Gazeta de Muriaé
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Em 14/12/2006 às 18h25

Uma outra visão do mundo...

Drª Prisicila Botelho

  Há pouco mais de um ano, acompanhamos através de uma novela transmitida em rede nacional, os problemas enfrentados por portadores de deficiência visual. Foi possível conhecer um pouco mais das dificuldades e ver o que tem sido feito para amenizar tal situação.

  Em uma entrevista concedida à Gazeta, o músico e colunista Alexandre Reis nos falou sobre preconceito: “já fui vítima de preconceitos, mas tão vítima quanto qualquer outra pessoa. Afinal, os preconceitos estão aí e ninguém escapa deles; uns por causa da condição financeira, outros por causa da cor da pele, ou porque são de um determinado grupo religioso, político, cultural, etc. A maioria das pessoas vivem presas aos padrões convencionais estéticos, comportamentais e sociais estabelecidos e tudo o que está fora desse padrão é colocado como subcategoria. Então, muitas vezes, em função desses valores enlatados, elas terminam subjugando a própria moralidade e também a dos outros. Ouvi outro dia uma frase que se encaixa bem ao que estou querendo dizer: "as pessoas são capazes de perdoar mais facilmente um buraco no caráter de um homem do que um buraco na roupa dele". Tudo isso é uma grande hipocrisia. Tem muita gente por aí que enxerga uma mosca do outro lado da rua, mas não enxerga a um milímetro do próprio nariz as bobagens que fala e as incoerências que comete e, isso sim, é uma verdadeira deficiência de visão".

  Nos dias atuais já e possível encontrar uma vasta tecnologia dirigida ao público portador de deficiência visual, como por exemplo, existem inúmeros equipamentos e softwares destinados às pessoas que não enxergam. Entre eles: programas de voz, que permitem o acesso ao computador (incluindo internet), programa este que lê "tudo" o que está sendo exibido na tela.

  Existem ainda equipamentos monitorados por satélite, como já inventaram uma bengala orientada por GPS. Há pouco tempo foi desenvolvido nos Estados Unidos um óculos que "permite a um cego enxergar". O equipamento funciona, mais ou menos, de modo que há uma câmera acoplada aos óculos. Esta câmera envia as imagens para um micro computador, que a pessoa pode carregar consigo. O  computador então codifica as imagens e as converte em sons, enviando-os a um fone de ouvidos. Existe ainda o GPS falado, que informa à pessoa cega a direção, localização e coordenadas geográficas gerais em forma de áudio, transmitidos também a um fone de ouvidos.

  No campo das leis e direitos públicos, já existem leis e decretos em vigor, voltados a todo tipo de acessibilidade. Em Muriaé não há nenhum trabalho efetivo; pelo menos nenhum que realmente esteja ajustado às reais necessidades de quem não enxerga. Segundo Alexandre, não há nem mesmo estatísticas na cidade sobre o número de deficientes.

  É pequeno o numero de deficientes trabalhando em repartições públicas. Eles existem, mas poderiam ser em maior número - existe uma lei que garante uma determinada quantidade de vagas para deficientes em instituições públicas.

  Há ainda muito que ser feito aqui em Muriaé pelos deficientes visuais. Há algum tempo, foi oferecido por Alexandre, um projeto de informatização da biblioteca local, totalmente adaptada para pessoas de baixa visão, ou mesmo cegas. O projeto teria o suporte da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na qual participa, desde 1997, de um projeto pioneiro no Brasil, reconhecido internacionalmente, o qual é responsável pelo desenvolvimento do software falado que é utilizado pelo mesmo. Porém, infelizmente não manifestaram nenhum interesse.

  Segundo a oftalmologista Priscila Botelho, existem dois tipos de deficiência visual; a cegueira, que no caso é a pessoa que não possui visão nenhuma e o caso da visão subnormal, onde a pessoa tem desde uma percepção luminosa até uma visão baixa capaz de não deixá-la fazer nenhuma atividade.

  Tanto a cegueira como a visão subnormal, pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade, pode ser rápida ou lenta como um glaucoma ou catarata. A deficiência visual acaba interferindo em habilidades e capacidades do paciente, atacando não só o mesmo, mas também aos familiares, que vão ter que se adaptar a um novo perfil de vida.

  “É importante que as mulheres grávidas façam o pré-natal corretamente, pois toxoplasmose e rubéola nos três primeiros meses de vida causam deficiência visual na criança e compromete o sistema nervoso central, mas principalmente a visão”, destacou a oftalmologista.

  Ao nascer, a criança deve ser levada ao oftalmologista, pois é no período infantil que já podem ser diagnosticados alguns casos e curados; “a criança que nasce com uma mancha branca no olho, no caso trata-se de um catarata congênita, e é importante que se procure o médico imediatamente para dar inicio ao tratamento”.

  A ambliopia, um caso que ocorre quando a visão é baixa em alguns dos olhos, nesse caso, o olho não tem nada, mas não tem visão, isso se dá ao fato de ter um grau muito diferente do outro, ou por ele ser estrábico. A ambliopia tem correção até os oito anos de idade. E sua cura se dá através da prescrição de óculos e uso de tampão para o olho bom, estimulando a visão no de baixa visão.

  Uma doença muito comum no Brasil e principal causa da cegueira no país é o glaucoma, que atinge a qualquer idade, principalmente acima dos 40, e deixa a pessoa cega, sem que sinta nenhum sintoma, por isso a importância de se medir a pressão dos olhos.

  Não se deve apertar os olhos e coçá-los; o correto é fazer exame de vista pelo menos uma vez por ano nas crianças e adultos; caso haja alguma doença, o médico deve estabelecer um período mais curto para consultas: “é importante ressaltar que o exame de vista, não é só ver óculos, e sim medir a pressão, ver fundo do olho, pois uma serie de patologias podem ser deixadas de lado”, concluiu Dra. Prisicila.

Autor: Leonardo de Castro

Fonte: Leonardo de Castro



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