Receber um diagnóstico de câncer de mama é sempre um
momento assustador para qualquer pessoa. "É uma notícia muito forte e cheia de
estigmas", afirma a mastologista da Rede de Hospitais São Camilo Dra. Andrea
Cubero.
Segundo relatório do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama
continua figurando no topo da lista dos tipos que mais acometem mulheres no
Brasil. Só em 2020 foram registrados mais de 66 mil novos casos da doença.
"Quando recebi o diagnóstico, meu chão sumiu dos meus pés", relata Eliana Muniz
Nogueira, 66 anos. A paciente descobriu o câncer por acaso, quando procurou o
Hospital São Camilo para realizar uma cirurgia plástica para retirada de uma
prótese de silicone.
Há dois anos, Eliana fez uma mamografia, onde foi identificada uma possível
dobra no implante. O médico, na ocasião, recomendou que ela retirasse o
silicone, porém até o momento não havia sido detectado o tumor. "Eu não fiquei
preocupada à época, pois não parecia algo grave, pensei que se tratava apenas
de uma questão estética", lembra.
Mais tarde, no hospital, foram solicitados exames para a realização da
cirurgia, onde foi identificado que a "dobra" era, na realidade, um tumor. Dra.
Andrea destaca que muitos casos são descobertos assim, "sem querer", por isso é
tão importante fazer o acompanhamento regular.
Durante a pandemia, a especialista ressalta que muitas mulheres deixaram de
fazer seus exames de rotina ou, se fizeram, não realizaram o retorno com o
médico. "Isso, por si só, já causou um atraso de, pelo menos, 6 meses no
diagnóstico, fator que potencializa muito os riscos", explica.
Além do impacto da pandemia, a médica afirma que o medo e a incerteza podem
levar muitas mulheres a evitar o check-up periódico, fundamental para a
prevenção e diagnóstico precoce.
Para Eliana, que não esperava pela notícia ruim, todos esses sentimentos
afloraram no começo do tratamento. "A quimioterapia foi difícil, retirar a mama
foi doloroso, mas acho que o mais complicado mesmo foi lidar com as emoções
negativas que surgiram no princípio. Se eu não tivesse sido tão bem acolhida
como fui no Hospital São Camilo, o tratamento teria sido muito pior."
A mastologista frisa que os aspectos psicológicos precisam ser levados em
conta, fazendo toda a diferença no processo de tratamento. "O acolhimento é
fundamental para motivação e aderência ao tratamento. Uma equipe
multidisciplinar, que envolve um psicólogo, é muito importante, assim como o
apoio da família e à família desta paciente", destaca.
Prevenção deve ser
levada à sério
A especialista defende que a chave para derrubar esses números esteja na
prevenção e na desmitificação da doença. "Tem coisas que estão relacionadas com
o risco do câncer de mama que a gente não consegue mudar. O fato de ser mulher,
por exemplo, de ter um histórico familiar, entre outros fatores. No entanto, há
situações em que podemos e devemos interferir. Então, não é um jargão médico
falarmos sobre hábitos saudáveis desde a infância", afirma.
Isso porque a comunidade médica está cada vez mais convencida sobre o impacto
das atividades físicas, alimentação equilibrada e, principalmente, do controle
do peso na incidência do câncer de mama.
"Parece um discurso genérico, mas diversas descobertas vêm sendo feitas nesse
sentido, mostrando que a adoção de hábitos mais saudáveis pode fazer muita
diferença na prevenção da doença", ressalta a mastologista.
Lígia dos Santos, nutricionista do Hospital São Camilo, salienta que alimentos
ricos em fitoquímicos combatem os radicais livres, sendo um poderoso aliado na
prevenção do câncer. "Frutas, verduras, legumes, grãos e sementes contêm
substâncias como licopeno, isoflavona, resveratrol e betacaroteno, com
propriedades antioxidantes que são muito importantes para prevenir o
desenvolvimento de tumores."
As especialistas alegam que a adoção de um estilo de vida com mais qualidade e
equilíbrio é um ciclo virtuoso. "Uma boa escolha nos leva à outra, formando um
conjunto de novos hábitos que terão grande influência na saúde física e
mental", afirmam.
Segundo elas, um dos grandes vilões é a obesidade. "Hoje se sabe que o excesso
de peso está relacionado a diversos tipos de câncer. Além disso, nas mulheres
que tiveram o câncer de mama, os estudos mostram que a obesidade piora o
prognóstico e aumenta o risco de mortalidade", alertam.
Isso mostra que não é possível falar de prevenção de câncer de mama sem frisar
a necessidade de atuar no controle de agentes como o sedentarismo, consumo de
alimentos ultraprocessados e abuso de bebidas alcoólicas, entre outros.
Eliana, que está na fase final do tratamento, alega que promover esta mudança
para um estilo de vida mais saudável é recompensador. "O câncer me ensinou a me
amar, a amar a vida e a cuidar mais de mim. Hoje, eu entendo a importância
disso e tenho mais consciência daquilo que meu corpo e minha mente precisam
para ter mais saúde e qualidade de vida", finaliza.
Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo
A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo é composta por três hospitais
modernos na capital paulista, nos bairros da Pompeia, Santana e Ipiranga, além
de um outro em Cotia, especializado em reabilitação e Cuidados Paliativos.
O da Pompeia é acreditado pela Joint
Commission International (JCI).
As Unidades prestam atendimentos de emergência e eletivos em mais de 60
especialidades, cirurgias de alta complexidade e transplantes de medula óssea,
além de oferecerem cerca de 800 leitos e um quadro clínico de mais de 4,3 mil
médicos qualificados.
Os quatro hospitais privados da Rede subsidiam as atividades de outras 40
unidades administradas pela Sociedade Beneficente São Camilo e que atendem
pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) em 15 estados brasileiros. No
Brasil desde 1922, a Sociedade Beneficente, que pertence à Ordem dos
Ministros dos Enfermos, fundada por Camilo de Lellis, conta ainda com 25
centros de educação, dois colégios e dois centros universitários.