Gazeta de Muriaé
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Em 25/09/2020 às 22h36

Eleições Municipais: a Importância do Plano de Gestão e de Desenvolvimento Local (PGDL)

Nicélio Amaral Barros (Historiador e Doutorando em História Econômica pela Universidade de São Paulo - USP. nicelio@usp.br)

Dando sequência ao texto da edição passada, a respeito da importância das eleições municipais, abordarei neste artigo a importância vital de uma nova cultura política nas gestões das cidades.
Penso que a raiz dos problemas governamentais nos municípios brasileiros reside no nosso sistema fragmentado de gestão, caracterizado por decisões unilaterais e quase sempre sem diálogo com as partes envolvidas. Prefeito não é um Deus; é um gestor com as suas devidas responsabilidades. Todavia, no Brasil, pensam ser o dono da cidade.  
Falta à maioria dos prefeitos brasileiros a capacidade de dialogar. É um traço genético do nosso sistema político. Autoritarismo, centralização em demasia e pouca capacidade para a busca de convergência.
Na maioria das vezes, os principais grupos que disputam o poder executivo municipal têm, na prática, poucas diferenças políticas. Almejam apenas o controle da cidade. O poder pelo poder.
Quase nunca (e há mil desculpas para tal) o Programa de Governo é cumprido. Passadas as eleições, torna-se apenas um documento registrado no Cartório Eleitoral sem nenhuma eficácia.
Desse fato, somado à passividade política da maioria dos vereadores, resulta uma ineficiente gestão da máquina pública, que somente poderá ser corrigida através da montagem de um real Plano de Gestão e de Desenvolvimento Local (PGDL). Não existe outro caminho. 
Como na maioria das vezes, a vontade torna-se sonolência, "o novo sempre envelhece rapidamente". E, novamente, o discurso democrático de ouvir a todos continua quimera. Prevalece o mandonismo, o patronato, a coisa pública como privada. 
Neste contexto, devemos aceitar que depende essencialmente de nós mesmos a mudança na configuração desse quadro. Se a população se envolve nos Conselhos Municipais, nas Associações de Moradores e passa a cobrar o PGDL do prefeito, além de sua fiscalização pelos vereadores, os políticos passam a ficar atentos. "Opa, esse povo não é tão bobo assim".
Está comprovado que nos municípios onde a população se faz presente enquanto gente - e não gado - os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário funcionam de maneira muito mais responsável. 
Sem ódios ou preconceitos, temos que buscar convergências políticas para a definição de um grande e eficaz PGDL de longo prazo, a ser implantado pelos nossos representantes em diferentes mandatos governamentais com uma única visão de Município, mesmo que componentes de diferentes partidos políticos. O ódio político e o descompromisso das pessoas com a cidadania constituem os piores ingredientes para o desenvolvimento de todo e qualquer Município.
O prefeito passa, o Município fica. Melhor, igual ou pior. Daí a importância de um PGDL que abarque um fio condutor que possa perpassar os mandatos eleitorais. Não é possível a continuidade de uma cultura política onde se troca de plano gestor como os times de futebol trocam de técnicos. Independente de novas ideias, o normal é que o prefeito municipal guie o seu mandato embasado no PGDL. 
Municípios no mundo inteiro que agem desse modo, se desenvolvem. É uma questão de ciência política, de planejamento. 
Estou certo de que, uma vez implantado o PGDL nos termos que apontamos, poderemos alcançar - Muriaé e demais Municípios da região da Serra do Brigadeiro - uma posição ímpar no cenário estadual, visando a retomada de soberano crescimento econômico e social, uma vez que reunimos as melhores condições territoriais para esse desenvolvimento, em termos de recursos naturais, abundância de reservas aquíferas, ausência de grandes desastres naturais ou conflitos sociais graves, clima adequado e favorável relação área/população.
Do contrário, o novo será sempre o velho. Mais do mesmo. O troca-troca costumeiro.
 


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