Em 16/06/2009 às 17h46
FUNDAÇÃO promove palestra com artista do Cirque Du Soleil
Fenômeno de público e de apresentações performáticas com qualidade técnica e visual, o canadense Cirque du Soleil é mundialmente reconhecido por sua gigantesca estrutura, criatividade e corpo profissional - elementos que se unem para promover um espetáculo que emociona e encanta, deixando o público com um gostinho de quero mais.
Durante a turnê “Alegria”, estreada no ano de 2007 e vista por mais de 10 milhões de pessoas em 15 países, o Cirque du Soleil contou, em sua trupe de 55 artistas, com a atuação de apenas um brasileiro, Marcos de Oliveira Casuo, na pele de um palhaço que acabou consagrado como o personagem mais carismático do espetáculo. Foi no ambiente do circo mais famoso do mundo, onde começou como acrobata, em 2001, que Casuo desenvolveu sua veia cômica, aprendeu sobre disciplina, respeito aos colegas de trabalho e amor ao próximo.
E para compartilhar tais experiências, o paulista, de 35 anos, esteve em Muriaé, na tarde da última terça-feira (09), a convite da Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer, onde ministrou uma palestra e um workshop para cerca de 500 pessoas, entre representantes da própria Fundação, do Hospital São Paulo, do Prontocor, da Casa de Saúde Santa Lúcia, da Amil, além de outros profissionais da saúde da região. “Convidamos pessoas das instituições co-irmãs para compartilhamos, juntos, dessa lição de vida que nos traz Marcos Casuo, a quem muito agradecemos por estar aqui, gratuitamente, atendendo a um nosso convite”, comentou o diretor-administrativo da Fundação Cristiano Varella, Sérgio Henriques.
Segundo ele, o principal objetivo da vinda de Casuo à cidade é a promoção de uma consciência de grupo e de uma necessidade de humanização profissional, especialmente na área de saúde: “Este é um trabalho de marketing que a Fundação Cristiano Varella já vem realizando há algum tempo. Temos o Daniel Bizzon que está com alguns projetos e a apresentação do artista Marcos Casuo é o primeiro destes projetos. Trata-se de uma pessoa de competência nacional e internacional, que agora visita e passa a conhecer o serviço da nossa instituição e, por outro lado, traz sua experiência de vida, sua vivência de circo e do trabalho em equipe”.
Em sua palestra, Marcos Casuo contou um pouco de sua trajetória até chegar aos palcos do Circo du Soleil, onde atuou por oito anos. Ainda jovem, ele interessou-se por ginástica olímpica e teatro, aprendeu a dançar break, capoeira e a fazer acrobacias. Trabalhou como office boy, mecânico e garçom e, aos 17 anos saiu de casa e foi viver em São Carlos. No interior de São Paulo, conheceu o Grande Circo Popular do Brasil e seu criador, o ator Marcos Frota, passando a atuar como malabarista, acrobata e palhaço por nove anos. Ali começou a relação com este tipo de arte que, para muitos, estava fadada a desaparecer: “É difícil você não se apaixonar pelo circo. Desde criança, eu era muito engraçado, mas sempre curti um pouco de esporte. Depois, vi como era gostoso representar e percebi que tinha uma veia cômica. Assim, pedi a Deus que me desse o dom da arte. O aplauso para mim é um beijo na alma do artista”, revelou Casuo.
O artista também emocionou a platéia ao falar sobre a importância dos sonhos e da valorização do ser humano: “Na verdade, estudei para ser um advogado ou um médico e acabei me tornando um “doutor da alegria”. Minha vida mudou muito desde que encontrei o Circo do Marcos Frota, onde descobri inúmeras possibilidades, principalmente em questão de valores, de dar importância à vida, não apenas desejando vencer, mas de fazer o que gosto e o que faz outras pessoas felizes. Foi assim que cheguei ao Cirque Du Soleil, acreditando nos meus sonhos. Eu acredito na possibilidade de sonhar e de levar esperança aos outros”.
Afastado há seis meses da trupe canadense, Marcos Casuo foi convidado para participar de o “Ovo” (com a coreógrafa brasileira Deborah Colker), uma das esquetes que compõem o espetáculo “Quidam” do Cirque Du Soleil, que inicia sua terceira turnê pelo Brasil nesta sexta-feira (11). No entanto, ele preferiu continuar se dedicando ao projeto de palestra e workshop, intitulado “Trabalho em Equipe e Humanização”, uma atividade filantrópica, apresentada, principalmente, em hospitais do câncer. O artista mantém, ainda, o espetáculo “UC - Universo de Casuo”, através do qual se empenha para transmitir as mesmas emoções do circo tradicional aliado às inovações do novo circo. Outro grande sonho é a televisão, onde pretende fazer um humor nos moldes de Renato Aragão (Didi Mocó).
Ao final da apresentação de Casuo, o público, emocionado com a sensibilidade e com a simpatia do artista, mostrou-se revigorado para novos desafios, o que, de acordo com o diretor-administrativo da Fundação, é fundamental em qualquer atividade: “Temos trabalhado constantemente para a capacitação dos profissionais para o dia-a-dia de trabalho, uma vez que essa é a uma atividade profissional bastante estressante. A Fundação pretende trazer sempre uma novidade, no intuito de facilitar ainda mais o ambiente de trabalho. Um dos exemplos é a atuação dos “Doutores da Alegria” e dos demais colaboradores que realizam um trabalho importantíssimo aqui no hospital. Tudo isso só vem a somar ainda mais em nosso trabalho”, frisou Sérgio Henriques.
Por sua vez, a troca com a platéia também trouxe novos ânimos ao artista paulista, que confessou sentir-se feliz, não só em compartilhar a alegria com os pacientes dos hospitais que visita, mas com todo o público que assiste as suas palestras e apresentações. “Perdi meu pai por causa do câncer. Eu sempre estava em contato com ele e ficava feliz toda vez que me ouvia ou só em poder me ver. Às vezes, não podemos curar, mas podemos amenizar tanto a dor do outro... Hoje, aqui, tínhamos centenas de pessoas e, com certeza, muitas delas tinham algum tipo de dor ou problema, mas, durante esse tempo em que estivemos juntos, ninguém pensou nisso e todos saíram daqui com uma bagagem. Esse é o meu retorno”, finalizou o eterno palhaço Marcos Casuo.