje. Estamos formando um público que vai consumir nossas atrações. O que já temos percebido é que as crianças que participam dos nossos projetos já trazem os pais para participarem de eventos culturais.
Gazeta de Muriaé_ Atualmente a Câmara Municipal aprovou uma lei de incentivo para o turismo no município. Como ele será empregado e quais os benefícios que isso trará para Muriaé?
Gilca Napier_ Possuímos uma lei municipal de incentivo a cultura que não contemplava o setor do turismo. Vemos isso como uma vitória, já que a Fundarte também administra a pasta do turismo. Já devemos receber na lei alguns projetos para que possamos coordenar.
Gazeta de Muriaé_ Vocês estão a frente do Natal dos Sonhos, em parceria com a Prefeitura e a CDL. Como foi a organização das atrações?
Gilca Napier_ Desde 2005 temos trabalhado em conjunto com a CDL. A Fundarte prepara toda a programação cultural e a CDL apoia. Geralmente começamos reuniões sobre o final de ano em agosto e nos encontramos uma vez por mês. Em conjunto organizamos a iluminação da cidade. Este ano tivemos a facilidade de contar com projetos aprovados dentro do Circuito Cultural do Grande Hotel, como aconteceu na abertura, com a Orquestra da Grota.
Gazeta de Muriaé_ Vemos poucos investimentos para o audiovisual na cidade. Isso é reflexo de nossa cultura?
Gilca Napier_ É sim. O audiovisual é uma linguagem mais nova que inclui tecnologia e ainda não estamos preparados para lidar com ela, mas o audiovisual está incluído entre as prioridades para o próximo ano. Gostaríamos de, até julho, criar uma escola de audiovisual. Em Muriaé existe um grande público interessado no audiovisual e que já produz material. Para nos transformar em pólo audiovisual estamos incluindo Cataguases, Leopoldina e Miraí também. Não queremos somente ser uma cidade que produza determinado tipo de cultura. Queremos ser um pólo da cultura.