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Em 12/08/2020 às 11h05

É TÃO FÁCIL ENGANAR O POVO!

Nicélio do Amaral Barros (Historiador e Doutorando em História Econômica pela Universidade de São Paulo - USP. nicelio@usp.br)

"O brasileiro é rebelde nas palavras e fraco nas ações"
(Sérgio Buarque de Holanda)

Cidadania e demagogia são antônimos.

Persiste no Brasil a tradição colonial do "apadrinhamento". A democracia é para os "amigos do rei". Funciona assim desde a implantação das primeiras Câmaras Municipais, no Nordeste do século XVI.

Pouca coisa mudou no ambiente político brasileiro desde então, passando pelos regimes políticos Colonial, Reino Unido, Monarquia e República.

Os projetos educacionais falidos têm muito a ver com isso. Gerações após gerações, continuamos no passado. Apesar do brasileiro se achar esperto.

Política é para ficar rico. Controlar o rebanho através de migalhas, esmolas e administrações tacanhas.

Qualquer presidente, governador e prefeito sabe que "Memória" não é o forte da população. Vale o momento. Vai-se enrolando o povo com desculpas financeiras - o famoso "fazendo caixa" - e, a poucos meses de uma eleição a torneira começa a ser aberta.

É uma fórmula simples, mas que funciona há séculos.

Politicamente o brasileiro é passivo. Passivo demais. Deixa-se levar por qualquer discurso de alguém que conhece como colocar as palavras.

Nossas Câmaras Municipais não funcionam nem como Casa fiscalizadora, muito menos como Casa Legislativa. Não age como Poder independente. Apenas como estrebaria do Poder Executivo. A maioria dos vereadores recebem as benesses do prefeito e atuam como cabos eleitorais do mesmo. Não foram eleitos para isso. Mas é assim que funciona.

Quem define mesmo a linha da gestão municipal são os assessores de pesquisa e de marketing. Adequam discursos, formam linhas de pensamento, forçam verdades discutíveis e traçam uma linha de inauguração de obras que deixam a população anestesiada.

No fundo (ou no raso), vale as palavras de paulistas e paulistanos sobre o megaladrão Paulo Maluf:
"Rouba, mas faz";
"Estupra, mas não mata";
"Esse dinheiro na minha conta não é meu".

Quase todos os gestores públicos brasileiros, sobretudo prefeitos, são pequenos projetos de Maluf.

Ao sacar a "alma", o "jeito de ser" dos brasileiros, torna-se muito fácil engana-los.

Mas o "X" da questão está na Educação". O projeto de desqualificar a profissão de Professor, de "engessar" os conteúdos de ensino, de alimentar discursos de ódio a respeito de "partidarização" e de dar adjetivos como "balbúrdia" às Universidades, tem um viés claro: destruir o potencial da educação enquanto formadora de uma geração crítica.

80% do que aprendemos nas Escolas praticamente não nos serve para nada. Nosso cérebro "vomita" tais conhecimentos, inúteis no nosso dia a dia.

Enquanto isso, temas como a economia real, a demagogia política, o uso e distribuição de recursos públicos, nada disso é ensinado e debatido. Enquanto formadora de gerações pensantes, a nossa Escola morreu. Serve apenas para "preparar" para o mercado.

De tão claro o projeto de "Emburrificação", passa batido. A maioria não percebe. Os pais não estão preparados para essa discussão. Milhões de alunos repetem (e não são evidentemente culpados por isso), a máxima do "Seu Boneco":

- "Que hora que é a merenda? "

E assim, a elite fica mais elite. As demais classes, subalternas. E segue o "apadrinhamento". Infelizmente. Desde a lamparina até a época das "lives". O pior dos ignorantes é o bobo que se acha esperto. O que faz piada da própria desgraça. Mas, "tá tudo dominado! "

Para mim, continua valendo a premissa: "Todo ser humano faz história, mas a maioria absoluta não sabe". Quem tem ciência disso, "deita o cabelo". Mesmo sendo careca!



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